Serviço de Estomatologia do Centro de Especialidades Odontológicas: Experiência da rede municipal de Florianópolis no fortalecimento da APS para o diagnóstico precoce de lesões bucais e manejo Estomatológico

Identificação do autor responsável
Nome Município
LISIANE CANDIDO FLORIANÓPOLIS
Autores do relato
Nome Município
LISIANE CANDIDO FLORIANÓPOLIS
VALESKA MADALOZZO PIVATTO FLORIANÓPOLIS
FÁBIO HENRIQUE DIAS DA SILVA FLORIANÓPOLIS
MÔNICA DE SOUZA NETTO MELLO FLORIANÓPOLIS
VIVIANE PAULA PANISSON FLORIANÓPOLIS
JULIANA SANTOS DE SIMAS FLORIANÓPOLIS
Contextualização/introdução
O processo de raciocínio clínico para o diagnóstico de lesões bucais ou afecções estomatológicas foi identificado como uma fragilidade dos odontólogos da Atenção Primária à Saúde (APS) no município de Florianópolis-SC. O subdiagnóstico de lesões bucais malignas em momento oportuno para o melhor tratamento e sobrevida do paciente, bem como o diagnóstico de tumores bucais em estágios avançados foi um ponto motivador para pautar as ações do CEO em processos metodológicos de educação permanente e proximidade do especialista com os odontólogos da APS.
Justificativa
Identificar lesões bucais de forma precoce, bem como atuar no âmbito da prevenção do câncer bucal são ações fundamentais para o serviço público de saúde, dadas a gravidade da doença e os custos para o sistema e para o usuário acometido. Desta forma, qualificar os profissionais da APS sobre questões estomatológicas significa ampliar o olhar para identificação de casos importantes, e também, salvar vidas. Durante a pandemia COVID-19 a odontologia da rede municipal de Florianópolis precisou adequar-se às novas ferramentas de educação e diagnóstico à distância. Foi nesse momento de maior dificuldade que a rede se organizou e fortaleceu os mecanismos de educação à distância, treinamentos remotos e a prática do matriciamento via e-mail. Os atendimentos no CEO são, na sua grande maioria, eletivos, mas o diagnóstico de câncer bucal, é urgente, então, considerando tal contexto, o município de Florianópolis se adequou ao “novo normal pandêmico” e fortaleceu a comunicação à distância entre pacientes e profissionais da APS e entre profissionais APS – CEO.
Objetivo(s):
Apresentar a experiência da rede municipal de saúde Florianópolis na construção um serviço especializado de estomatologia e pautar as ações de prevenção ao câncer bucal em treinamento e educação permanente para as equipes de saúde bucal do município, bem como monitorar os indicadores de encaminhamento da APS sobre estomatologia.
Metodologia e atividades desenvolvidas
A construção do serviço foi desenvolvida em 7 etapas: 1) contratação de uma especialista em estomatologia; 2) sensibilização e treinamento dos odontólogos da rede municipal de Florianópolis; 3) criação de protocolo de encaminhamento para a especialidade, considerando os aspectos de integralidade e equidade, aproximando o setor de regulação à APS e ao CEO; 4) contratação de laboratório de anatomia patológica; 5) atendimento dos usuários do SUS no CEO com fila 100% regulada (regulação feita por profissional odontólogo); 6) matriciamento de casos via e-mail e seleção de casos para matriciamento “in loco”, onde a especialista dirige-se à unidade de saúde e realiza o atendimento do usuário na APS, fortalecendo o elo entre o paciente e o odontólogo da APS e também qualifica o atendimento estomatológico; 7) desenvolvimento de uma ferramenta de manejo clínico para o profissional da APS conduzir o diagnóstico de lesões bucais e afecções estomatológicas na APS; 8) monitoramento do indicador de encaminhamento para a estomatologia baseado na estimativa populacional de casos de câncer bucal e de usuários com necessidade de biópsia.
Quais os resultados alcançados
Proximidade da APS e do CEO; Maior resolutividade da APS, com a utilização da ferramenta de manejo clínico e do matriciamento com especialista; O agendamento das consultas acontece conforme os princípios de equidade e integralidade, de forma 100% regulada e seguindo protocolo de encaminhamento e classificação de risco – quem precisa mais, chega primeiro; Os casos referenciados para o CEO são os que realmente necessitam da conduta da especialista, uma vez que casos que podem ser manejados na APS não são referenciados para o CEO; Qualificação técnica dos odontológos que atuam na APS por meio de treinamentos contínuos de utilização da ferramenta de manejo clínico e educação continuada para o melhor reconhecimento de lesões bucais e descrição das mesmas com detalhamento, permitindo a classificação de risco com mais precisão; Identificação da população de maior risco para o desenvolvimento de câncer de boca; Sensibilização das equipes de saúde bucal para o monitoramento do indicador de encaminhamento baseado na estimativa populacional de casos suspeitos de câncer.
Considerações finais
A comunicação entre APS, regulação e CEO é o elo forte no combate ao câncer bucal. Quanto mais a especialidade permeia a atenção primária por meio de educação continuada e matriciamento, seja à distância ou presencial, mais competentes e preparados são as equipes de saúde bucal da APS para o reconhecimento de lesões e encaminhamento à especialidade. A estomatologia é um tema desafiador para o clínico geral e o município que investe em profissionais especializados tem menos custos com o tratamento de consequências de doenças como o câncer bucal. É fundamental que se monitorem os números de encaminhamentos para estomatologia com base na estimativa populacional de casos suspeitos de câncer, visando estimular o exame clínico e anamnese minuciosos dos profissionais da APS. O município de Florianópolis traz a recomendação de fortalecer a rede de atenção em saúde bucal proporcionando espaços de troca entre profissionais de diferentes níveis de atenção à saúde. Organizar a demanda com a aplicação de protocolos condizentes com a necessidade da população reduz o tempo de espera para o tratamento em serviços hospitalares e minimiza as consequências físicas e emocionais que o tratamento oncológico proporciona ao usuário.
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