Lançado pela primeira vez desde 2014, o relatório “Situação Mundial da Obstetrícia 2021” reforça a importância de enfermeiros e enfermeiras obstétricas e obstetrizes nos cuidados em saúde materna, sexual e reprodutiva. De acordo com o levantamento, uma escassez global de 900 mil profissionais ameaça vida e saúde das mulheres
O novo relatório “Situação Mundial da Obstetrícia”, lançado em maio, pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a Confederação Internacional das Parteiras, e parceiros, demonstra que investimentos e apoio em profissionais de obstetrícia poderia evitar 67% das mortes maternas, 64% das mortes de recém-nascidos e 65% dos casos de bebês natimortos, salvando uma estimativa de 4,3 milhões de vidas por ano.
No entanto, o mundo está enfrentando uma escassez de aproximadamente 900 mil parteiras, profissionais de enfermagem obstétrica e obstetrizes. A crise da Covid-19 apenas exacerbou esses problemas, com as necessidades de saúde de mulheres e recém-nascidos ofuscadas pelas respostas à pandemia e parteiras, enfermeiras e enfermeiros obstétricos e obstetrizes sendo direcionados para outros serviços.
A força de trabalho global em obstetrícia gira em torno de 1,9 milhão, cerca de dois terços do que é de fato necessário, de acordo com o relatório.
A desigualdade de gênero é um dos motivadores da enorme escassez de parteiras, profissionais de enfermagem obstétrica e obstetrizes. O sub-investimento crônico em obstetrícia destaca como as necessidades das mulheres, e as habilidades de uma força de trabalho predominantemente feminina são negligenciadas por formuladores de políticas públicas e sistemas de saúde.
E os resultados são, com frequência, trágicos, assumindo a forma de doença, morte materna e neonatal, lesão ou bebês natimortos.“É hora dos governos reconhecerem a evidência do impacto do cuidado liderado por parteiras na promoção da vida”, afirma a Dra. Franka Cadée, presidente da Confederação Internacional das Parteiras.
Parteiras como agentes pelos direitos das mulheres
Parteiras (no caso do Brasil, enfermeiras obstétricas e obstetrizes) não apenas realizam partos. Eles e elas fornecem uma gama de serviços de saúde sexual e reprodutiva, assim como cuidados de pré-natal, pós-parto e cuidado neonatal. Também servem como poderosas defesensoras do cuidado humanizado e dos direitos das mulheres.
“Uma parteira capaz, bem-treinada, pode ter um impacto enorme em mulheres grávidas e suas famílias — um impacto frequentemente passado de uma geração a outra”, afirma a diretora-executiva do Fundo de População da ONU, Dra. Natalia Kanem.
Ainda assim, parteiras encaram persistentes discriminações de gênero que as impedem de alcançar autonomia profissional e papéis de liderança. Elas também enfrentam disparidades salariais e no crescimento da carreira, afetando sua permanência.
Impacto da Covid-19
A pandemia da Covid-19 tem reduzido significativamente a força de trabalho em obstetrícia. Em muitos lugares, parteiras relataram não ter recebido equipamentos de proteção individual suficientes. Ainda assim, profissionais de enfermagem obstétrica e obstetrícia têm continuamente feito partos e assumido cuidados apesar das restrições dos sistemas de saúde e dos riscos à sua própria saúde.
“Nós precisamos aprender as lições que a pandemia está nos ensinando”, afirma o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, “ao implementar políticas e realizar investimentos que oferecem melhor suporte e proteção para parteiras e outros trabalhadores de saúde.”
Além de fazer um chamado por investimentos em educação e treinamento, o relatório destaca a necessidade de aperfeiçoar o ambiente de trabalho das parteiras, enfermeiras obstétricas e obstetrizes, e incluí-las no processo de formulação de políticas públicas e papéis de liderança.
Para reconhecer e fortalecer a presença desses e dessas profissionais no Brasil, foi lançado no último mês o Projeto Enlace, uma iniciativa do UNFPA em parceria com a Johnson & Johnson, que vai desenvolver ações de formação em direitos humanos, fortalecimento de lideranças, promoção de redes e comunicação.
Saiba mais sobre o projeto clicando aqui.
Fonte – UNFPA Brasil
Legenda/crédito Foto – Rabiyat Tusuf com seu filho, Umar Husseni (1 semana), no Centro de Saúde Dikumari em Damaturu, Estado de Yobe, Nigéria. © Gates Archive/Nelson Owoicho
Saiba mais https://www.unfpa.org/sowmy
State of the World’s Midwifery 2021: Executive summary https://www.unfpa.org/sowmy-
Dados do Brasil: https://www.unfpa.org/sites/
Novo relatório dá o alarme sobre a escassez global de 900.000 parteiras https://www.who.int/news/item/
La situación de la enfermería en la Región de las Américas https://www.paho.org/es/