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OPAS e Ministério da Saúde lançam Laboratório de Inovação sobre práticas integrativas em saúde para refletir sobre os 15 anos da política nacional

Ao celebrar os 15 anos da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPICS) no Sistema Único de Saúde (SUS), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil e o Ministério da Saúde lançam o Laboratório de Inovação sobre PICS, com a participação de seis experiências provenientes dos estados de São Paulo, Ceará, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. “A oferta das PICS nos serviços de saúde é relevante para ampliar o acesso às ações de saúde. Após 15 anos, propomos uma reflexão mais madura sobre a política nacional e convidamos seis experiências consolidadas para juntos compreendermos os desafios e os avanços da PICS no SUS”, disse Renata Costa, diretora do Departamento de Saúde da Família, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde. O evento ocorreu no dia 8 de outubro e foi transmitido pelo Portal da Inovação na Gestão do SUS (veja aqui).

“O Laboratório de Inovação vai possibilitar que o ente federal vivencie a materialização da política no território por meio das experiências participantes, agregando conhecimento para promover as PICS em outros municípios”, explicou o consultor da OPAS Brasil, Wellington Mendes. As etapas do LIS foram explicadas pela consultora da OPAS Brasil, Yasmine Ventura, que enfatizou o intercâmbio de conhecimentos entre as experiências como objeto da metodologia. No dia 5 de novembro, será realizado o primeiro seminário do LIS PICS para a apresentação das experiências.

“Acreditamos que este trabalho vai inspirar outros gestores a implantarem a PICS no município, ao conhecer as contribuições das práticas integrativas para a promoção da saúde e prevenção doenças protagonizadas pelas equipes de saúde que trabalham com as práticas integrativas”, complementa Cristiane Santos Matos, coordenadora nacional de PICS do Ministério da Saúde. Atualmente, 29 práticas são oferecidas no SUS: apiterapia, aromaterapia, arteterapia, ayurveda, biodança, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, dança circular, geoterapia, hipnoterapia, homeopatia, imposição de mãos, medicina antroposófica, medicina tradicional chinesa/acupuntura, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, ozonioterapia, plantas medicinais e fitoterápicos, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa, terapia de florais, termalismo social/crenoterapia, e yoga.

Experiências do LIS

A experiência Farmácia da Natureza (Farmácia Viva), realizada na cidade de Jardinópolis (SP), capacita profissionais de saúde visando estimular o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos com qualidade, segurança e eficácia no SUS. “Antes mesmo da PNPICS, a Farmácia Viva já existia e foi regulamentada pelo Ministério da Saúde, em 2010. O nosso horto medicinal possui 350 espécies de plantas e oferecemos mais de 100 tipos de fitoterápicos, como o xarope de Guaco, a passiflora em pomada, entre outros. Por meio da parceria com o município de Jardinópolis, os médicos se capacitaram para prescrever os fitoterápicos na APS”, ressalta a pesquisadora Ana Maria Soares Pereira, do Departamento de Biotecnologia Vegetal da Universidade de Ribeirão Preto. A iniciativa é promovida pela Secretaria Municipal de Saúde de Jardinópolis (SP), em parceria com a Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O Programa de Práticas Integrativas em Saúde do Instituto de Psiquiatria, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, oferece vários tratamentos terapêuticos para pacientes do Centro de Reabilitação e Hospital Dia Adulto. “Cuidamos de pacientes com transtornos mentais graves, em regime de internação parcial, que precisam de tratamento intensivo e de reabilitação psicossocial, para atenuar o efeito da doença e resgatar a saúde”, destaca o coordenador do Núcleo de Cuidados Complementares e Integrativos do Centro de Reabilitação e Hospital Dia, professor Osvaldo Takeda. Por meio da contribuição de voluntários, o serviço de PICS do Hospital Dia elabora para cada paciente um plano terapêutico de cuidado, por meio da oferta de várias práticas, com funcionamento das 8h às 16h. Osvaldo Takeda acredita que as práticas integrativas no SUS ampliam o acesso à saúde e serão bem divulgadas por meio das atividades do Laboratório de Inovação. “Vemos na parceria com a OPAS e o Ministério da Saúde uma possibilidade para dar visibilidade às PICS no SUS”, enfatizou Takeda. Entre 2000 a 2019, o Hospital Dia Adulto contabilizou 41 mil atendimentos por meio da oferta das PICS.

