A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) realizou o primeiro intercâmbio de experiências entre os integrantes do Laboratório de Inovação em Atenção Primária à Saúde – APS Forte, entre os dias 4 a 8 de junho. Participaram gestores da Atenção Primária das secretarias de saúde de Porto Alegre (RS), do Distrito Federal (DF), de Teresina (PI), assessores da OPAS e, a partir de junho, acolhe representantes do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde.
“O Laboratório de Inovação permite conhecer e aprender com a experiência do outro. Nestes dez anos, percebemos que as inovações no SUS são muito vulneráveis porque são vinculadas às mudanças promovidas por pessoas e não sistêmicas. Porém, neste tema da APS Forte, estamos destacando estratégias estruturais que visam o fortalecimento da Atenção Primária”, ressaltou Renato Tasca, coordenador do Laboratório de Inovação e também da Unidade Técnica de Sistemas e Serviços de Saúde da OPAS.
“O DAB acompanhará a iniciativa por contemplar pontos de reflexão que estamos fazendo no Ministério da Saúde e também por permitir observar como diversos programas estão funcionando em diferentes territórios”, apontou Daniel Amado, consultor técnico do DAB que participou na sexta-feira (8/6) da reunião de avaliação do grupo, na sede da OPAS. As próximas atividades do Laboratório de Inovação estão previstas para agosto, com a realização de visita técnica em Teresina e em outro município do Nordeste, a definir, e a realização de estudos de casos sobre cada experiência participante.
Porto Alegre – Nos dias 4 e 5/6, a comitiva conheceu o sistema de saúde de Porto Alegre, onde o secretário Erno Harzheim contextualizou sobre a atuação da Rede de Atenção, a regulação e a aplicação da Telemedicina na gestão. A comitiva foi na Clínica da Família José Mauro Ceratti Lopes, na Restinga, que opera com seis equipes de saúde da família – compostas por médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem e agentes comunitários -, e quatro equipes de saúde bucal, funcionando das 8h às 20h. O coordenador-geral de Atenção Primária à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Thiago Frank, explicou o funcionamento da unidade. “Nesta Clínica da Família, trabalhamos na lógica de acesso avançado, ou seja, as pessoas que buscam o serviço devem ser atendidas no mesmo dia ou agendadas em até 72 horas”, disse.
A comitiva visitou também o Centro de Saúde Modelo, que oferece atendimento em turno estendido, e a sede do TelessaúdeRS – UFRGS, parceira da secretaria municipal em programas de regulação. O secretário adjunto de Saúde de Porto Alegre, Pablo de Lannoy Sturmer, explicou sobre o software de regulação em internações hospitalares utilizado pela gestão, que integra todos os dados dos hospitais em tempo real, o que facilita o direcionamento do paciente. “Nos chamou muito a atenção, a potência que o sistema de regulação ganha com o apoio da da tecnologia de informação e comunicação. É um tema que vamos querer nos aprofundar no Laboratório de Inovação”, disse Sandro Rodrigues, Diretor do Complexo Regulador da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Rio de Janeiro – Por meio da parceria com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE/Fiocruz), o pesquisador Daniel Soranz apresentou, no dia 5/6, aos integrantes do Laboratório de Inovação as ações da primeira experiência municipal que apostou na transformação da Atenção Primária com foco na Estratégia de Saúde da Família, em 2009. A comitiva esteve na Clínica da Família Sérgio Vieira de Mello, em Catumbi, e o Centro Municipal de Saúde Manuel Ferreira, no Catete. Entre as ações, Soranz destacou as mudanças ocorridas no modelo organizacional, administrativo e no modelo de cuidado da APS adotado pela gestão, no qual foi secretário municipal de saúde, até 2016.
No Centro Estadual de Regulação, o grupo foi apresentado aos sistemas de regulação ambulatorial e hospitalar do Rio de Janeiro. “Foi muito importante conhecer a estrutura, de pessoal e de equipamentos, que funciona sete dias da semana, 24h, para regular as demandas de média e alta complexidade do Estado. É um desafio enorme”, observa Maria Vitória Urbano, diretora de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria da Fundação de Saúde de Teresina.
Distrito Federal – A comitiva conheceu, nos dia 6 e 7/6, o modelo de Atenção Primária do DF, especialmente, o Projeto Converte, iniciativa que promoveu a conversão do modelo tradicional de atendimento para a Estratégia Saúde da Família. “Tivemos a oportunidade de apresentar o que estamos fazendo no DF, trocar experiência com esses municípios, que têm bons níveis de atenção primária, e ouvirmos comparações e críticas para aprimorar ainda mais a gestão no DF” disse o secretário adjunto de Saúde do DF, Daniel Seabra.
Durante o encontro, a equipe do DF apresentou os resultados com a cobertura atingida, que saltou de 27%, em 2015, para os atuais 66%. “Também mostramos como fazer a otimização de recursos humanos, aumentando a eficiência, sem aumento de custos”, citou Seabra. “Acredito que esse é um dos pontos que chama atenção, já que o DF utilizou os recursos disponíveis e profissionais que atuavam na rede para fortalecer o modelo que sabemos mais efetivo no sistema público de saúde”, reforçou o secretário adjunto de Saúde de Porto Alegre, Pablo de Lannoy Sturmer.
O representante de Teresina e diretor de Atenção Básica do município, Francisco Pádua lembrou que o movimento de mudança da atenção primária naquele estado ocorre desde a década de 1990, o que permitiu à cidade chegar aos atuais 100%cobertura. “Aqui, no DF, o movimento do Converte traz agilidade para esses trâmites, que vieram todos com a utilização de portarias, instrumentos e mecanismos que facilitam a organização do serviço e ajudarão a aperfeiçoar nosso trabalho em Teresina”, finalizou.
A delegação visitou ainda a Unidade Básica de Saúde 1, de Sobradinho II, a UBS Centro de Práticas Integrativas de Planaltina (Cerpis) e o Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh).