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Plenárias virtuais e a construção de estratégias locais no enfrentamento da COVID-19 nos bairros do Saco Grande e do Monte Verde em Florianópolis/SC

O Conselho Local de Saúde do Saco Grande, vinculado ao Centro de Saúde Saco Grande e aos bairros do Saco Grande e do Monte Verde, em Florianópolis/SC, agiu rápido quando as atividades presenciais foram suspensas por causa da pandemia de Covid-19. Preocupados com o cenário de incertezas quanto às ações e às políticas a serem utilizadas para conter e mitigar a evolução do novo coronavírus, os conselheiros locais entenderam que a participação ativa seria fundamental e resolveram realizar os encontros de forma virtual.

Fernanda Manzini, coordenadora do centro de saúde do Saco Grande, explica que o diálogo foi a principal estratégia para mobilizar a comunidade. “O conselho estava bem atuante. Com a pandemia não fizemos plenária, mas retornamos em abril no virtual, o centro trabalha com porta aberta para a população sempre, mudou muito com a pandemia e os conselheiros assumiram o diálogo com a comunidade para explicar como estava funcionando o centro de saúde. O conselho foi muito importante para levar informação à sociedade. Não só sobre o funcionamento, mas da pandemia como um todo, sobre as medidas, de não aglomerar, usar máscara, etc”.

Manzini também comentou que as plenárias virtuais ocorrem uma vez por mês, abordando  a pandemia porém sempre trazendo temas novos, com a participação de médicos do centro de saúde falando sobre as medidas de prevenção e cuidados. “Fizemos infográficos para traduzir os números, recorte para o bairro e divulgado via conselho local de saúde. Queríamos garantir a participação ativa da comunidade nas adaptações dos serviços de saúde frente à pandemia, a fim de promover o exercício da sua função de negociar, influenciar, fiscalizar e acompanhar as decisões e ações de saúde e medidas adotadas pelos governos, mesmo com atividades presenciais interrompidas. Os temas das plenárias são construídos pelos conselheiros, de acordo com as necessidades da população e da comunidade”, explicou.

Os bairros do Saco Grande e do Monte Verde possuem cerca de 20 mil habitantes, organizados em diversas associações de bairro atuantes, algumas delas, representadas no Conselho Local de Saúde. Entre abril de 2020 e abril de 2021, o Conselho Local utilizou o Google Meet para realização de reuniões mensais online. As pautas estavam voltadas à análise situacional da pandemia, ao planejamento de ações para o controle direto do coronavírus e ao enfrentamento de problemas sociais e econômicos, que agravavam a disseminação da Covid-19.

Para a análise situacional, foram utilizados dados do Covidômetro. O instrumento de avaliação sistemática diária de dados relacionados à Covid-19 no município de Florianópolis reúne informações como notificação de casos suspeitos, casos confirmados, taxa de ocupação de UTI e número de óbitos.

Durante o período em que as reuniões foram virtuais, os conselheiros perceberam que houve aumento considerável da participação da população nas reuniões do Conselho Local de Saúde. Ao mesmo tempo em que se ampliou o espaço de diálogo com a comunidade sobre as questões de saúde do bairro, houve o fortalecimento do papel das lideranças comunitárias.

Para divulgar informações confiáveis, com linguagem acessível para a população, o Conselho Local contratou carros de som, que transmitiam mensagens sobre o distanciamento social, o isolamento de casos e o uso de máscaras. A preocupação com o uso de linguagem acessível também esteve presente na elaboração dos relatórios, para tornar mais claras as informações disponíveis no Covidômetro.

Os conselheiros locais criaram uma rede de apoio para identificar famílias em situação de vulnerabilidade não atendidas pela assistência social do município. Foram elaboradas estratégias junto à comunidade para arrecadação e distribuição de alimentos, ampliando a atuação do Conselho Local de Saúde junto à comunidade.

“Em um cenário de incertezas quanto às ações e políticas a serem utilizadas para conter e mitigar a evolução do novo coronavírus, a participação ativa dos conselhos locais de saúde se mostra não apenas necessária, mas também fundamental para o empoderamento comunitário. É através desse empoderamento que a comunidade tem maior controle sobre as decisões que afetam suas vidas, no intuito de melhorar a saúde e reduzir as desigualdades”, finalizou Fernanda Manzini.

Sobre outras estratégias utilizadas, foram mencionadas pela coordenadora: contratação de carros de som para informar a população sobre o distanciamento social, o isolamento de casos e o uso de máscaras; reuniões entre escolas e profissionais de saúde; sensibilização de comerciantes locais para evitar aglomerações e adequação dos comércios às normas vigentes (ofício e visita de conselheiros no comércio, principalmente bares, para conversar e sensibilizar, traduzir um pouco do que a mídia e o centro de saúde estavam falando); ações com as lideranças do bairro, para indicar as famílias e a arrecadar alimentos,  com apoio do centro de saúde, visando minimizar o impacto da desigualdade social nas famílias em situação de vulnerabilidade agravadas por conta da pandemia.

“Diante dos desafios econômicos e políticos atuais, o fortalecimento da participação popular por meio das plenárias do conselho local de saúde durante o contexto de pandemia e distanciamento social foi essencial não apenas para o controle da pandemia e garantia de assistência mas também, e principalmente, para valorização e fortalecimento do SUS, o qual busca consolidar-se como um sistema universal e integral, capaz de oferecer proteção social. Percebemos um aumento na participação da comunidade, o link é divulgado nas redes sociais e todos podem participar”, considerou Manzini.

Experiência

Garantir a participação ativa da comunidade nas adaptações dos serviços de saúde frente à pandemia, a fim de promover o exercício da sua função de negociar, influenciar, fiscalizar e acompanhar as decisões e ações de saúde e medidas adotadas pelos governos, mesmo com atividades presenciais interrompidas.|Garantir a participação ativa da comunidade nas adaptações dos serviços de saúde frente à pandemia, a fim de promover o exercício da sua função de negociar, influenciar, fiscalizar e acompanhar as decisões e ações de saúde e medidas adotadas pelos governos, mesmo com atividades presenciais interrompidas.

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