APSREDES

Rede de Jovens Comunicadores – Comunicação, Educação, Vigilância Popular em Saúde.

Eixo: Experiências de educação e Vigilância em Saúde

Instituição: Associação Experimental de Mídia Comunitária – BEMTV

  • Paula Latgé
  • Matheus Magalhães
  • Carolina Rodriguez

“A BemTv trabalha com comunicação comunitária de base popular, formação de jovens comunicadores para que possam produzir as informações e montar uma rede de comunicação para os seus territórios. É inovadora, pois a produção da comunicação é feita pelos jovens, ao produzir informações no campo da saúde. Usamos uma tecnologia mais leve para ampliar o acesso à informação”, explica Paula Latgé, coordenadora executiva da BemTV.

A experiência foi elaborada a partir de processos formativos com 120 horas a cada turma, tendo como base a tecnologia da comunicação e informação. Os participantes diretos são jovens entre 16 e 29 anos moradores das comunidades Caramujo e Morro do Estado (Niterói/RJ), Complexo Bom Retiro e Jardim Catarina (São Gonçalo) e Pavuna (Rio de Janeiro). O Projeto conta com integração dos Institutos Saúde Coletiva e Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), com o Projeto de Extensão “Crianças e adolescentes em situação de rua e acolhimento institucional: construindo estratégias de territorialização afetiva”, e do Programa Extensionista Mulherio: tecendo redes de resistência e cuidados. Para o desenvolvimento das ações nos territórios, a BemTV atua em parceria com o Centro Comunitário do Jardim Catarina, com o Instituto JCA, com a Casa Reviver e com o Axé Bambuzal.

Sobre processos, rotinas e conteúdos, os jovens participam de encontros formativos diários envolvendo instrutores, monitores e coordenação e no final do processo produzem/adaptam informações para transmissão em suas listas de transmissão, como instrumentais são utilizados: questionário socioassistencial; instrumental para escuta comunitária; relatórios sobre condições de conectividade. Os conteúdos envolvem formação em ferramentas da tecnologia da informação e comunicação e assuntos transversais tais como: saúde; educação; mapas afetivos; racismo, violência e desigualdade; gênero e direito das mulheres; imagem – produção de sentido – representação e discurso; cultura digital (internet no brasil e liberdade de expressão); juventude e mobilização. Construindo uma rede de comunicação orgânica de base comunitária formada por jovens comunicadores, com a utilização da metodologia de educonexão, sistema multiplataforma voltado para a gestão de aprendizados (LMS) descentralizado, com objetivo de propiciar o diálogo de saberes, potencializando trocas e transformação para uma mudança de paradigmas da sociedade.

“Todo o processo de enfrentamento à desinformação é um ponto central ao direito a uma comunicação de fato segura, no enfrentamento a isso enquanto política, as fake news são intencionais e no campo da saúde podem ser questão de vida ou de morte. Enfrentar a desinformação é contribuir para o direito à vida. Destaco como é fundamental, o compromisso ao combate à desinformação que para saúde tem um efeito de morte”, ressalta Paula Latgé.

O Projeto tem como objetivo geral capilarizar o acesso às informações em saúde, direitos sociais, meio ambiente, educação e rede de proteção social, atuando na formação de jovens comunicadores para o enfrentamento à desinformação e às fake news. Além de ampliar as perspectivas de vida dos jovens moradores a partir de ações de educação e comunicação por eles protagonizadas, com foco prioritário na participação social, o diálogo entre a população residente nas comunidades envolvidas nas ações do Projeto por meio de um canal permanente entre jovens comunicadores e moradores, contribuir para o acesso à Rede de serviços de saúde e proteção social, e benefícios socioassistenciais, acesso à vacinação no SUS, por meio de campanhas sobre imunização produzida por jovens da agência popular de comunicação, segurança de renda, garantindo bolsa-auxílio para os jovens comunicadores da agência, fortalecendo a economia e autonomia de atores locais pela ampliação da circulação de recursos financeiros.

Sobre os desafios, a autora citou: “O primeiro é trabalhar com a juventude negra periférica que tem seus direitos violados, poucas oportunidades e negadas, vidas ameaçadas pela violência cotidianamente, desafios permanentes. Outro é a transferência de renda, o acesso à renda. Terceiro é o processo do combate à desinformação, a inserção no mundo de trabalho pelos jovens é muito difícil, difícil ter acesso à renda, uma grande parte dos jovens que já têm filhos e sem acesso à renda. Fragilidade das políticas públicas de juventude, tanto no campo da saúde, quanto da população vulnerabilizada. Ampliar redes protetivas, pontos de cuidado”.

Quanto à potencialidade de replicação do projeto em outros municípios, Paula Latgé comentou: “É um projeto de educonexão, ferramentas de comunicação para garantir a formação, mas entendemos que educação a distância não cabem na mesma frase, construímos uma metodologia com acompanhamento permanente, o processo é leve, a metodologia é fácil, o mais caro no projeto é a transferência de renda. É fácil de replicar, mas difícil garantir a bolsa”.

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