APSREDES

Resultado Preliminar
1.1 Título da experiência

Aplicação do guia alimentar para a população brasileira por teleatendimento para pacientes com obesidade da atenção primária: Um ensaio clínico randomizado

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
GABRIELA MONTEIRO GRENDENE PESQUISADORA Porto Alegre
GREICE CALETTI PESQUISADORA Porto Alegre
DIMITRIS RUCKS VARVAKI RADOS PESQUISADOR Porto Alegre
NATAN KATZ PESQUISADOR Porto Alegre
BEATRIZ D. SCHAAN PESQUISADORA Porto Alegre
MARCELO RODRIGUES GONÇALVES PESQUISADOR/COORDENADOR Porto Alegre

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
TelessaudeRS-UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul))
Programa de Pós Graduação em Epidemiologia/UFRGS
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
Rio Grande do Sul Porto Alegre

1.5 Região do país

Sul

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Gabriela Monteiro Grendene PESQUISADORA Porto Alegre

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 1 - EAN no campo da Saúde

1.8 Público participante da experiência

Adultos

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

saúde
Unidade Básica de Saúde
ASSISTÊNCIA SOCIAL
EDUCAÇÃO
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
OUTROS
Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
universalidade
integralidade
equidade
intersetorialidade

Por favor justifique/comente sua resposta

Os princípios integralidade, equidade e universalidade são pilares da construção do SUS, onde a intersetorialidade busca a união de universidade e atenção primária, sendo que nosso trabalho busca a ampliação do acesso a todos adultos de uma alimentação saudável, a fim de garantir a todos acesso à alimentação adequada e saudável, de forma equitativa e integral no cuidado.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

Redução do peso, melhora da alimentação e cuidados em saúde geral (cessação do tabagismo, inclusão de atividade física, diminuição e cessação do consumo de álcool).

