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Segurança dos pacientes começa pelos cuidados com trabalhadores da saúde

Preservar a saúde e o bem-estar dos profissionais da saúde é fundamental para assegurar a segurança dos pacientes, especialmente no enfrentamento à pandemia de Covid-19. No Dia Mundial da Segurança do Paciente (17/09), a OPAS/OMS Brasil apresentou três experiências desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde (APS) que demonstram a importância do autocuidado entre os trabalhadores da saúde para reduzir os riscos aos pacientes.

Durante a live Cuidar de quem cuida: a segurança do Trabalhador da Saúde como uma prioridade para Segurança do Paciente, profissionais que atuam na capital paulista e nos municípios de São Bernardo do Campo – SP e Uberlândia – MG compartilharam iniciativas que garantem um ambiente mais seguro de trabalho durante a pandemia. A atividade integra as ações da campanha regional da OPAS/OMS intitulada Trabalhadores de saúde seguros, pacientes seguros.

A coordenadora da Unidade Técnica de Sistemas e Serviços de Saúde e Capacidades Humanas da OPAS/OMS no Brasil, Mónica Padilla, observou que o Dia Mundial da Segurança do Paciente foi estabelecido em 2019, levando em conta a quantidade de problemas que o paciente pode ter, relacionados a falhas no diagnóstico e tratamento em diferentes locais. “Com o advento da pandemia, a segurança do paciente está ainda mais conectada à segurança do trabalhador, reforçando o entendimento de que os profissionais de saúde precisam cuidar de si mesmos para poder cuidar das outras pessoas. Neste marco da Covid-19, quem está mais exposto são os trabalhadores da saúde.”

A professora da Universidade de Brasília, Helaine Capucho, que participou da implementação de programas de Segurança do Paciente em mais de 40 hospitais públicos universitários e de ensino brasileiros, reafirmou a necessidade de autocuidado entre os profissionais da saúde em um cenário de pandemia. “Concordo que nós temos condições, muitas vezes, precárias de trabalho, em várias instituições. Muitas vezes, o profissional de saúde precisa de vários empregos para se sustentar, e isso faz com que fique estressado, cansado. Será que esses profissionais também não teriam que pensar: eu sou frágil, eu erro, e eu também tenho que me proteger para proteger outras pessoas”?

Segundo a professora, o tema deste ano para a campanha da OPAS/OMS vai muito além do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), por exemplo. “Estamos falando de segurança do profissional no sentido de sentir-se seguro para trabalhar, estar bem para trabalhar. É necessário trabalhar também a saúde mental, saber que a pessoa tem problemas em casa”.

Capucho citou um estudo sobre a economia com a segurança do paciente, realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que aponta que, a cada dez pacientes atendidos, quatro sofrem com eventos adversos. Destes, 80% são evitáveis.

As experiências divulgadas pelo Portal da Inovação na Gestão do SUS participam da iniciativa APS forte no SUS no combate à pandemia, promovida pela OPAS/OMS no Brasil e o Ministério da Saúde.

Educação continuada no Triângulo Mineiro

Em Uberlândia –MG, o surgimento da Covid-19 reforçou a preocupação com a segurança dos pacientes e dos profissionais na APS. A Secretaria de Saúde do município implantou um programa para divulgar e adaptar as metas de segurança ao contexto da pandemia e estimulou a adoção de boas práticas de cuidado.

As principais metas foram identificar corretamente o paciente, melhorar a comunicação entre os profissionais, administrar corretamente medicamentos e vacinas, assegurar a segurança dos procedimentos, melhorar a higienização das mãos e manter o ambiente seguro. Segundo a enfermeira e supervisora de Educação Continuada da APS na SMS de Uberlândia, Vanessa Cristina Bertussi, foram realizadas 5,8 mil horas de capacitação dos profissionais entre março e junho. Bertussi contou que as equipes passaram a demonstrar a preocupação com o usuário na postura de cada profissional e perceberam que a adoção de uma cultura de segurança é um esforço coletivo e integrado, que deve ser frequentemente abordado em educação permanente.

Veja a apresentação

 

Cuidado coletivo no ABC Paulista

As estratégias de cuidado coletivo aos funcionários da APS em São Bernardo do Campo – SP durante a pandemia foram elaboradas a partir de um processo de construção que contemplou o planejamento de novas ações, mas também o resgate histórico de ações anteriores. Thalita Nuez, terapeuta ocupacional na equipe do NASF, explicou que as práticas foram selecionadas após um sorteio prévio, onde foram definidas as alternativas mais votadas: práticas corporais – alongamento, relaxamento, percussão corporal e Liang Giong – e café coletivo, um espaço de livre circulação e entretenimento.

Foram desenvolvidas, ainda, práticas de meditação e dinâmicas grupais. Nuez observou que um dos aspectos mais importantes na implantação das estratégias de segurança foi a percepção, por parte dos profissionais, de que ao mesmo tempo em que eles cuidam dos outros, também precisam ser cuidados.

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Saúde mental e acolhimento na capital paulista

A expertise dos trabalhadores e a supervisão da equipe técnica embasaram um projeto de cuidado aos trabalhadores do SUS em São Paulo – SP, visando à manutenção da saúde mental e ao acolhimento dos profissionais. De acordo com o terapeuta ocupacional e gestor do CAPS IJ Penha, Danny Martin Van de Groes, foi promovido um trabalho de escuta qualificada, atentando ao cuidado e às notas técnicas sobre Covid-19.

A metodologia envolveu pactuação com gestores, convite aos apoiadores, encontros semanais, atividades prioritariamente grupais, acolhimentos individuais, garantia de sigilo, supervisão semanal para os apoiadores e articulação de rede de suporte. Durante 15 semanas de acompanhamento, foram ofertados 45 serviços para mais de três mil funcionários.

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Assista ao debate na íntegra – https://youtu.be/42Te465jIWU

Saiba mais sobre a iniciaitva APSForte no SUS no combate à pandemia

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