Serviço de Atenção Domiciliar de São Bernardo do Campo
Proponente: Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo, SP.
CNPJ: 46523239/0001-47
Endereço: Rua Luiz Ferreira da Silva, 172, Parque São Domingo, CEP: 09732-610, São Bernardo do Campo – SP.
Autores: Daniel Gomes Monteiro Beltrammi, Rosemary dos Passos Magalhães.
Telefone: (011) 98353-9669; (011) 96194-2875.
email: daniel.beltrammi@gmail.com
Laboratório de Inovação em Atenção Domiciliar
Eixo: Gestão.
Tema: Protocolos assistenciais para a Atenção
Título: Sistema de Classificação de Pacientes: ferramenta qualificadora do acesso, equidade e integralidade do cuidado na Atenção Domiciliar.
O Serviço de Atenção Domiciliar da Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo iniciou suas operações em 30 de março de 2009 com a missão de atuar como prática substitutiva qualificada. Seu principal desafio, no âmbito do sistema local de saúde, configura-se como garantir ofertas de cuidados domiciliares apoiadoras dos projetos terapêuticos desenvolvidos no âmbito da atenção básica e da atenção hospitalar, seja na promoção, recuperação ou reabilitação da saúde da população elegível.
Neste quadriênio de atuação focada na construção do cuidado, centrado nas práticas e ferramentas da clínica ampliada buscou-se ênfase no compartilhamento deste, tecendo-se a partir das responsabilidades coletivas os meios para o exercício do necessário protagonismo de familiares e cuidadores domiciliares não profissionais.
O período de análise da experiência a ser apresentada compreende o ano de 2012, durante o qual foram atendidos 1.586 munícipes, com importantes variações mensais do número de indivíduos em cuidados domiciliares. No último quadrimestre (setembro a dezembro de 2012) houve uma média de 235 pacientes/mês.
O Serviço de Atenção Domiciliar de São Bernardo do Campo (SAD) conta com 04 Equipes Multidisciplinares de Atenção Domiciliar (EMAD) e 01 Equipe Multidisciplinar de Apoio (EMAP) tendo abrangência municipal (765.000 habitantes). As 04 EMAD trabalham territorializadas agrupando cerca de 02 a 03 territórios por equipe. Neste contexto estas equipes, bem como a estrutura de gestão de campo (enfermeiro gestor de intercorrências), na Central SAD, atuam em regime de relações vivas com cada um dos equipamentos de base territorial e de base regional.
Desde o início das atividades do SAD, principalmente em função do cenário de restrição oferta de leitos hospitalares identificou-se a necessidade de se qualificar tecnicamente os processos de captação e definição dos projetos terapêuticos singulares de munícipes, no que tange ao planejamento dos cuidados domiciliares em seus aspectos de intensidade e freqüência.
Neste contexto elaborou-se, a partir de consistente plataforma de pesquisa em saúde baseada em evidências e da instalação de uma comunidade de práticas (encontro de coletivos para fins de programação dos projetos terapêuticos denominada “sala de situação”), um instrumento denominado Sistema de Classificação de Pacientes (SCP). Este contempla duas matrizes classificadoras gerais, uma para as fases analíticas de captação de munícipes e outra para classificação geral das necessidades de cuidado (integralidade), além de seis matrizes classificadores para contemplar as chaves clinicas
das áreas técnicas gestoras do cuidado (enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, nutrição e assistência social).
Tais matrizes, a partir de pontos de controle clínicos de cada uma das vertentes do cuidado, posteriormente totalizados na matriz classificadora geral, para fins da busca e encontro de consensos para o cuidado, permitem que se dimensione freqüência e intensidade de cuidado, por meio de quatro níveis de ofertas de cuidado que variam entre si, no que tange ao número de visitas domiciliares (VD), como exemplificado na tabela abaixo, para os profissionais de enfermagem e médicos. SCP – SAD Enfermeiro Médico Previsão de Alta 01 VD mensal 01 VD mensal Cuidados Mínimos 01 VD semanal 01 VD quinzenal Cuidados Intermediários 02 VD semanais 01 VD semanal Cuidados Intensivos 03 ou mais VD semanais 02 ou mais VD semanais
Cada um dos pontos de controle clínico, ou chaves clínicas recebem uma pontuação possível nas matrizes classificadoras citadas, que varia de acordo com a intensidade do cuidado necessário. A totalização das pontuações atribuídas gera como resultado a classificação final em Previsão de Alta, Cuidados Mínimos, Cuidados Intermediários e Cuidados Intensivos.
Diariamente, na sala de situação da atenção domiciliar, os responsáveis pelo cuidado, de posse de suas matrizes classificadoras técnico-assistenciais trabalham no processo de classificação integral do indivíduo em cuidado domiciliar. Este exercício é fundamental para permitir e induzir as atitudes e programações do cuidado em regime de transdisciplinaridade. Isto implica necessariamente em um progressivo apagamento das preponderâncias corporativas culturais, como por exemplo do médico sobre os demais profissionais de saúde, convidando todos os profissionais ao protagonismo e às responsabilidades inerentes aos projetos terapêuticos singulares em vigência no SAD.
Como resultados obtidos, em primeiro plano, identificam-se as taxas de distribuição da coorte de indivíduos em cuidados domiciliares, quando analisado os grupos de profissionais que atendem à totalidade destes no SCP no ano de 2012. Ao Assistente Social não cabe a Classificação Previsão de Alta, para garantia de gestão das vulnerabilidades enquanto em cuidados domiciliares.
SCP – SAD Enfermeiro Médico Assistente Social Previsão de Alta 16% 16% — Cuidados Mínimos 38% 39% 73% Cuidados Intermediários 40% 37% 24% Cuidados Intensivos 6% 8% 3%
Ante aos dados apresentados permite-se constatar um predominância de necessidades em Cuidados Mínimos e Cuidados Intermediários (cerca de 77%) na coorte em questão.
Profissionais envolvidos com as áreas de reabilitação e recuperação das autonomias, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas atendem a cerca de 35% da coorte de indivíduos em cuidados domiciliares.
Em um segundo plano analítico, quanto aos resultados, o SCP permite a conformação das agendas diárias de visitas das equipes utilizando-se como vetores indutores a gestão de risco e vulnerabilidades. Para além das agendas de VD, as coortes de indivíduos em cuidados domiciliares devidamente classificadas permitem que tanto a sala de situação diária, como os gestores de campo e intercorrências possam programar ações mais proativas visando ao sucesso dos cuidados domiciliares e a evitabilidade das internações ou re-internações hospitalares, por quadros agudos previsíveis ao longo dos percursos da gestão do cuidado nos projetos terapêuticos domiciliares.
O Sistema de Classificação de Pacientes, como qualquer ferramenta de cuidado, no âmbito da clínica ampliada, está em constante análise e aprimoramento, condição esta,
também fundamental para fomento às autorias desse cuidado, seja na sua produção em ato e em campo, seja na formulação das tecnologias para o amplo sucesso sanitário do cuidado.
Sistema de Classificação de Pacientes
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