APSREDES

Projeto MAME: estratégias para a implantação das Unidades Básicas Amigas da Alimentação

A prática da amamentação natural é a forma de nutrição que mais favorece o crescimento e desenvolvimento do neonato, devido as suas vantagens nutricionais, imunológicas e psicológicas.

Zilda Maria Santos, técnica de enfermagem

 

 

Para qualificar os profissionais de saúde a incentivar a amamentação durante todo o percurso da gestante na atenção primária até os dois primeiros anos da criança, foi desenvolvida a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM), com o Projeto MAME (Movimento em prol do Aleitamento Materno), no município do Rio de Janeiro. As unidades de saúde participantes promoveram mudanças no processo de trabalho para o acolhimento humanizado e qualificação da assistência prestados às gestantes. Também foi potencializada a captação de leite humano para doação ao hospital maternidade parceiro.

O projeto começou nas unidades de saúde da Penha (CAP 3.1), zona norte do Rio de Janeiro,  e sensibilizou os profissionais em relação à importância das ações voltadas para a amamentação. Segundo dados do projeto, entre 2014 a 2018, foram acompanhadas 21 unidades de saúde, sendo cinco certificadas como IUBAAM, e destacados 12 postos de recebimento de leite humano.

A captação da gestante e puérperas sem agendamento prévio, a realização de consultas odontológicas para todas as gestantes e de atividades de grupos associados ao pré-natal e amamentação foram reestruturadas nas unidades de saúde participantes. A promoção da doação de leite materno, assim como a divulgação dos direitos e deveres da gestante e adequação da agenda do pré-natal dos profissionais também são metas do projeto.

“Os profissionais são motivados por meio de capacitações a trabalharem a metodologia do IUBAAM com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços prestados e sensibilizar a população em relação à importância do aleitamento materno, assim, é possível realizar um acompanhamento de qualidade e integral com a gestante e a criança. A sensibilização dos profissionais em relação à amamentação e à aceitação das mudanças dos fluxos internos da Unidade foram fundamentais para o sucesso no processo de Certificação da Unidade”, relata Alessandra Requena, enfermeira e uma das autoras da experiência.

Segundo as autoras, o projeto MAME reduziu a mortalidade materna, neonatal e infantil na área de abrangência da CAP 3.1 e melhorou os seguintes indicadores da saúde da mulher e da criança: captação da gestante precoce; oferta de no mínimo sete consultas de pré-natal; garantia de acolhimento mamãe bebê; captação do bebê para realização do teste do pezinho até o quinto dia de vida; visita domiciliar do ACS até o quinto dia após o parto; monitoramento da vacinação até os seis anos; consultas de puericultura de acordo com o preconizado, a cada dois meses até o segundo ano de vida; oferta de consulta para criança até seis anos; acompanhamento odontológico das gestantes e crianças.

Outra conquista do projeto é a adesão dos(as) acompanhantes/rede de apoio das gestantes nos grupos mensais de pré-natal e da participação dos pais no grupo mensal da paternidade que tem como diferencial a oferta de cuidados voltados para a saúde do homem e saúde bucal.

Devido a fragilidades do primeiro nível de atenção e das condições socioculturais e econômicas do território, os profissionais de saúde se deparam com muitos desafios para garantir a continuidade do cuidado, dizem as autoras. “Tem sido um grande desafio sensibilizar a população brasileira sobre a importância dessa prática. As crianças brasileiras até iniciam a amamentação ao peito no primeiro dia de vida, mas a taxa de desmame precoce é alta. Outros fatores também comprometem o AME, como: práticas inadequadas nos serviços de saúde, profissionais que não abraçam a causa da amamentação ou sem capacitação continuada para sensibilização sobre a importância da amamentação e seus desafios, e a falta de apoio da gestão a nível municipal e estadual”, explica Requena.

Fonte – Informações cedidas pelos autores.

“A prática da amamentação natural é a forma de nutrição que mais favorece o crescimento e desenvolvimento do neonato, devido as suas vantagens nutricionais, imunológicas e psicológicas. A cultura brasileira de oferecer água, chá, sucos, leites artificiais e outros alimentos ao lactente, nas primeiras semanas ou meses de vida, comprometem o Aleitamento Materno Exclusivo (AME)”. Zilda Santos, técnica de enfermagem e uma das autoras da experiência.

Os benefícios da prática do aleitamento são tantos para a criança quanto para a mulher. Reduz a probabilidade de ocorrência de câncer de mama, favorece a involução uterina mais rápida levando a diminuição do sangramento pós-parto e o retorno ao peso pré-gestacional mais precoce. Além da contribuição do leite materno na qualidade de vida familiar e social, a prática reduz as chances de morbimortalidade infantil, traz vantagens de ordem econômica e ecológica, e fortalece o vínculo entre mãe e bebê.

Em 1981 foi implantado o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM), com o objetivo de reverter o desmame precoce. O PNIAM proporcionou discussões, articulações e mobilizações de diversos segmentos da sociedade brasileira que contribuíram para a normatização do alojamento conjunto nas maternidades; ampliação da licença maternidade para 120 dias; implantação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC); formalização da Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes (NBCAL); instituição da Semana Mundial da Amamentação (SMAN) e da constituição da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano (RNBLH).

Ficha Técnica: Projeto Mame: Estratégia para a implantação das Unidades Básicas Amigas da Amamentação

Ampliação do escopo de práticas

Melhoria do acesso aos serviços de saúde
Redução do tempo de espera nas consultas
Maior adesão ao tratamento, gestão de sintomas e utilização dos serviços Efetividade clínica na atenção aos usuários/pacientes
Maiores níveis de satisfação do usuário, unidos a uma atenção mais personalizada, a provisão de informação e uma
maior dedicação no tempo consulta

Zilda Maria de Almeida França Santos
Alessandra Flores Gonçalves Requena

Desde o ano de 2000, a Secretária Municipal de Saúde do Rio de Janeiro vem investindo na implantação da Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM), que visa a promoção, proteção e apoio á amamentação na rede
Básica de Saúde. O Projeto MAME (Movimento em Prol do Aleitamento Materno Exclusivo) foi desenvolvido na CAP 3.1 no segundo semestre de 2014 pela profissional técnica de Enfermagem Zilda Santos. 
A autora Alessandra faz parte da equipe da Zilda Santos, atua como Gestora na Clinica da Família do Rio de Janeiro á 10 anos.
A Coordenação da Área Programática CAP 3.1 abraçou a ideia e da suporte para o projeto MAME.

Leia mais…