APSREDES

Resultado Preliminar
1.1 Título da experiência

Promoção da alimentação saudável na horta da Unidade Básica de Saúde: potencialidades

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Mariana Braga Stevenson pesquisadora UNIFESP São Paulo
Natália Aquino pesquisadora UNIFESP São Paulo
Fabiana Santos Silva Beltrame agente de promoção ambiental SPDM São Paulo
Thais Rascio Surian nutricionista SPDM São Paulo
Rafael Quintino da Silva coordenador de Sustentabilidade e Interlocutor do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis, PAVS, Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, Programa de Atenção Integral a Saúde São Paulo
Luciana Yuki Tomita pesquisador UNIFESP São Paulo

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina
Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, Programa de Atenção Integral a Saúde

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
SP São Paulo

1.5 Região do país

Sudeste

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Luciana Yuki Tomita professor e pesquisador São Paulo

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 1 - EAN no campo da Saúde

1.8 Público participante da experiência

AdultosComunidade em geralIdososMulheres

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

saúde
Unidade Básica de Saúde
ASSISTÊNCIA SOCIAL
EDUCAÇÃO
Escola Pública
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
OUTROS
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de estarem livres da fome
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
universalidade
integralidade
equidade
intersetorialidade
participação social
apoio ao desenvolvimento sustentável

Por favor justifique/comente sua resposta

As oficinas são conduzidas na unidade básica de saúde ou escola de ensino infantil do território que tem a horta. As oficinas são voltadas para os pacientes com excesso de peso ou doenças crônicas. Mas, foram divulgadas para outros públicos pela demanda solicitada pela comunidade.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Objetivo geral: Avaliar o impacto da horta comunitária na alimentação e na saúde dos usuários com doenças crônicas atendidas nas unidades básicas de saúde do município de São Paulo, um estudo exploratório. Objetivos específicos: – Descrever as características sociodemográficas, econômicas e de estilo de vida, estado nutricional e medidas antropométricas segundo os grupos de estudos no momento basal; – Descrever a frequência de consumo alimentar, acesso de alimentos, práticas de habilidades culinárias segundo grupos de estudos no momento basal e após intervenção; – Comparar as mudanças nos indicadores bioquímicos e pressão arterial entre os dois grupos; – Comparar as mudanças no consumo alimentar, acesso de alimentos, práticas e habilidades culinárias entre os dois grupos; – Comparar as mudanças no IMC, circunferência da cintura e peso no início e após as atividades de educação nutricional entre os dois grupos; – Comparar as mudanças na qualidade de vida, estado de ansiedade e depressão entre os grupos de estudo.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

