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Apoio matricial de enfermagem no cuidado à pessoa com ferida: inovando e fortalecendo o SUS

Para ampliar o acesso do usuário com feridas à assistência mais próxima de sua moradia,  a secretaria de saúde de Florianópolis qualificou o cuidado prestado pelos  enfermeiros da atenção primária, por meio do Apoio Matricial de Enfermagem no Cuidado à Pessoa com Ferida. Desde 2019, o cuidado compartilhado entre enfermeiros dos centros de saúde e especialistas, chamados de gestores de caso, fornece subsídios para que os atendimentos sejam resolutivos às necessidades de saúde dos usuários. Até a presente data, o cuidado integrado atendeu presencialmente 121 pessoas, realizou 180 atendimentos por teleconsulta e 57 visitas domiciliares.

“As feridas, de uma maneira geral, resultam em prejuízo na qualidade de vida, levam ao afastamento do trabalho, é uma causa de enorme mortalidade, dependência do serviço de saúde, ou seja, um problema de saúde pública. A proposta apresentou resultados satisfatórios no tratamento da pessoa com ferida complexa, com redução do tempo de tratamento/cicatrização, provendo uma possível melhora na qualidade de vida dessas pessoas e de seus familiares”, relata Cilene Soares, enfermeira e uma das autoras da experiência.

Antes da experiência, os usuários com feridas complexas tinham que se deslocar para o Centro de Referência no Cuidado de Pessoas com Feridas e Estomias localizado em uma região  geográfica distante de muitos bairros que compõem a ilha. Alguns usuários em tratamento ainda tinham impedimento clínico de ir até o serviço, ou passavam por dificuldades no transporte, por não ter alguém para levar ou até por restrições financeiras. Desta forma, a experiência amplia o acesso e qualifica o atendimento ao serviço próximo à área de moradia da pessoa com ferida e seus familiares, proporcionando melhores tecnologias de cuidado e otimização dos recursos públicos.

Além da melhora na comunicação, interação entre os profissionais, troca de informações e organização do processo de trabalho, o matriciamento proporcionou aos enfermeiros da APS maior autonomia e segurança na tomada de decisão do tratamento e escolha da terapia tópica. Ainda resultou na qualificação da assistência da equipe, ampliando a prática clínica do enfermeiro e permitindo o acompanhamento sistemático das pessoas.

Com o matriciamento houve melhora na gestão dos recursos materiais, e no faturamento do curativo grau II, assim como, através dos indicadores, abriu a possibilidade de planejamento a longo prazo de ações de promoção da saúde e medidas preventivas do agravo. O Apoio Matricial teve como apoiadores os gestores da Gerência de Enfermagem, da Diretoria de Atenção em Saúde e do próprio Secretário Municipal de Saúde.

Fonte – Informações cedidas pelos autores.

Fotos – visita dos avaliadores do Laboratório de Inovação à experiência.

Foto (tratamento da ferida) – SMS Florianópolis.

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O Apoio Matricial de Enfermagem no Cuidado à Pessoa com Feridas é ofertado para todos os Centros de Saúde do Município de Florianópolis que tem em sua composição quatro Distritos Sanitário (DS). A APS recebe e acolhe o usuário que possui uma ferida crônica complexa, em seu primeiro contato com o profissional do Centro de Saúde (CS) para ser avaliada e tratada. Após todas as investigações, diagnósticos e tratamentos possíveis, o enfermeiro da eSF solicita o matriciamento ao enfermeiro Gestor de Caso de referência do Distrito, buscando o atendimento diferenciado.

O contato é por e-mail, com a história clínica e psicossocial, os dados e imagens da ferida. A partir destas informações, o enfermeiro matriciador, em até 72h, inicia a discussão para a decisão compartilhada sobre o melhor cuidado a ser adotado, com indicação das ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. A condução do caso continua por teleconsultoria, com recomendação de exames a serem realizados, encaminhamento a outros profissionais de saúde, a prescrição dos cuidados e terapias tópicas, ou solicitação de atendimento presencial no Centro de Saúde ou em domicílio, tanto para primeira consulta, como de seguimento.

Após definição do tratamento tópico, este é liberado no quantitativo para 30 dias, sendo realizada nova liberação após reavaliação da pessoa com ferida e envio dos dados pelo enfermeiro da eSF ao matriciador. Todos os atendimentos são registrados em prontuário como curativo grau II pelo EGC e curativo grau I pelo enfermeiro da eSF.

O fluxo de atendimento ocorre da seguinte forma: o Enfermeiro gestor de caso avalia em conjunto com Enfermeiro da APS, prescreve terapia tópica, agenda o retorno, se necessário; monitora a evolução do usuário por e-mail ou telefone, e registra em prontuário e em planilha de controle interno. O Enfermeiro da APS registra em prontuário o apoio matricial, discute e orienta caso com o técnico de enfermagem que faz anotação detalhada do cuidado prestado, seguimento através de e-mail ou telefone.

Os dados são monitorados em planilha de excel através de indicadores, entre outros tipos de lesão, terapia tópica, alta por cicatrização, a fim de que esses possam contribuir para futuras ações de promoção e prevenção. Por fim, para avaliação e acompanhamento, todos os casos clínicos são inseridos no Trello, uma plataforma de gestão que é acompanhada diariamente pela Estomaterapeuta que dá suporte técnico/científico por teleconsultoria ou presencial aos Gestores de Caso e enfermeiros da eSF.

Ampliação do escopo de práticas

Melhoria do acesso aos serviços de saúde
Redução do tempo de espera nas consultas
Maior adesão ao tratamento, gestão de sintomas e utilização dos serviços Efetividade clínica na atenção aos usuários/pacientes
Maiores níveis de satisfação do usuário, unidos a uma atenção mais personalizada, a provisão de informação e uma
maior dedicação no tempo consulta

CILENE FERNANDES SOARES
GUILHERME MORTARI BELAVER
JULIANA
MILENA PEREIRA
JULIANA REINERT MARIA
LUCILENE MARIA SCHMITZ
ALESSANDRA MAFRA
ANA MARIA BIM GOMES

Apoio Matricial de Enfermagem no Cuidado a Pessoas com Feridas. O Apoio Matricial configura-se numa estratégia que possibilita acesso do profissional que atua na Atenção Primária à Saúde (APS) ao profissional especialista/referência para determinada situação/ atendimento de saúde. Nesta experiência, o Apoio ocorre no âmbito da Atenção Primária a Saúde, e é ofertado para todos os Centros de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis por uma equipe denominada Gestores de Caso, composta por uma Estomaterapeuta, e quatro enfermeiros que representam cada Distrito. Os atores envolvidos são profissionais enfermeiros matriciadores juntamente com os profissionais da Equipe de Saúde da Família (eSF), em especial o enfermeiro. O Apoio Matricial desta proposta, se destina, ou tem como seu público alvo toda pessoa que possui uma ferida crônica/complexa e seus familiares/ cuidadores. Tem como apoiadores os Gestores, quais sejam, Gerência de Enfermagem, Diretoria de Atenção em Saúde e Secretário Municipal de Saúde

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