OPAS Brasil reúne pesquisadores para colaborar com a plataforma clínica global sobre hospitalizações por Covid-19 e condições da Covid longa

O escritório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil apresentou os centros colaboradores da Plataforma Global de Dados Clínicos da Organização Mundial da Saúde (OMS). O encontro virtual ocorreu no início de agosto (3/8), com a participação dos representantes dos estabelecimentos de saúde de 62 hospitais e de 80 unidades da Atenção Primária à Saúde (APS) e de ambulatórios especializados vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A plataforma oferece um sistema unificado para inclusão de dados clínicos anonimizados de pacientes hospitalizados de Covid-19 e de usuários com condições pós-Covid. O objetivo é contribuir para a caracterização das internações hospitalares por Covid-19 e para a definição das necessidades clínicas e de reabilitação de médio e longo prazo dos usuários com sequelas pós-Covid ou Covid Longa.

“Unir as bases de dados clínicos em uma única ferramenta, possibilitando realizar compilados, é uma grande contribuição para os sistemas de saúde. O fortalecimento dessas redes, com mecanismos e ferramentas para análise de dados, também vai ajudar a avançar em outros temas”, explica Ludovic Reveiz, assessor do Departamento de Evidência e Inteligência para a Ação em Saúde da OPAS/OMS, em Washington.

O coordenador da Unidade Técnica de Sistemas e Serviços de Saúde, Roberto Tapia, explicou que a OPAS Brasil reuniu estabelecimentos de saúde que são referência no enfrentamento da doença. “Na primeira fase de contribuição à Plataforma Global da OMS, o Brasil incluiu dados clínicos anonimizados de quase 20 mil pacientes hospitalizados por Covid-19, entre março de 2020 a março de 2021. Esse trabalho resultou em uma análise sobre o perfil dos pacientes hospitalizados pela Covid-19. Agora vamos atualizar essa pesquisa com mais dados clínicos e participar do novo estudo sobre o seguimento pós-Covid da OMS”, ressalta Tapia.

 

“Apoiamos o projeto de pesquisa por meio do Termo de Cooperação com a OPAS Brasil. A ampliação do escopo do projeto é essencial para entendermos a situação que a Covid-19 deixou no país, uma situação ímpar”, explica Brunno Carrijo, diretor do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência do Ministério da Saúde. O secretário de Saúde do Estado do Espírito Santo, Nésio Fernandes de Medeiros Junior, também presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde-CONASS, expressou a importância da iniciativa. “Essas pesquisas vão garantir uma curva de aprendizagem temporalmente oportuna para que a gente consiga responder às novas necessidades de saúde decorrentes de todo impacto das diversas ondas da pandemia no Brasil. Nós continuaremos a ter que aprender e reconhecer o impacto da Covid-19 no SUS e na saúde da população”, apontou.

 

A médica infectologista, Silvia Bertagnolio, da equipe da OMS responsável pela Plataforma Clínica Global da Covid explicou que entre as questões a serem respondidas pela pesquisa diz respeito ao uso de antibióticos nos pacientes hospitalizados por Covid. “Os países têm abusado de antibióticos. Quase 70% dos pacientes hospitalizados com Covid receberam antibióticos, em todas as regiões da OMS. Temos que ter uma melhor compreensão de quais antibióticos foram prescritos e se a utilização foi justificada com base nos dados clínicos. Precisamos ter uma melhor compreensão das infecções hospitalares, incluindo patógenos resistentes. Queremos ter uma melhor compreensão da prevalência de co-infecção e infecção secundária causadas por bactéria resistente e fungos, dos fatores de risco associados com a presença de co-infecções. Para isso, adicionamos na atualização do formulário uma quantidade de variáveis para sabermos os tipos de antibióticos e esperamos que os países possam informar sobre esses dados”, explicou Bertagnolio.

 

Condição Pós–Covid ou Covid Longa

Segundo estimativa do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME) da Universidade de Washington, cerca de 3,92 bilhões de indivíduos foram infectados com Covid-19 no mundo no fim de 2021 e que 3,7% (144,7 milhões) desenvolveram as condições pós-Covid como definido pela OMS. Deste, 15% (21 milhões) têm sintomas persistentes por 12 meses. A OMS definiu a Covid Longa ou pós-Covid como “a condição que ocorre em indivíduos com história de infecção por SARS CoV-2 provável ou confirmada, geralmente três meses desde o início da Covid-19 com sintomas e que duram, pelo menos, dois meses e não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo”. Os três sintomas mais persistentes são fadiga, problemas cognitivos e falta de ar, segundo estudo.

A gerente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, Ana Cristina Ouvidor, explicou que o município integrará a pesquisa sobre o seguimento pós-Covid com toda a rede de Atenção Primária à Saúde. “As sequelas da Covid ainda são uma incógnita para nós. Vamos participar da pesquisa com informações dos prontuários clínicos dos usuários com condições pós-Covid”.

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, vinculada ao Ministério da Educação (Ebserh/MEC), participa com 41 hospitais universitários desde a primeira fase do projeto, em 2021, e integra o novo escopo do estudo. “É um impacto muito grande para a rede, estamos em todas as regiões do país e participamos com um pool de dados clínicos que é bastante importante para a pesquisa”, afirma o diretor de Ensino, Pesquisa e Atenção à Saúde na Ebserh/MEC, Giuseppe Gatto.

 

Confira os participantes do projeto

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