Experiência de uma Organização da Sociedade Civil de interesse público para manejo da obesidade infantojuvenil no município de Niterói/RJ

Eixo: Gestão e práticas de vigilância no cuidado em saúde

Instituição: Instituto Desiderata

  • Phillipe Augusto Ferreira Rodrigues
  • Olívia Honório
  • Raphael Barreto da Conceição Barbosa
  • Ana Carolina Rocha de Oliveira;
  • Hugo Braz Marques

Por meio de um acordo de cooperação técnica com a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói/RJ, o Instituto Desiderata desenvolveu a Linha de Cuidado e Manejo do Sobrepeso e Obesidade Infantojuvenil em duas regionais de saúde de Niterói/RJ. O projeto sistematiza o encaminhamento de crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade atendidos na Atenção Primária à Saúde (APS). A experiência contou com o envolvimento de diferentes atores da saúde e a implementação aconteceu através do grupo de trabalho. Grande parte dos trabalhadores da ponta também fizeram parte nessa construção. Foram formados 70% dos profissionais dos dois territórios na temática do Cuidado da Obesidade Infantojuvenil.

 

“Embora tenhamos utilizado estratégias de cuidado e documentos orientadores preconizados pelo Ministério da Saúde, a experiência é inovadora na forma de sistematizar a organização da linha de cuidado e elaborar a mesma a partir da perspectiva dos profissionais que estão diretamente vinculados ao cuidado das crianças e adolescentes na APS. Além disso, é inovadora em ofertar a qualificação aos profissionais no curso “Cuidados Relacionados à Obesidade em Crianças e Adolescentes”, explicou Phillipe Rodrigues, Consultor Linha de Cuidado – Instituto Desiderata.

Rodrigues também contextualizou a importância do curso: “Traz questões frequentemente abordadas para o cuidado, como a importância da Vigilância Alimentar e Nutricional, e também inova ao apresentar a temática do estigma da obesidade, trazendo pontos como os efeitos do estigma sobre a saúde e a comunicação sensível centrada no usuário, instrumentalizando, assim, os profissionais para um acolhimento mais sensível”.

Segundo o relato, a linha de cuidado cria um roteiro para os profissionais da atenção básica, informando-os quais especialistas devem ser envolvidos no tratamento, incluindo quando e para onde os usuários devem ser encaminhados. Ao invés de criar novos serviços, o projeto visa integrar e potencializar as ações e serviços existentes no SUS, fazendo com que conversem entre si e tenham uma trajetória de atendimento clara para pacientes pediátricos com excesso de peso, dependendo de suas necessidades específicas.

Sobre os desafios no desenvolvimento do projeto, o autor citou como persistentes a rotatividade de profissionais na APS, comum em diferentes municípios, e a invisibilidade do sobrepeso e da obesidade infantil entre os profissionais de saúde e dos familiares/cuidadores, o que pode levar ao baixo registro de Vigilância Alimentar e

Nutricional, dificultando o monitoramento da linha de cuidado. “O enfrentamento desse desafio exige qualificação profissional contínua e campanhas de sensibilização para familiares e cuidadores”, sinalizou Rodrigues.

Quanto ao retorno de quem participa do projeto, Rodrigues informou: “Considero que a implementação da linha de cuidado teve um retorno positivo, visto que em 2023 iniciamos uma nova fase, na qual a linha de cuidados será implementada em outras regionais de saúde do município (Leste Oceânica, Praias da Baía I, Praias da Baía II e Norte I). Além disso, considero como um importante feedback a avaliação que os profissionais realizam após a conclusão da capacitação, sendo que 92% dos profissionais relataram se sentir mais bem preparados para atuar no cuidado da obesidade infantojuvenil”.

O autor enxerga grande potencialidade de replicação do projeto em outros municípios, “a experiência vivenciada nas duas regionais de saúde de Niterói pode ser facilmente replicada em outros locais, uma vez que foi uma estratégia baseada na sistematização de normas e orientações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. A dificuldade de replicação de tal iniciativa está no nível de envolvimento que gestores e profissionais de saúde estão dispostos a exercer. Além disso, para que a implementação da linha de cuidados ocorra de maneira efetiva é necessário conscientizar a rede de saúde sobre sua importância. É preciso que sejam ofertadas formações e treinamentos aos profissionais de saúde, para que esses sejam capazes de utilizar os instrumentos de maneira eficiente no dia a dia. Outro ponto fundamental para que a implementação da linha de cuidados seja bem-sucedida está relacionado com o diagnóstico da situação de saúde do local onde será implementada. É preciso que se conheça de maneira detalhada quais as características da população do local, isso irá permitir que a estratégia seja desenvolvida considerando suas peculiaridades”, finalizou Phillipe Rodrigues.

Galeria