“Acho a experiência inovadora, porque é fruto de uma ação de integração ensino-serviço, por meio de uma problematização de questões de saúde pública em uma perspectiva intersetorial e para além dos serviços de saúde, mais ampliada que as doenças. Nos propomos a trabalhar com escolas, envolvendo a juventude, configuração importante, dentro da própria Lei Orgânica do SUS, ir por território e mobilizar adolescentes e jovens, convidar os profissionais, convocar esse profissional para pensar o cuidado e as possibilidades de saúde para além de uma visão hegemônica”, pontuou Michele Soltosky, do Departamento de Planejamento em Saúde, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto de Saúde Coletiva.
A partir da parceria entre a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Bem TV e o Módulo Médico de Família (MMF) Ilha da Conceição, foi executado um projeto educativo e artístico com adolescentes comunicadores e comunitários do bairro da Ilha da Conceição, Niterói-RJ, com a proposta de trazer o debate da hesitação vacinal, e ampliar as coberturas vacinais para essa faixa etária por meio de rodas de conversas, oficinas e gincanas nas escolas do bairro sobre a temática, identificação de lideranças jovens na comunidade, além de atividade formativa sobre a vacinação e evento cultural com atualização da caderneta construído junto com a juventude do território.
Após todas as etapas anteriores realizadas e com a colaboração das escolas, foi conduzida uma atividade formativa e cultural, o Rolê da Vacina, na quadra da comunidade onde os jovens foram convidados a participar.
Entre os objetivos da experiência, a equipe estava voltada a intensificar os esforços para a aproximação da juventude, recuperação da vacinação nessa população específica para lidar com o retrocesso na imunização de rotina; implementar campanhas para prevenir surtos; combater a desinformação e aumentar a aceitação de vacinas entre comunidades vulneráveis; e garantir o protagonismo para o autocuidado e o cuidado coletivo na comunidade.
Sobre o retorno dos jovens, a autora destacou que: “Eles avaliaram de maneira super produtiva, respeito e cuidado da valorização do pertencimento desse lugar, vinculação com o território, agora sei quem é minha ACS. Curtiram muito, o projeto atendeu as expectativas, mostra de cultura livre (dança, poesia, batalha de tiktok, várias atividades diferentes para jovens), a avaliação foi super positiva. Inclusive, perguntam e se interessam muito sobre a vacinação”.
“Eu acho super válido, duas coisas importantes: a primeira é a equipe de saúde, com a universidade compreendendo mais acerca do universo das pessoas, falar com adolescente no sentido de cuidado, requer uma abordagem diferenciada, precisa desenvolver competências e habilidades, potência da ação em vigilância em saúde, entender que o escopo dessa ação você tem os ganhos em relação ao aumento da imunização, da questão da educação em saúde e também, da vinculação do jovem com o território. Os profissionais precisam atender isso e avançar nessa perspectiva para construir uma relação intersetorial, e identificar a potencialidade e o alcance de outras organizações como terceiro setor”, explicou Michele Soltosky sobre a potencialidade de replicação do projeto em outros municípios.