APSREDES

TELEORIENTAÇÃO PARA CUIDADOS COM A SAÚDE BUCAL EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19 PARA O SETOR DE PERIODONTIA

Identificação do autor responsável
Nome Município
Silvia Maria Rocha Piedade Damasceno Maringa
Autores do relato
Nome Município
Silvia Maria Rocha Piedade Damasceno Maringá
Amanda Meira Saraiva Cianorte
Mitsue Fujimaki Maringa
Flavia Matarazzo Maringa
Deborah Esperidião Fioroni Maringa
Contextualização/introdução

Quando o atendimento odontológico eletivo foi postergado, durante a pandemia da COVID 19, havia no Centro de Especialidades Odontológicas em Maringá 140 usuários em tratamento na periodontia, além dos 241 que aguardavam o agendamento da primeira consulta nesta especialidade.
Para que os pacientes não ficassem desamparados neste período, medidas de educação em saúde bucal à distância foram planejadas.
O desenvolvimento deste trabalho em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) possibilitou o padrão atualizado de informações definidas, assim como a ampliação da discussão para melhor maneira de se levar o conteúdo, considerando o perfil do grupo.

Justificativa

A periodontite pode levar a perda dentária, afetando negativamente a qualidade de vida dos indivíduos, impactando na função mastigatória, nutrição e estética. Essa patologia também pode estar relacionada a doenças sistêmicas, como diabetes e doenças cardiovasculares.
No nosso atendimento , um levantamento feito em parceria com a UEM ( 2016), revelou que na primeira consulta da periodontia, 9% dos usuários desconheciam o motivo do seu encaminhamento, 69% apenas reconheciam os efeitos da doença, 18% apontavam para a necessidade de tratamento a ser realizado pelo profissional e somente 2% reconheciam os fatores relacionados à causa.
O que nos motivou a realizar esta experiência foi a necessidade de promover uma maior compreensão por parte do usuário sobre a sua doença, a causa, os fatores de risco e sobretudo, a importância da sua participação na prevenção e no tratamento da periodontite.

Objetivo(s):

Apresentar uma estratégia de educação em saúde bucal à distância durante pandemia da Covid-19 e avaliar o grau de satisfação dos usuários da periodontia do CEO de Maringá.

Metodologia e atividades desenvolvidas

PRIMEIRA FASE – Definição do perfil dos grupos e suas necessidades específicas para determinar os temas de orientação.
Para isto, foi construído um banco de dados relativos aos 241 usuários da fila de espera , numa planilha de Excel a partir do sistema Gestor de Saúde em agendamentos na especialidade de periodontia, com as seguintes informações: nome do usuário, data de nascimento, número do SUS, Unidade Básica de Saúde, telefone, além da prioridade e o motivo do encaminhamento.
E em seguida, completado com acesso ao RELATÓRIO DE DOENÇAS POR ÁREA E MICRO do prontuário eletrônico do SUS, para um levantamento dos modificadores da doença periodontal como diabetes, tabagismo, depressão, necessidades especiais, entre outros. Neste relatório é possível levantar apenas o código internacional de doença (CID) lançado para os usuários, podendo desta forma subestimar informações para o levantamento dos modificadores da doença periodontal no grupo estudado. Além disso, não foi possível levantar dados na SMS para considerar se o usuário é tabagista.
Para os 140 usuários que já haviam iniciado o tratamento, para o banco de dados em Excel foi considerado a guia de encaminhamento para a especialidade de periodontia (motivo e prioridade do encaminhamento), além das respostas obtidas na anamnese da ficha clínica feita na especialidade – o que permitiu um levantamento mais preciso e atualizado dos modificadores da doença periodontal.
SEGUNDA FASE – O desenvolvimento do material audiovisual de suporte foram discutidos de forma remota e preparados pelos profissionais, professores e alunos (SMS e UEM).
Os alunos de pós-graduação da UEM foram responsáveis por preparar os vídeos de no máximo dois minutos, que foram disponibilizados, com os seguintes temas:
•Risco Comum – Determinante Ambiental – Pandemia Desinformação
•Periodontite – Saúde & Doença
•Causa da Doença Periodontal
•Cuidado Profissional e autocuidado
•Técnica de Higiene Bucal
•Relação entre Periodontite e Diabete
•Relação entre Periodontite e Tabagismo
•Tabagismo e Lesões Bucais – Autoexame
•A doença cárie e a necessidade de cirurgia de “aumento de coroa”
•Recessão Gengival – O que é? O que pode causar?
•Recessão Gengival – Quais as Formas de Tratamento? Como Cuidar?
•Gestante – Importância da Higiene Bucal
•Higiene Bucal para Portadores de Necessidades Especiais
•Questionário de satisfação e termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
•Texto de encerramento – Os usuários do SUS não estão sozinhos, têm um Sistema responsável, mas com responsabilidade compartilhada; a importância da saúde e a participação do usuário neste processo.

