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Práticas Avançadas em Enfermagem no Reino Unido

A experiência do Reino Unido sobre as Práticas Avançadas em Enfermagem foi tema da última reunião virtual, que aconteceu nesta quarta (24/11), do ciclo de intercâmbio promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil, pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e pelo Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem da Universidade de São Paulo/Ribeirão. As palestrantes foram a diretora e a presidente do International Council of Nurses (ICN) do Reino Unido, Melaine Roger e Daniela Lehwaldt, respectivamente. Elas abordaram os avanços globais nas práticas em enfermagem, trouxeram casos do que acontece no Reino Unido e o porquê da importância dos enfermeiros e enfermeiras em práticas avançadas para os sistemas universais de saúde.

“Todos nós sabemos que estamos enfrentando uma pandemia, não só de Covid-19, mas de doenças não infecciosas que matam mais de 41 milhões de pessoas todo ano, representando 71% das mortes no mundo, e essas doenças estão aumentando”, explicou Melaine Roger. “A enfermagem avançada pode contribuir para a melhoria da saúde e do acesso para todos os pacientes, sejam urbanos ou rurais, melhorar a eficiência e a experiência dos pacientes na saúde”, comentou Roger.

No Reino Unido, os enfermeiros (APN’s) são líderes e, geralmente, tem uma equipe multidisciplinar, levam modelos de cuidado inovadores, trabalham de maneira autônoma e adaptável e estão focados nos pacientes. “Eles criam uma visão e empoderam outras pessoas. Também ajudam a gestão de saúde da população, abordando determinantes da saúde. Estão trabalhando muito na prevenção e na saúde holística da população. Maior acesso ao cuidado, levando qualidade e valor para a saúde, aumentamos a satisfação dos pacientes e não aumentaram os custos”, explicou Melaine Roger.

Daniela Lehwaldt, também palestrante, falou sobre as diretrizes das práticas avançadas em enfermagem, os tipos de títulos e a formação necessária, mestrado, especialização, seguindo o conselho internacional de enfermagem e o documento Diretrizes da enfermagem em prática avançada 2020, disponível online em espanhol, inglês e francês. Houve uma definição revisada em 2008, e as diretrizes são bem abrangentes, contribuindo para um entendimento comum e global sobre as práticas, o que são, como são descritas e os pilares. “A prática avançada em enfermagem é um termo bem abrangente, guarda-chuva, que descreve os enfermeiros experientes que querem permanecer na prática clínica, que não querem ser professores, nem gestores, querem continuar cuidando dos pacientes”, explicou Lehwaldt.

O documento esclarece todos os termos: Prática Avançada em Enfermagem, sigla ANP em inglês para Advanced Nursing Practice, é a área da enfermagem que vai além das fronteiras no âmbito da prática da profissão, contribuindo assim, para o seu conhecimento e promovendo o avanço da enfermagem. Caracteriza-se pela integração e aplicação de um amplo conhecimento teórico baseado na evidência que se adquire na graduação em enfermagem. Tem habilidades para tomada de decisões complexas e competências clínicas para prática avançada.

APRN (Advanced Practice Registered Nurse – Enfermeira de prática avançada registrada) é um título que se concede a uma enfermeira que tenha cumprido determinados requisitos de formação e certificação e tenha licença para exercer em um dos quatro ramos: enfermeira anestesista certificada registrada, enfermeira-parteira certificada, enfermeira clínica especialista e enfermeira certificada de atenção direta.

Enfermeira clínica especialista (Clinical Nurse Specialist, CNS) em prática avançada que presta cuidado clínico e em relação aos diagnósticos estabelecidos em âmbitos especializados da prática, com foco sistêmico no exercício profissional, como membro da equipe de atenção à saúde. Enfermeira da atenção direta (Nurse Practitioner) é da prática avançada que integra habilidades clínicas associadas à enfermagem e à medicina para avaliar, diagnosticar e gerir pacientes da atenção primária e das populações de cuidados agudos, assim como, a atenção contínua às populações com doenças crônicas.

Daniela Lehwaldt sinalizou um progresso na carreira de enfermagem como um todo, e explicou que para se tornar um enfermeiro em práticas avançadas é preciso fazer a graduação, uma especialização clínica e o mestrado específico para exercer a função. Também falou sobre os pilares educação, regulamentação e prática: “Esses pilares fazem parte da APN, e a educação tem que estar além de uma enfermeira especialista, a exigência mínima é um mestrado com programa específico para preparar o enfermeiro para ser da prática avançada, então tem uma quantidade significativa de habilidades clínicas avançadas. E, também, na diretriz, vemos que nem todos os países podem fazer isso, às vezes precisa preencher as lacunas, então demos um tempo para os países se adaptarem e tudo bem”.

A presidente do International Council of Nurses (ICN) do Reino Unido também comentou que precisa haver regulamentação: “É crucial para que o papel do enfermeiro funcione e seja sustentável, eles precisam ter autoridade de diagnosticar, prescrever medicação, pedir exames e testes diagnósticos e tratamentos, admitir e encaminhar os pacientes, dar alta, ser capazes de fazer todas essas coisas. O enfermeiro precisa ter um determinado nível de prática, ele vai focar no cuidado, prevenção, cura, além de ter mais autonomia para trabalhar e tomar decisões maiores e rápidas”, finalizou Lehwaldt.

Esta última reunião virtual destacou a importância da implementação das Práticas Avançadas em Enfermagem, ampliou a discussão sobre a profissão pelo mundo e como os enfermeiros contribuem para fortalecer os sistemas de saúde e melhorar a assistência aos usuários.

Acesse a apresentação.

 

Assista na íntegra a transmissão nos seguintes canais:

 

Português – Youtube e pelo facebook @eucurtoaenfermagem

 

Espanhol/Inglês – Youtube do Portal da Inovação na Gestão do SUS

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