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
V- A Promoção do autocuidado e da autonomia
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
VIII- Intersetorialidade
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
Todos os temas do Guia Alimentar para a população brasileira foram abordados, uma vez que nosso trabalho utiliza todos os passos do guia em sua intervenção, conforme será descrito logo abaixo.
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 4- Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
Justifica-se a realização deste estudo pela alta prevalência de obesidade em nosso meio, e importante impacto na saúde que a mesma pode trazer, além de não haver programa estruturado em nosso meio que abarque essa demanda de forma igualitária para todos os pacientes do SUS. Ou seja, há a possibilidade de expandir o acesso a orientações para uma dieta saúdavel. Além disso, construímos uma intervenção simples, reprodutível e de baixo custo, a ser entregue ao nível da APS e utilizando recursos de teleatendimento para dar acesso a profissionais não disponíveis na maioria das unidades básicas de saúde. Em suma, se eficaz, possui aplicabilidade imediata em nosso meio.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência
Sim
descreva rapidamente
Nós do TelessaudeRS-UFRGS realizamos em 2019 um estudo piloto avaliando uma intervenção à distância em para pessoas com obesidade. Esse estudo foi uma proposição da então gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Os indivíduos foram indicados por médicos e enfermeiros da atenção primária em saúde (APS). Incluimos indivíduos com idade ≥ 18 anos, IMC ≥ 30 kg/m², acesso à internet e ao aplicativo do WhatsApp para videochamadas. Também precisavam ter disponibilidade de tempo semanal (10-20 minutos) com local apropriado para realização das sessões. Neste piloto foram realizadas 6 sessões em 3 meses e cada uma das sessões seguiam tópicos do “Guia Alimentar para a População Brasileira”. Além disso, realizamos acolhimento às demandas espontâneas que surgiam em cada encontro (álcool, constipação, práticas imediatistas para perda de peso, mitos e verdades para perda de peso). Após os seis atendimentos, foi enviado um laudo (via plataforma do TelessaúdeRS) para o profissional solicitante, aos moldes de contra-referência e com orientações sugerindo reavaliação de parâmetros bioquímicos e tratamento. Foram incluídos 10 pacientes neste projeto piloto. Destes, 7 pacientes concluíram o acompanhamento e 3 pacientes tiveram perda de peso (até 8% do peso corporal). Os demais participantes mantiveram o peso. Na avaliação qualitativa, todos indivíduos relataram que o aprendizado obtido das sessões fez diferença em seu cotidiano e que manteriam essas mudanças no seu dia a dia. Além disso, os participantes acreditam que o atendimento traria benefícios para outras pessoas do seu convívio. Com isso, tínhamos uma abordagem inovadora para o tratamento da obesidade na APS, permitindo que uma parcela maior dos usuários do SUS pudessem ter acesso a tratamento nutricional.
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
As prioridades e os objetivos do trabalho foram definidos com base em 3 pilares: A observação de falta de acesso a nutricionista na maior parte da APS, mesmo para casos com clara indicação – como é o caso da obesidade. A sólida evidência na literatura que perda de peso tem efeitos benéficos em pacientes com obesidade e que esta perda ponderal pode ser ofertada de forma não-presencial. A necessidade de que experiências externas sejam adaptadas para o contexto local e com base nos recursos disponíveis – neste caso, seguindo o Guia Alimentar para a População Brasileira.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?
Sim
sim, em quais etapas e como participaram ?
Concepção da ideia – Gabriela, Dimitris, Natan, Marcelo Escrita do projeto – Gabriela, Greice, Dimitris, Natan, Beatriz, Marcelo Planejamento – Gabriela, Greice, Dimitris, Natan, Beatriz, Marcelo Execução – Gabriela, Greice, Dimitris, Natan, Beatriz, Marcelo Futura análise de dados – Gabriela, Greice, Dimitris, Beatriz, Marcelo
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN
Não
Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas
Sim
sim, quais recursos?
Cartazes, card de divulgação online, vídeo convite, vídeo aula sobre tratamento de obesidade, vídeos entre as sessões de intervenção com base no Guia Alimentar, vídeochamada por aplicativo de mensagens instantâneas, troca de mensagens de texto e voz no mesmo aplicativo.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?
sim
Descreva sobre o material/tecnologia social
– atendimento de mais pessoas – otimizar o uso de tecnologias em saúde – proporcionar redução de peso – proporcionar melhora do consumo alimentar – melhorar autonomia – melhorar escolhas de alimentos, em qualidade e quantidade – melhora da qualidade de vida – promoção vida saudável, com incentivo à atividade física, diminuição e cessação de uso de álcool e cessação do tabagismo – qualificação da atenção primária à saúde – melhora da qualidade do cuidado – utilização de tecnologias em saúde – incentivo ao consumo de alimentos locais
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