Os vídeos estão disponíveis no canal You Tube do Projeto Sorrir com Saúde da UEM.
TERCEIRA FASE – Para o contato com o usuário, a Secretaria da Saude disponibilizou internet e um tablet com o aplicativo WhatsApp Business. Por meio desse dispositivo convidamos os 381 usuários, dos quais 194 responderam que aceitaram participar, 21 não aceitaram participar e 166 não responderam. Importante ressaltar que a faixa etária média para este grupo de usuários do SUS foi de 48 anos.
Desta forma, durante 4 meses mantivemos o contato pelo WhatsApp com 194 usuários, com vídeos semanais e textos complementares para estímulo ao diálogo, que motivasse o usuário a participar do seu tratamento, relacionando os fatores de risco, além de responder dúvidas. Na penúltima semana, foi enviado o questionário de satisfação.

Quais os resultados alcançados

Na penúltima semana do projeto, foi enviado o questionário de satisfação e termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), com as seguintes perguntas: 1.Como o sr(a). se sentiu com o recebimento dos vídeos e informações pelo WhatsApp? (Índice de satisfação crescente de 1 a 5) 2.O sr(a). recomendaria os vídeos para outras pessoas? (Índice de satisfação crescente de 1 a 5) 3.Os vídeos te motivaram a mudar algum hábito de saúde? (exemplos: melhorou a alimentação, os cuidados com o corpo, com a saúde bucal, etc…) (sim ou não) 4.Caso tenha respondido SIM na questão anterior, qual foi o hábito modificado? (dissertativa) 5.Fique à vontade para dar sugestões para melhoria do atendimento ao usuário: (dissertativa). Dos 194 usuários que participaram, 78 responderam ao questionário e em primeira resposta, 93,6% afirmaram que se sentiram motivados a mudar de hábito para melhorar a sua saúde e 6,4% afirmaram que não se sentiram motivados com o trabalho desenvolvido.
A análise quantitativa e qualitativa do questionário de satisfação foi disponibilizada em fevereiro de 2021, resultado da dissertação mestrado da cirurgiã-dentista Amanda Meira Saraiva intitulada “Satisfação de usuários do SUS quanto à educação em saúde bucal à distância do CEO, durante a pandemia da COVID 19” orientada pela Prof.ª Drª Flávia Matarazzo, UEM.

Considerações finais

Essa experiência foi importante como estratégia de fortalecimento para adesão do usuário ao tratamento da periodontite, enfatizando o autocuidado. A ferramenta WhatsApp é de baixo custo, bastante aceita pelo brasileiro e permite um trabalho coletivo e que preserva, nas respostas individuais, a privacidade de cada usuário. Com a volta do tratamento odontológico eletivo, o projeto foi concluído. No entanto, é uma prática que pode ser desenvolvida concomitantemente ao tratamento curativo pelo profissional do SUS, na especialidade e na atenção básica, valorizando a educação em saúde.

Galeria de Imagens