A segunda oficina virtual do Laboratório de Inovação sobre Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (LIS PICS) ocorreu na sexta-feira, 12 de novembro, no Portal da Inovação na Gestão do SUS. O tema foi “A Integração das Práticas Integrativas e Complementares nos Serviços de Saúde”, que trouxe duas experiências sobre a implementação das atividades terapêuticas na atenção hospitalar, em São Paulo, e o monitoramento da Política Integrativa de Saúde no sistema sanitário do Distrito Federal. Com foco na saúde mental dos usuários, as PICS estão inovando o cuidado à saúde no SUS e ganhando mais visibilidade nos serviços de saúde.
A iniciativa é promovida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, em parceria com a Coordenação Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, da Secretaria de Atenção Primária em Saúde, do Ministério da Saúde, para discutir sobre os 15 anos da política nacional.
Experiência do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina – USP
O Centro de Reabilitação e Hospital Dia (CRHD), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, oferece um cuidado interdisciplinar em Saúde Mental no tratamento de pacientes encaminhados pelo complexo hospitalar. A equipe é composta por vários profissionais de saúde, especialmente, por trabalhadores voluntários que doam tempo e conhecimento para o cuidado integrado dos pacientes. O complexo do Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP) foi inaugurado em 1944, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP.
O Centro de Reabilitação e Hospital Dia (CRHD) tem como objetivo promover a reabilitação do indivíduo com transtorno mental grave, evitar ou reduzir o tempo de internação dos pacientes e facilitar a reinserção familiar e comunitária. De 2008 a 2019, foram contabilizados aproximadamente 6.300 atendimentos, e de acordo com pesquisa realizada recentemente, a valorização da autoestima e o resgate de laços sociais foram os pontos que sobressaíram na resposta dada pelos pacientes. “Nossos pacientes são motivados a interagir com a equipe, com os familiares e a buscar a reinserção na comunidade. Tivemos casos que o paciente voltou para a equipe mas para atuar como terapeuta”, explica o professor Osvaldo Takeda, graduado em Educação Física, mestre pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo e coordenador do Núcleo de Cuidados Complementares e Integrativos (CRHD) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
As atividades das PICS no CRHD ocorrem de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h, com uma média de internação variando entre três a doze meses, com limite de até 35 pacientes/dia. “A nossa grade de atividades integrativas semanais conta com práticas como Reiki, Yoga, diálogos fraternos, práticas botânicas, reflexoterapia, oficina de beleza e autoestima, shiatsu, acupuntura, bioenergética, auriculoterapia, psicoterapia, atividades físicas, teatro, mosaico, literatura, entre outras.”, explicou o professor Takeda. Elas ocorrem em paralelo com os demais cuidados ofertados ao paciente com transtorno mental que passam por consultas de psicologia, nutrição, serviço social, medicina, farmácia, enfermagem e medicina. “A maioria da nossa população constituída atualmente é de esquizofrênicos, mas também temos casos de bipolaridade, transtorno alimentar, de impulso e de personalidade, que são identificados na triagem admissional”, explica Takeda.
Christiane Matos, debatedora e coordenadora nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde da Secretaria de Atenção Primária em Saúde/Ministério da Saúde, destacou o papel dos voluntários nos serviços de PICS. Gabriela Almeida, consultora da equipe do Ministério da Saúde, comentou sobre as experiências de São Paulo que visitou pessoalmente: “Sabemos que é um desafio a implantação e implementação de serviços de práticas integrativas dentro da alta e média complexidade. Vimos o trabalho de anos em ambos locais, e quero destacar o corpo de profissionais serem voluntários, um serviço que exige uma responsabilidade, e existe um cuidado na seleção e nas ofertas dessas práticas pelos voluntários, e além da questão técnica, a dedicação e amor que faz o serviço ser sustentável e ter a continuidade que tem até hoje, impactando na vida de todos q podem usufruir das práticas integrativas nesses serviços”.
Programa de Práticas Integrativas no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo/SP
O programa de Práticas Integrativas no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo/SP trabalha com várias atividades integrativas como terapia essencial, cristaloterapia, florais de Bach, hipnoterapia, constelação integrativa, meditação, massoterapia, escuta amiga, terapia vibracional, entre outros. O projeto possui uma programação anual de práticas integrativas e complementares disponível no site da Prefeitura Municipal de São Paulo, aberta a todos, e o acesso aos serviços são por agendamento via WhatsApp.