Existem estudo que mostram resultados promissores para implementação de dieta saudável e perda ponderal em pessoas com obesidade através de ferramentas de telessaúde. Unindo esses resultados promissores internacionais e no nosso estudo piloto com as necessidades da APS de expandir acesso, desenhamos uma intervenção baseado no contexto brasileiro. Ela foi baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira e será testada em adultos com obesidade da atenção primária de Porto Alegre. Quanto ao delinaemanto, trata-se de um ensaio clínico randomizado pragmático, aberto, multicêntrico, com alocação 1:1, de abrangência municipal (Porto Alegre, RS). O estudo terá dois braços: 1) grupo intervenção (n=289): Teleintervenção baseada no Guia da Alimentar para Popular Brasileira; 2) grupo controle (n=289): seguimento usual na Atenção Primária a Saúde (APS). Como avaliação de eficácia, será avaliada a alteração do peso ao final das 8, 24 e 48 semanas, bem como consumo alimentar, qualidade de vida e satisfação. Com isso, a única diferença entre os grupos é a intervenção durante 8 semanas. Esperamos uma redução no peso dos participantes que estão alocados no grupo intervenção, bem como melhora no padrão de consumo alimentar e na qualiudade de vida. Detalhamento da intervenção: Cada uma das sessões é composta por aspectos do guia alimentar brasileiro: sessão 1, fazemos uma anamnese completa, identificamos estágio de mudança do paciente, estabelecemos metas; sessão 2, falamos sobre o comer nos dias de hoje, onde falamos sobre importância da ambiência na alimentação, comer com companhia, comer intuitivo, comer com atenção plena; sessão 3, falamos sobre como escolher os alimentos, abordando os diferentes grupo alimentares, conforme estabelece a classificação NOVA (que divide os grupos em alimentos in natura, minimamente processados, processados, ultraprocessados); sessão 4, abordamos rótulos de alimentos, como identificar as informações importantes, com exemplos; sessão 5 falamos sobre dificuldades frente à alimentação saudável como publicidade, oferta, custos, tempo; sessão 6 abordamos a organização de alimentação desde a aquisição ao preparo de alimentos e também falamos sobre uso de álcool; sessão 7 incluímos a atividade física e abordamos tabagismo em nossa conversa; finalmente, sessão 8 encerramos o acompanhamento nutricional à distância, com resolução de dúvidas finais, novos questionários, feedback de paciente e profissional. Ainda não temos avaliação objetiva de média de peso e consumo alimentar, mas subjetivamente temos relatos muito ricos dos paciente e contar algumas histórias. Realizamos recentemente reunião com a Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) do Ministério da Saúde para falar mais sobre nosso trabalho, que tem potencial de aplicação muito grande para demais cidades e estados.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Certamente a experiência contribuiu e está contribuindo para uma melhoria da realidade alimentar dos participantes, visto tantos relatos que temos, muito antes da análise dos resultados objetivos, o que nos motiva diariamente a atender mais pacientes e melhorar suas práticas alimentares, e sendo um trabalho realizado de forma aberta, pragmática, inserido na atenção primária à saúde, há plena capacidade de adaptação e desenvolvimento em outros locais.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
Eu sou Gabriela, sou nutricionista e aluna de doutorado e responsável pelo dia-a-dia deste projeto. Eu gosto muito do que eu faço e tenho muito orgulhod este projeto independente do resultado final. Estou dedicada a eles desde o projeto piloto e vejo com clareza como essa estratégia pode ajudar as pessoas. Coleciono com carinho relatos dos pacientes de aprendizados, ganho pessoais e mudanças familiares. Para entregar essa intervenção aos pacientes, nosso trabalho passou por diversas fases. Começou pela estruturação e concepção do projeto em si. Após foi necessário criar um manual com passo a passo para a realização dos atendimentos. Este manual precisou ser ao mesmo tempo completo e detalhado, para que sua aplicação por outros profissionais fosse possível. Ele envolve orientações desde como abordar os pacientes até a aplicação da intervenção, totalmente baseada no guia alimentar. Também preparamos diversos materiais para embasarem nossa intervenção, desde vídeos para pacientes até aula para profissionais da APS. Além dessas vivências, pudemos criar laços com outros grupos, como por exemplo para utilizarmos o rastreador nutricional em parceria com o Nupens/USP, da mesma equipe do Dr Carlos Monteiro que criou a classificação NOVA de alimentos e do Guia Alimentar. Após esse período de preparação, partimos para atuação “em campo”, abordando coordenadores das unidades básicas de Porto Alegre-RS (com apoio da coordenação municipal da APS). Fizemos formações com as diferentes coordenadorias regionais da cidade, bem como disponibilizamo-nos em reuniões online e presenciais com as unidades para maiores detalhes e explicações do projeto Nosso projeto configura orientações sobre alimentação e também de vida saudável semanais, que não se restringe ao conteúdo da sessão, que dura de 15-20 minutos, mas extrapola as conversas no aplicativo de mensagens instantâneas que utilizamos para meio de comunicação (WhatsApp) em que solucionamos dúvidas e enviamos vídeos semanais, como gancho ao assunto discutido na semana anterior. Como pode-se notar, sou entusiasta do projeto e um dos principais motivos é por que aprendo todos os dias com os pacientes. Os relatos são múltiplos e os ganhos muito palpáveis. É muito gratificante ouvir que a pessoa passou a incluir uma fruta no lanche, ou começou a comer salada uma vez que não comia nada que fosse vegetal, ou que passou a caminhar quando antes não fazia nada de atividade física, que passou a sentir prazer em se olhar no espelho de novo, que conseguiu dividir com a família as orientações de alimentação saudável e foi mais fácil incluir na rotina com a ajuda de todos, que conseguiu comer um brigadeiro sem se sentir culpado, que deu sentido às orientações que conseguiu cumprir, e não simplesmente seguir uma dieta pronta descrita em um papel – e aí, ao ouvir e vivenciar esses relatos, sinto que fazemos um pequeno pedaço de diferença na vida das pessoas para melhor e que já dessa forma nossos objetivos são contemplados. Para finalizar, nos orgulha dizer que hoje temos 310 pacientes incluídos no estudo e seguimos abertos para entrada de mais participantes.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência