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Seminário Internacional compartilha lições aprendidas em pesquisa sobre Covid-19 e Pós-Covid no Brasil

“Os países da OPAS [Organização Pan-Americana da Saúde] como o Brasil contribuem efetivamente com a Plataforma Clínica Global para entendermos melhor a COVID-19”. Esta afirmação é da chefe da Unidade de Estratégias de Controle e Resposta, do departamento de Controle, Vigilância e Prevenção da Resistência Antimicrobiana da sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), Silvia Bertagnolio. Ela foi uma das convidadas da mesa de abertura, nesta segunda-feira (5/12), do Seminário Internacional Plataforma Clínica Global Covid-19 e Pós-Covid/OMS. A atividade é promovida pela OPAS, no Brasil, e se encerra no dia 6 de dezembro.

Silvia Bertagnolio falou sobre a importância da Plataforma lançada em 2020 para corroborar com as melhores práticas de manejos clínicos e de seguimento dos usuários no pós-Covid. As informações caracterizam a história natural da doença, identificam fatores de risco para doença grave e desfechos ruins, além de descreverem intervenções e resultados de tratamento em adultos, crianças e em subpopulações, incluindo gestantes e indivíduos que vivem com HIV.

Até novembro de 2022, 66 países enviaram dados à Plataforma Global Clínica, somando informações de 1,024 milhão de hospitalizações por COVID-19.

O Seminário compartilha e discute as lições aprendidas com a pesquisa que analisou os dados clínicos de 60 estabelecimentos de saúde, nos três níveis de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS), de diferentes regiões brasileiras.

O coordenador de Sistemas e Serviços de Saúde (HSS) do escritório da OPAS e da OMS no Brasil, Roberto Tapia, ressaltou que a pesquisa se soma aos aprendizados sobre a COVID-19, visando responder às novas necessidades de saúde decorrentes de todo impacto da doença na população brasileira.

“O alcance dessa pesquisa foi fundamental porque permitiu capturarmos dados clínicos de comportamento dos pacientes afetados por COVID-19, tanto na etapa aguda, como no pós-Covid”, ressaltou. Ao todo o Brasil, enviará à Plataforma Clínica Global cerca de 78 mil dados sobre hospitalizações, a serem analisadas em janeiro de 2023 pela OMS.

Lições aprendidas

Entre as lições aprendidas durante a pesquisa, está a necessidade de integração dos sistemas de saúde que permitam a obtenção de dados e informações de forma segura, e em tempo real, para apoiar a tomada de decisão e intervenção rápida por parte dos profissionais de saúde e gestores públicos.

Segundo Bruno Carrijo, diretor do departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, a saúde digital SUS tem permitido a integração de sistemas e ampliado a conectividade das tecnologias digitais, por meio de registro, gerenciamento e acompanhamento eficaz, integrado e seguro dos dados de pacientes nos diferentes níveis do SUS. “No contexto geral, esse projeto nos mostrou a importância de trabalharmos com bastante foco na tecnologia e obtermos as informações no tempo oportuno”, afirmou Bruno Carrijo.

De acordo com o assessor Regional do Programa de Evidência e Inteligência em Saúde da OPAS, Ludovic Reveiz, a pesquisa demonstrou ser possível construir uma rede de inteligência e vigilância clínica.

“Este seminário é um convite para, por um lado, escutarmos os resultados obtidos em cada um dos projetos, as limitações e as dificuldades e, por outro, refletirmos sobre os desafios de como construir essa rede, olhando para os aspectos regulatórios e éticos”, concluiu.

Uso da evidência na gestão

A mesa de abertura também contou com a presença do assessor técnico do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Sandro Terabe; do secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira; e do presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto. Confira alguns trechos das participações:

“Em maio de 2020, nesse mesmo auditório, nós fizemos a primeira oficina da discutir o protocolo clínico [para mitigação da COVID-19] aqui no Brasil. Não tínhamos muitos dados, informações e conhecimentos, e ao logo desses dois anos, avançamos muito nessa construção”, Sandro Terabe, assessor técnico do Conass.

“Ter acesso a essa pesquisa e aprender com ela é de fundamental importância para prepararmos melhor os nossos profissionais que estão na ponta para continuarmos fazendo o enfrentamento, não só da COVID-19, mas de todas as necessidades da população”, Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems.

“Todas as experiências que tivemos no enfrentamento da COVID-19 nos fez reconhecer o somatório de esforços de quem realmente esteve focado em seguir a ciência e as orientações das autoridades sanitárias para salvarmos vidas”, Fernando Pigatto, presidente do CNS.

Rede Colaborativa Brasil de Pesquisa Clínica

No Brasil, a OPAS tem articulado a “Rede Colaborativa Brasil” desde 2020, com a participação do Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde e estabelecimentos de saúde de pesquisa, ensino e assistência. Parte da análise dos dados clínicos (em torno de 50% dos dados) enviados à Plataforma Clínica Global da OMS foi feita por meio de um software de inteligência artificial que gera um banco de dados chamado “data hub Brasil”. A curadoria científica dessa solução digital é feita por pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), do Grupo Hospitalar Conceição e de hospitais universitários da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

O primeiro dia do seminário pode ser assistido na íntegra em portuguêsinglês e espanhol. Outras informações estão disponíveis no site: www.apsredes.org.

fonte: paho.org

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