 

O Programa de Práticas Integrativas do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, com 22 anos de existência, é referência na oferta de cuidados em saúde por meio da medicina tradicional chinesa. “Trabalhamos, nos áureos tempos, com cerca de 10 mil pessoas ao ano. Oferecemos diversas terapias como Barra de Access, estimulação neural, constelação sistêmica, terapia de florais, aromaterapia, meditação e yoga. Mudar a percepção de realidade para que as pessoas tenham responsabilidade sobre a vida delas é um dos nossos objetivos”, explica Joselin Suzin, médica especializada em Acupuntura e coordenadora do Programa Vida e Terapia, do Núcleo Executivo de Planejamento e Qualidade, do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo/SP.

 

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal participa do Laboratório de Inovação com a experiência da Política Distrital de Práticas Integrativas em Saúde, que celebra sete anos da implementação da PICS nos serviços de saúde da capital federal. “As PICS são oferecidas em 32 cidades do Distrito Federal, desde a atenção primária até ambulatórios de alta complexidade. A partir da institucionalização das práticas integrativas percebemos que o diálogo entre os atores do sistema ganhou uma formatação diferenciada”, explica Cristian Cruz, gerente de Práticas Integrativas em Saúde, da Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal. “A política pavimenta esse caminho, solidifica esse conhecimento. Tratamos as PICS do ponto de vista de planejamento e de gestão em saúde, a Política nos coloca no mesmo tom de planejamento e ajustes de todos demais serviços”, aponta Cruz. Como ponto inovador, Cruz ressaltou que o governo do Distrito Federal discute a implantação da Política de PICS no âmbito da Secretaria de Educação.

 

O projeto 4 Varas une conhecimento científico com o popular em Fortaleza para cuidar da saúde dos usuários do SUS. Desenvolvido pelo grupo Terapia Comunitária Integrativa (TCI) do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará, em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, a experiência resgata o protagonismo da comunidade ao trabalhar a autoestima do indivíduo e a solução dos problemas da comunidade de forma coletiva. O médico, filósofo, teólogo e professor, Adalberto de Paula Barreto, explica que a TCI utiliza várias práticas integrativas para fortalecer a comunidade. “A partir da situação problema exposta, o grupo vai apontando a estratégia de cooperação para solucionar o problema da comunidade. Como exemplo, trabalhamos com os curandeiros que estavam estigmatizados e adoecidos. Com o apoio do projeto tiveram suas competências reconhecidas e hoje participam da saúde comunitária”, conta o professor. “O maior entrave ao desenvolvimento comunitário é o indivíduo não acreditar nele, nem nos outros. Buscamos revelar o potencial daquele que sofre, nutrir a autonomia e desconstruir a atitude de desconfiança. Diante dos desafios da realidade da saúde se faz necessário ousar e utilizar os recursos respeitando as diferenças e integrando os saberes”, defende Barreto.

A implementação da Terapia de Florais na Estratégia de Saúde da Família/SUS em Mato Grosso do Sul participa do Laboratório de Inovação para mostrar os benefícios dos florais para a melhoria da saúde. Inicialmente pensada como terapia complementar para os servidores, a terapia com florais alcançou a atenção primária da cidade de Angélica e Corguinho. “Com gotas de florais estamos fazendo a diferença, o importante é apaziguar as emoções e construir um mundo melhor para nossa comunidade”, ressalta a professora Joseanne Cristina Roque, diretora do Núcleo de Implementação Estratégia para Práticas Integrativas e Complementares, da SMS/MS.

Fonte – Portal da Inovação na Gestão do SUS.

link https://www.youtube.com/watch?v=nSjImohK7nQ

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