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Odontologia Hospitalar – Laser de baixa potência em pacientes internados em um hospital municipal

Identificação do autor responsável
Autores do relato
Nome Município
Viviane de Souza Gubert Curitiba
Juliane Marchioro Curitiba
Regiane Mendes Tarocco Borsato Curitiba
Rosane Kraus Curitiba
Clóvis Cechinel Curitiba
Contextualização/introdução
A rede de saúde bucal do município de Curitiba oferta serviços odontológicos para uma população de aproximadamente 2.000.000 de habitantes. A atenção primária, que é a ordenadora e organizadora da rede, é composta por 108 Unidades Básicas de Saúde com clínicas odontológicas. Em casos que se esgote os recursos da atenção primária, o usuário é encaminhado para a atenção especializada, que acontece dentro dos centros de especialidades odontológicas (CEO). A atenção hospitalar acontece no Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns e em hospitais contratualizados. Além do atendimento de pacientes especiais sob analgesia, o Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns (HMIZA) conta com uma cirurgiã-dentista diariamente na equipe multidisciplinar, com o objetivo de atender todas as admissões do centro de terapia intensiva e as demandas da unidade de internação. O foco do atendimento odontológico é direcionado na prevenção da pneumonia por ventilação mecânica, para o tratamento dos quadros agudos de infecção, exodontias, prevenção, diagnóstico e tratamento das lesões orais, orientação de higiene oral, restaurações provisórias, reembasamento de próteses, entre outros. Uma condição que pode acometer pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI) é a sialorreia, como resultado da hipersecreção glandular ou pela redução do reflexo de deglutição. Esta situação pode levar ao atraso da extubação, aumentar o tempo da ventilação mecânica e o risco de desenvolver a pneumonia por ventilação mecânica. Quando o paciente apresenta sialorreia e não responde às medicações, a equipe tem dificuldade de evoluir o plano de cuidado. O tratamento desta condição é bastante variado, dentre eles está o uso dos anticolinérgicos, que podem apresentar efeitos colaterais. Por essa razão, foi iniciado um projeto piloto de uso do laser de baixa potência para os casos de sialorreia persistente ao tratamento medicamentoso. O uso do laser de baixa potência na odontologia hospitalar já está bem consolidado, pode ser utilizado para tratar as lesões orais, realizar a analgesia e estimular/inibir as glândulas salivares nos casos de hipo e hipersalivação. Em pacientes disfágicos que apresentam sialorreia, o laser contribui para a modulação do fluxo salivar, favorecendo a reabilitação da disfagia e a introdução da dieta via oral. A equipe multidisciplinar acompanhou a evolução dos pacientes e auxiliou na avaliação da melhora clínica dos pacientes tratados com o laser de baixa potência.
Justificativa
Ao observar pacientes que não apresentavam evolução do plano de cuidado dentro da UTI devido à sialorreia persistente, mesmo com medidas otimizadas, optou-se por iniciar um projeto piloto com o laser de baixa potência, já consolidado na odontologia como agente estimulador ou inibidor de glândulas salivares.
Objetivo(s):
Utilizar a laserterapia em pacientes internados na UTI com quadro de sialorreia, que não respondem ao tratamento proposto, com o intuito de reduzir a produção salivar e consequentemente evoluir o plano de cuidado. Utilizar a laserterapia em pacientes no estágio inicial da sialorreia para evitar o uso da medicação sistêmica quando possível.
Metodologia e atividades desenvolvidas
A equipe multidisciplinar, ao constatar atraso nos processos de extubação, ao desinsuflar o cuff, nas trocas das cânulas da traqueostomia, devido à sialorreia persistente ao tratamento medicamentoso, solicita avaliação odontológica para início do protocolo piloto de laserterapia. Na avaliação inicial é considerado o volume de saliva aspirada pela equipe ao longo do plantão. Na sequência é realizada a aspiração inicial, o protocolo de higiene oral da instituição, a aplicação do protocolo piloto de laserterapia nas glândulas salivares maiores e por fim, a aspiração final. O tratamento proposto abrange as glândulas parótidas, submandibulares e sublingual. O laser é aplicado no comprimento de onda infra-vermelho e energia de 9 Joules, aplicado em um único ponto em cada glândula salivar. A aplicação é realizada diariamente e adaptada conforme a evolução de cada caso. Quando se observa melhora, é optado por redução dos pontos de aplicação e espaçamento entre as aplicações. O tratamento varia conforme a resposta de cada paciente. O protocolo piloto de laserterapia leva em consideração o plano de extubação dos pacientes em intubação orotraqueal, o desinsuflar do cuff nos pacientes traqueostomizados e a otimização da frequência de deglutição espontânea de saliva nos pacientes disfágicos.
Quais os resultados alcançados
A equipe observou pequena redução do fluxo salivar a partir do segundo dia de aplicação do laser e redução significativa a partir do terceiro dia, sendo necessária a manutenção diária ou com intervalos, conforme cada caso. O uso do laser na redução do fluxo salivar dos pacientes com sialorréia persistente, mesmo com medidas otimizadas para redução, tem favorecido a melhora do quadro de sialorreia nos pacientes avaliados, para uma melhor evolução do plano de cuidado.
Considerações finais
A utilização do laser de baixa potência nos casos de sialorreia, melhorando os quadros persistentes, demonstrou para a equipe a possibilidade de um recurso terapêutico local, sem efeitos colaterais, com bons resultados. A utilização do laser de baixa potência já está bem estabelecida nos transtornos das glândulas salivares, principalmente nos casos de hipossalivação. No entanto, no ambiente hospitalar, a aplicação nos casos de sialorreia, ainda é pouco descrita. Tornar a prática rotineira poderá reduzir o uso dos medicamentos sistêmicos, reduzir o tempo de internamento e proporcionar qualidade de vida ao paciente. Com os bons resultados do projeto piloto, a instituição solicitou compra do laser de baixa potência como equipamento definitivo do Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns. A avaliação da redução do fluxo salivar ainda é realizada visualmente, sugere-se desenvolver um projeto de pesquisa com o objetivo de levantar os dados e mensurar o fluxo salivar para confirmação dos resultados e, possivelmente, padronizar os protocolos terapêuticos. Dessa forma, os resultados obtidos poderão ser compartilhados e aderidos por outras instituições.
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