Aberto para comunidade, o hospital oferece mais de 30 terapias diferentes e já atendeu mais de 150 mil pessoas no decorrer de sua história. “Tudo o que afeta a nossa energia adoece o corpo. Nós trabalhamos com os voluntários que atendem por agendamento. O nosso maior objetivo é mudar a consciência das pessoas, de percepção de realidade, atender e acolher de forma empática, além de oferecer suporte, tendo como foco o bem-estar físico, mental, emocional e espiritual.” explicou a Dra. Joseli Suzin, médica e coordenadora do Programa de Práticas Integrativas e Complementares do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM).
“Entendemos que as transformações individuais são a chave não só para a própria felicidade, mas também, para uma mudança na esfera global”, a professora Suzin ressalta também para a importância da compreensão dos fatores do adoecimento. “Percebemos que há um embasamento em todas as práticas, uma racionalidade médica para que elas aconteçam”, pontua Suzin.
Christiane Matos, debatedora e coordenadora nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde da Secretaria de Atenção Primária em Saúde/Ministério da Saúde, destacou o papel dos voluntários nos serviços de PICS. Gabriela Almeida, consultora da equipe do Ministério da Saúde, comentou sobre as experiências de São Paulo que visitou pessoalmente: “Sabemos que é um desafio a implantação e implementação de serviços de práticas integrativas dentro da alta e média complexidade. Vimos o trabalho de anos em ambos locais, e quero destacar o corpo de profissionais serem voluntários, é um serviço que exige uma responsabilidade, existe um cuidado na seleção e nas ofertas dessas práticas pelos voluntários, e além da questão técnica, a dedicação e amor que faz o serviço ser sustentável e ter a continuidade que tem até hoje, impactando na vida de todos q podem usufruir das práticas integrativas nesses serviços”.
Implementação da Política Distrital de Práticas Integrativas em Saúde no Distrito Federal
Acupuntura, auriculoterapia, arteterapia, automassagem, ayurveda, fitoterapia, yoga, homeopatia, meditação, shantala, reiki, são algumas das práticas ofertadas pelas equipes de saúde no Distrito Federal, desde a atenção básica e até a média e alta complexidade da atenção. Por meio da Política Distrital de Práticas Integrativas em Saúde do DF, desde 2013, a Gerência de Práticas Integrativas em Saúde da SES/DF pode planejar e monitorar a expansão das PICS no sistema sanitário.
O professor Cristian Cruz, assistente social e gerente de Práticas Integrativas em Saúde da Secretaria de Saúde, explicou sobre o desafio para a construção política e propagação dentro do SUS/DF. “Nós acolhemos 29 modalidades de PICS, de acordo com a política nacional de práticas integrativas, e adotamos a política distrital para lógica de gestão, monitoramento, promoção de política pública efetiva com a responsabilidade para a SES DF de assumir o compromisso com a estruturação e continuidade dos serviços, seja do ponto de vista de espaço, de ambiência, de garantia de insumos, de financiamento de modo geral e, obviamente, chegando no centro do que é o mais importante que são as pessoas, tanto as que fazem quanto as que recebem os serviços de práticas”, ressalta Cruz.
O PIS (Política Integrativas em Saúde) oferece ainda atividades de educação permanente por meio de cursos de capacitação e atualização para instrutores, e palestras para os profissionais de saúde envolvidos. Cleber Medeiros, da equipe do Ministério da Saúde, ressaltou a importância de institucionalizar as PICS como política. “A construção de uma política estadual e distrital é feita com várias mãos por diversos atores importantes, tanto da sociedade civil quanto dos profissionais, e todos eles tiveram em comum o amor, a dedicação e o conhecimento das práticas integrativas”.
Eliseth Leão, debatedora do seminário, chamou a atenção para a falta de valorização das práticas indígenas como PICS. “Isso é um caminho natural, me chama a atenção essa variabilidade de coisas que vocês têm e a política que o DF traz, conseguir fazer esse documento e ser implementado”, elogiou Leão, que também deixou uma reflexão importante: “Onde é que está a nossa medicina tradicional indígena? A gente trabalha com sistema indiano, chinês, com tanta coisa, e quando é que vamos trazer o nosso saber ancestral brasileiro?”.
O moderador e consultor da OPAS/OMS no Brasil, Rafael Dall Alba, comentou a importância do Laboratório de Inovação como espaço de discussão sobre a PICS no SUS. “São iniciativas muito potentes no âmbito do SUS. O diálogo é fundamental para a estruturação de uma política pública de saúde de qualidade e com o desafio que nós temos de qualificação da saúde e dos povos. Enfatizo a ampla divulgação do mapa de evidências como compromisso técnico com o social e a necessidade de cuidado da população a partir do que é pungente à vida, do que vai fortalecer e entender esse movimento como parte integrante da promoção à saúde, esse campo que é muito grande e próspero”, ponderou.
Confira na íntegra:
Para mais informações, acesse: www.apsredes.org