Em Santo Antônio do Monte (MG), o tratamento das condições crônicas não é baseado em prescrições. No lugar da tradicional receita de medicamentos, os usuários recebem um plano de cuidado, com orientações e objetivos, que envolve mudanças no estilo de vida.
As pessoas deixam de ser consideradas pacientes e passam a ser tratadas como agentes da própria saúde. Problemas como diabetes e hipertensão são enfrentados por meio do autocuidado apoiado, uma das tecnologias do Modelo de Atenção às Condições Crônicas que está sendo testada e avaliada pelo Laboratório de Inovação na Atenção às Condições Crônicas em Santo Antônio do Monte.
O consultor do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Eugênio Vilaça, salienta a importância da tecnologia do autocuidado no Modelo de Atenção às Condições Crônicas: “Diabetes, hipertensão, é para o resto da vida. Não tem cura. Tem cuidado. Tem que mudar comportamentos. Só com o medicamento você não estabiliza, muitas vezes, a glicemia de um portador de diabetes. Ele tem que se autocuidar.”
As metas do plano de cuidado são ajustadas e acordadas com uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos e agentes comunitários de saúde. Os profissionais trabalham de maneira interdisciplinar, discutindo os casos e acompanhando a evolução de cada usuário.
O autocuidado apoiado é utilizado na Atenção Primária, em todas as Unidades Básicas de Saúde. Na Atenção Secundária, a tecnologia está presente no Centro Integrado de Referência Secundária Viva Vida e Hiperdia, que atende os usuários de alto e muito alto risco, classificados por meio da estratificação de riscos.
Em casa, os usuários continuam sendo acompanhados pelos agentes comunitários de saúde, que verificam se o plano pactuado com a equipe está sendo cumprido. “Diante de uma condição crônica, a resposta social que o sistema de saúde precisa dar deve ser proativa, não pode ser reativa. Se a pessoa não veio, o agente vai em casa”, observa Vilaça.
O comprometimento com as metas também parte dos profissionais de saúde, que dividem com o usuário a responsabilidade pelo sucesso do tratamento. “Às vezes, a equipe tem mais contato com o usuário do que os próprios médicos. Então, se não estiver todo mundo trabalhando em harmonia, em sintonia, conversando a mesma língua, trabalhando de forma homogênea, fica muito difícil manter o vínculo com a tecnologia”, conclui Luís Henrique Nascimento, médico da Estratégia Saúde da Família.
O comprometimento de todas as pessoas envolvidas no processo, desde usuários até os profissionais de saúde, é apontado pelo consultor do CONASS, Eugênio Vilaça, como um fator determinante para o sucesso do Modelo de Atenção às Condições Crônicas. “O Modelo só dá certo se eu ativar, ao mesmo tempo, o sistema, com busca ativa, as pessoas, com autocuidado, e a equipe, que tem que ser uma equipe ativa, informada,” afirma.
No Centro Viva Vida e Hiperdia, os pactos e metas são trabalhados também no cuidado compartilhado em grupo. Periodicamente, os usuários participam de atividades coletivas, com a presença de familiares e da equipe multiprofissional.
“Essa tecnologia envolve mais profissionais. Normalmente, nós fazemos com a presença da assistente social, da psicóloga e da farmacêutica. É um atendimento direcionado de forma integral para o usuário. Não é feito um atendimento com base apenas em um olhar, mas um olhar integrado, inter e multidisciplinar,” comenta a coordenadora de Psicologia e do NEP Centro Viva Vida e Hiperdia, Renata Cristine de Oliveira.
Tanto no autocuidado apoiado, quanto no cuidado compartilhado, os usuários e a equipe multiprofissional fazem parte de um único time, com o mesmo objetivo: enfrentar as condições crônicas de maneira inovadora.
Acesse o Manual de Autocuidado Apoiado – https://apsredes.org/atencao-as-condicoes-cronicas/?s=Manual
Fonte – Portal da Inovação em Saúde