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Estudo Multicêntrico de Análise Clínico-Epidemiológica da Mpox no Brasil

As doenças infecciosas são a maior causa de morte em todo o mundo. Novos agentes infecciosos, como novos vírus influenza, COVID-19 e outros novos coronavírus, requerem
amplos estudos para compreensão de sua história natural e das interações agente-hospedeiro. Mesmo para infecções conhecidas, é comum faltarem evidências quanto
às novas dinâmicas epidemiológicas, diferentes apresentações clínicas ao redor do globo e eficácia de tratamentos com potencial impacto em desfechos clínicos.

Nesse sentido, foi criado um protocolo de caracterização clínica para infecções emergentes graves por membros do ISARIC (International Severe Acute Respiratory and Emerging Infection Consortium) em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) – (https://isaric.org/research/covid-19-clinical-research-resources/clinical-characterisation-protocol-ccp/). Este protocolo possibilita a investigação clínica rápida e coordenada de infecções agudas graves ou potencialmente graves por patógenos de interesse para a saúde pública. Prevê a inclusão de pacientes com doença aguda e suspeita de patógenos emergentes ou desconhecidos e foi projetado para permitir que dados e amostras biológicas sejam coletados prospectivamente e compartilhados rapidamente por meio de um cronograma de amostragem globalmente harmonizado.

Em julho de 2022, a OMS declarou a Mpox como uma emergência de saúde pública de importância internacional, considerando a ocorrência de casos ao redor do globo, fora de países africanos onde esta doença era endêmica. No contexto do recente surto global de Mpox, a compreensão da história natural da doença, das suas características clínicas, dos fatores de risco para doença grave e dos possíveis desfechos ainda representa uma lacuna.

Desde as primeiras descrições dos novos casos, o surto global revelou ter características clínicas e epidemiológicas distintas do que era previamente descrito na literatura científica para essa doença negligenciada. O surto de Mpox e o fenômeno de mudança epidemiológica reforçam a importância da iniciativa da OMS, a exemplo do que foi realizado com a COVID-19, de lançar a Plataforma Clínica Global para a coleta de dados clínicos e epidemiológicos de pacientes com infecção confirmada para o vírus monkeypox (MPXV).

Assim, a OMS, em parceria com os escritórios regionais, desenvolveu uma ação coordenada junto aos países para mobilização de instituições e serviços de saúde a participarem desse esforço
mundial para coleta de dados anonimizados em uma plataforma clínica global unificada. No Brasil, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em parceria com Ministério da Saúde (MS),
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, vem contribuir com a iniciativa global por meio de importantes centros colaboradores e seus pesquisadores, que integram a Rede Colaborativa Brasil para pesquisa de dados clínicos. O estudo multicêntrico de caracterização clínica e epidemiológica Mpox teve como centro coordenador o Instituto de Infectologia Emílio Ribas de São Paulo, que já havia estruturado uma pesquisa científica utilizando parte da estrutura de variáveis da Plataforma Clínica Global da OMS.

Destarte, esta publicação reporta as atividades e análises da Rede Colaborativa Brasil, tendo por objetivo contribuir para a rápida e precisa caracterização clínica e epidemiológica da Mpox, em
um contexto de disseminação global da doença, reconhecendo o Brasil como o segundo país em número de casos na América depois dos Estados Unidos. 8 Estudo Multicêntrico de Análise Clínico-Epidemiológica da Mpox no Brasil: Contribuições ao Sistema Único de Saúde e à Plataforma Clínica Global da OMS

As ações de coleta, análise e sistematização dos dados anonimizados, envolveram instituições de saúde de todas as regiões do país, incluindo estados com elevados índices de notificação dos
casos de Mpox, em especial concentrando percentual relevante nas capitais onde se encontram tais instituições. Dessa forma, os dados coletados são referentes a casos notificados e confirmados
em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Ceará e Amazonas.

A realização desta pesquisa visa contribuir com o Sistema Único de Saúde – SUS e a iniciativa global da OMS de reunir dados clínicos e epidemiológicos de interesse internacional e avançar na produção de conhecimento no tema, em apoio aos gestores e profissionais de saúde na tomada de decisão, com vistas à implementação de políticas públicas de saúde e nos processos do cuidado assistencial e de vigilância em saúde.

Organização Pan-Americana da Saúde
OPAS/OMS – BRASIL
Secretaria de Atenção Especializada à Saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE

 

 

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