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Vinculação, cuidados em saúde e promoção da cidadania a travestis e transexuais na Atenção Básica: relato da USF de Jaboatão dos Guararapes/PE

Autora: Zelma de Fátima Chaves Pessoa

Coautores: Danilo Martins Roque Pereira, Rosivaldo Tavares Pessoa Junior e Damartine Naiane Martins Feitosa

Grupo da diversidade LGBT+: assistência, cuidado e promoção da saúde

 

Grupo da diversidade LGBT+, da Unidade Saúde da Família Praia do Sol, tem garantido o cuidado às usuárias durante a pandemia de COVID19, em Jaboatão dos Guararapes/PE. A equipe de Saúde da Família utiliza o WhatsApp como ferramenta para manter o diálogo e realizar o acompanhamento da saúde de travestis e transexuais cadastradas. Além dos técnicos e usuárias pertencentes à equipe de saúde LGBT+, participam do grupo uma médica, uma assistente social, uma enfermeira e o coordenador de saúde.

“Diagnosticamos de forma precoce dois casos positivos para COVID19 no grupo, sendo um homem trans e uma mulher trans. O grupo é composto por 17 travestis e transexuais e um homem trans. Realizamos os atendimentos pelo WhatsApp, as usuárias foram testadas e orientadas pela equipe de vigilância, tendo acesso à máscara, ao álcool em gel e às informações em saúde (cards, áudios, mensagens). Por meio da vigilância em saúde, os casos positivos foram monitorados”, explica Danilo Martins, enfermeiro e coordenador da Política de Saúde LGBT+, da Secretaria Municipal de Saúde de Jaboatão dos Guararapes/PE.

Os cuidados foram continuados, a equipe de saúde renovou as receitas por 90 dias, realizou os tratamentos com uso de hormônios, e em casos graves, atendeu presencialmente. “A Unidade de Saúde da Família Praia do Sol foi a primeira unidade do município a ofertar o uso e administração de hormônios para travestis e transexuais, que antes faziam o uso de forma clandestina e corriam riscos de saúde, e o tratamento continua durante a pandemia. Temos equipe de referência para cuidar das questões específicas dessa população, o objetivo é manter o acesso aos serviços de saúde”, relata Danilo Martins.

Antes da pandemia, o grupo realizava reuniões presenciais mensais que abordavam temáticas, a partir das necessidades de saúde das usuárias. “O grupo foi formado para atender às demandas dessa população LBGT+ após o isolamento social, via WhatsApp, que se tornou um espaço de empoderamento, para abordar temas como prevenção de DST, identificação de nome, assistência, informações sobre a COVID19. Também foi oferecido atendimento psicológico. Desenvolvemos parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil – PE, com o Centro de Saúde de Combate à Homofobia e com o controle social das ONGs. É um espaço de cuidado ampliado para saúde e para questões sociais”, explica Martins.

As usuárias também contaram com o apoio da equipe de Saúde da Família na realização dos cadastros do auxílio emergencial fornecido pelo governo federal. “As dúvidas foram sanadas via grupo do WhatsApp, o que resultou em uma cartilha com as dicas sobre o auxílio emergencial para a comunidade LGBT+”, diz Martins.

“O acompanhamento em saúde de forma virtual promoveu maior acessibilidade das usuárias aos profissionais de saúde, é uma comunicação ágil. A tecnologia promoveu o cuidado e integrou o processo de trabalho da atenção básica, fortalecendo o vínculo, estimulando a participação social, reconhecendo as demandas das usuárias – mulheres empoderadas e cientes dos seus direitos enquanto usuárias do SUS – evitando o abandono de tratamentos e agravamento de enfermidades, contribuindo para promoção da saúde e cidadania de travestis e transexuais no município. Nossa equipe de saúde e o Conselho Municipal LGBT+ foram fundamentais para a criação do ambulatório de saúde LGBT+, que hoje funciona dentro do Centro de Referência de Saúde da Mulher de Jaboatão dos Guararapes”, conclui Danilo Martins.

APS FORTE - Grupo da diversidade LGBT+: assistência, cuidado e promoção da saúde em PE

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