No Brasil, a APS já se mostrou indispensável para a operacionalização e a efetivação dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde a criação do Programa Saúde da Família (PSF), posteriormente transformado em Estratégia Saúde da Família (ESF), a APS brasileira alcançou cobertura de mais da metade da população brasileira, reduziu a mortalidade infantil e as internações por condições sensíveis e possibilitou a ampliação do acesso a serviços de saúde para populações vulneráveis do ponto de vista social e sanitário, conforme demonstrado na literatura. Entretanto, existe ainda grande heterogeneidade na qualidade da atenção prestada no SUS, assim como persiste o desafio de ampliar o acesso e a capacidade de resposta frente a novos e velhos agravos que caracterizam a saúde no Brasil.
O caminho para qualificar o SUS no Brasil é, indiscutivelmente, o fortalecimento da APS – prioritariamente de seus atributos essenciais, como definidos por Starfield, a saber: acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação; e também de seus atributos derivados – orientação familiar e comunitária e competência cultural. Só a efetivação desses atributos como estratégia de saúde é capaz de ampliar a capacidade da APS de resolver problemas e de prepará-la para assumir a responsabilidade pela saúde da população.