I - Sustentabilidade social, ambiental e econômica
II- Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VII- A diversidade nos cenários de prática
VIII- Intersetorialidade
IX- Planejamento, avaliação e monitoramento das ações
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
São abordadas nas rodas de conversa: – comensalidade, – níveis de processamento de alimentos, leitura de rótulos, – produção sustentável, agricultura familiar orgânica, produção local, – plantas alimentícias não convencionais (apresentação, forma de preparo e degustação), – consumo integral dos alimentos com degustação, – sazonalidade, – escolhas alimentares saudáveis, – sustentabilidade, – produção própria de hortaliças e tubérculos: compostagem para produção de substrato e distribuição de mudas de hortaliças para manutenção e consumo próprio.
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS1 - Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 4- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
ODS 10 - Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
ODS 13 - Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos
ODS 15 - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
ODS 16 - Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
Dados de inquéritos nacionais têm mostrado a associação positiva entre renda e consumo de verduras, legumes e frutas. Com o aumento da prevalência de insegurança alimentar agravada com a pandemia de COVID-19, aumento da prevalência do excesso de peso e as doenças crônicas associadas e a sindemia global, é necessário dar acesso à alimentação saudável, a custo baixo e sustentável. O local adequado para esta ação é na atenção primária à saúde do Sistema Único de Saúde. Baseada na estratégia do Nudging theory, os pacientes da unidade básica de saúde levam para o domicílio mudas de hortaliças e recebem orientações sobre compostagem e manejo das plantas.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência
Sim
descreva rapidamente
Os pesquisadores do presente estudo conduziram um estudo de coorte durante a pandemia de COVID-19 para avaliar a prevalência e a persistência da insegurança alimentar na comunidade em situação de vulnerabilidade social próximo ao território da unidade básica de saúde. Observou-se que apenas oito porcento dos domicílios encontravam-se em segurança alimentar. A qualidade da alimentação foi prejudicada nas primeiras semanas após o início da política de distanciamento social para o controle da pandemia de COVID-19. (DOI: 10.1017/S1368980020005261, https://pesquisa.bvsalud.org/global-literature-on-novel-coronavirus-2019-ncov/resource/pt/ppcovidwho-329440)
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
As prioridades foram estabelecidas baseadas nos estudos primários conduzidos pelos pesquisadores do presente estudo e resultados dos inquéritos nacionais prévios e durante a pandemia de COVID-19. Observou-se a urgência em propor ações para dar acesso aos alimentos saudáveis para a população com enfoque principal os grupos socioeconômicos de menor renda e escolaridade atingida. Além disso, a inflação dos alimentos comprometeu mais a renda. Portanto, orientar sobre o consumo integral dos alimentos, plantas alimentícias não convencionais (PANCs), economia no orçamento praticando as habilidades culinárias e noções básicas de manejo de hortaliças e temperos se mostraram como possibilidades para promoção da saúde.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?
Sim
sim, em quais etapas e como participaram ?
Foi conduzido um estudo piloto para testar a viabilidade do tema, dinâmicas, os questionários, duração e compreensão dos participantes.
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN
Sim
Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Roda de conversa para estimular trocas de saberes e experiências prévias com preparações culinárias saudáveis, cultivo de hortaliças e temperos e seu manejo e forma de consumo. Como há um estímulo para desenvolver as habilidades culinárias, os participantes trocam receitas de preparações culinárias saudáveis e baratas entre os pacientes e equipe de profissionais de saúde.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas
Sim
sim, quais recursos?
São utilizadas figuras de alimentos para que os participantes mostrem os alimentos de consumo usual durante o dia. Com a atividade de leitura de rótulos de embalagens dos alimentos, apresentação dos alimentos ultraprocessados e a quantidade de sal, açúcar e gordura contidos na porção de consumo. São distribuídos sal de ervas preparadas a partir dos temperos colhidos na horta da unidade básica de saúde. São realizadas degustação de PANCs, preparações com partes pouco convencionais de consumo como talos, cascas de frutas e sementes de frutas. Além disso, os participantes recebem um livro de receitas contendo receitas para aproveitamento integral dos alimentos, PANCs, sal de ervas, material impresso sobre nível de processamento, leitura de rótulos, comensalidade, sazonalidade, endereços de feiras livres no território e higienização de alimentos para consumo cru. Além disso, material educativo sobre compostagem, manejo de plantas e combate de pragas de manejo orgânico. Além do material impresso, os participantes recebem mudas para serem cultivadas em sua residência para consumo próprio.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?
sim
Descreva sobre o material/tecnologia social
Segundo os “Protocolos de uso do Guia Alimentar para a população Brasileira na orientação alimentar: bases teóricas e metodológicas e protocolo para a população brasileira” (MS, 2021), promoção da alimentação saudável depende da cooperação de todos os profissionais de saúde que atuam na rede de atenção à saúde. Portanto, acreditamos que os materiais educativos elaborados possam ser aplicados por outros profissionais de saúde. No município de São Paulo, existe o Agente de Promoção Ambiental, APA, na Estratégia Saúde da Família, na Coordenação da Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde. Entre algumas das atribuições do APA são desenvolver políticas de saúde ambiental, fortalecer atuação intersetorial e intersecretarial, proporcionar sustentabilidade das intervenções no território e fomentar e empoderar a comunidade, inclusive como eixo temático, horta e alimentação saudável e cuidado da água, ar e solo, gerenciamento de resíduos sólidos. Portanto, a ESF, APA e outros profissionais de saúde poderão ser beneficiados com a estratégia de promoção da saúde com o uso da horta. Há a terapia de horticultura, cuja eficácia para tratamento de ansiedade, depressão, convívio social foram comprovadas.
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
A efetividade das oficinas serão avaliadas utilizando-se o delineamento de ensaio clínico randomizado uno cego. Os grupos de intervenção serão os pacientes que são assistidos nas unidades básicas de saúde que tenham horta na unidade ou no território. Eles participarão de três oficinas. O grupo controle serão pacientes das UBS sem horta no território. Em ambos os grupos, os participantes que concordarem em participar da pesquisa após apresentação dos objetivos, descrição das ações a serem realizadas e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido serão entrevistados. Os dados quantitativos serão obtidos com a aplicação do questionário sobre a frequência do consumo alimentar, acesso aos alimentos, prática de habilidades culinárias, atividade física e qualidade de vida. Além disso, é avaliado o estado nutricional e indicadores bioquímicos dos pacientes. Para avaliar a efetividade das ações das oficinas, os mesmos questionários e coleta de dados bioquímicos serão aplicados após três e seis meses. A variação ao longo do tempo será comparada entre os grupos de intervenção e controle.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
As oficinas parecem contribuir para maior autonomia e empoderamento dos participantes com relação às escolhas alimentares mais saudáveis, segundo relatos dos participantes. Após cada encontro, incentiva-se que as informações passadas nas oficinas sejam compartilhadas com os familiares, amigos, potencializando assim, ambientes alimentares mais saudáveis e sustentáveis.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
As oficinas estão sendo realizadas com pacientes da atenção primária que foram diagnosticados com a alguma DCNT dentre três UBS que possuem uma horta comunitária. Nas oficinas são realizadas rodas de conversa sobre escolhas alimentares saudáveis com leitura de rótulo de alimentos industrializados e os riscos ao consumi-lo, a como substituir estes alimentos, os custos da refeição preparada em casa comparado àquelas com alimentos prontos para consumo ou industrializados e degustação com aproveitamento integral dos alimentos. Após cada oficina, os participantes são estimulados a conversar sobre o que aprenderam com os seus familiares e amigos e aplicá-lo no domicílio. Além disso, após cada oficina, levam algum material para casa: receitas com aproveitamento integral dos alimentos e PANCs, sal de ervas, vaso com hortaliças para cuidar e consumir. Na horta, aprendem noções básicas de ecologia doméstica, como o cultivo de hortaliças em vasos, apresentação e degustação de PANCS, transplante de mudas e técnica de compostagem, como a minhocultura, uma importante alternativa para minimizar o impacto do excesso de resíduos orgânicos no lixo e nos aterros sanitários. A compostagem gera dois produtos ricos em nutrientes fundamentais para o desenvolvimento dos cultivos: o substrato e o biofertilizante líquido. Desta forma, a ciclagem dos nutrientes é essencial para o desenvolvimento e saúde do solo e em consequência da saúde das plantas. A importância das minhocas, fungos e bactérias no processo de compostagem, também é comentada.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência