Implementação de higiene oral nos pacientes submetidos a entubação orotraqueal e acamados na Unidade de Pronto Atendimento de Araucária visando a prevenção de infecções nosocomiais.

Identificação do autor responsável
Nome Município
Carolina Mendes Frusca do Monte Araucária
Autores do relato
Nome Município
Carolina Mendes Frusca do Monte Araucária
Giovanna Iwersen Pucci Honaiser Araucária
Kátia Renata Antunes Araucária
Contextualização/introdução

Atuo como cirurgiã-dentista na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Municipal de Araucária (HMA) duas vezes na semana para avaliação clínica e auxílio na higiene oral dos pacientes internados. A ideia do projeto surgiu após conversa durante uma reunião do Comitê de Segurança ao Paciente entre a enfermeira responsável técnica da UPA e a cirurgiã-dentista responsável técnica da Odontologia da Prefeitura do Município de Araucária sobre a importância da higiene oral e a presença de um cirurgião-dentista na equipe multiprofissional, a fim de intervir na manutenção da saúde bucal dos pacientes críticos e evitar o agravamento de condições sistêmicas. No entanto, como os cirurgiões-dentistas que atuam na UPA são responsáveis pelo atendimento de urgências e emergências odontológicas da população do município, sendo inviável no auxílio a equipe de enfermagem na execução da higiene oral nos pacientes em observação, foi proposto um curso de capacitação a equipe de enfermagem para ampliar os conhecimentos, melhoras as habilidades profissionais, instituir um protocolo para facilitar e propiciar segurança ao executor, com o objetivo de implementar esse cuidado na UPA para a prevenção, principalmente, de pneumonias nosocomiais.

Justificativa

A justificativa para a realização desse projeto é a prevenção de agravos, principalmente a pneumonia nosocomial, evitando que o paciente transferido já chegue no serviço hospitalar com seu estado de saúde geral agravado. Considerando que a PAVM pode se desenvolver nas primeiras 48 horas a partir da entubação e até 72 horas depois da extubação, e que o tempo de permanência do paciente na UPA é de 24 horas, sendo necessário, muitas das vezes, intervenções antes da transferência ao serviço hospitalar, é imprescindível a instituição de um protocolo de higiene oral desde esse primeiro momento. A prática diária de cuidados bucais, geralmente, é realizada pela equipe de enfermagem que afirma saber da importância da higienização correta e reconhece sua responsabilidade sobre essa conduta. No entanto, não possui conhecimento suficiente para a execução adequada, já que esses profissionais não receberam capacitação e treinamento específico durante seus cursos de habilitação a respeito dos métodos de controle de placa que originam as principais patologias orais. Além disso, a maioria desconhece recursos de higiene oral que podem ser utilizados em ambiente hospitalar para prevenção de agravos e a recuperação do paciente.

Objetivo(s):

Realizar um curso de capacitação em higiene oral em pacientes entubados e acamados para os profissionais da equipe de enfermagem que atuam na UPA;
Implementar a prática diária de cuidados bucais durante o tempo de permanência do paciente na UPA;
Instituir um protocolo de higiene oral em pacientes entubados e acamados na UPA;
Prevenção de pneumonias nosocomiais.

Metodologia e atividades desenvolvidas

A primeira etapa desse projeto foi a aplicação de um curso de capacitação de higiene oral em pacientes entubados e acamados para os profissionais da equipe de enfermagem da UPA por meio de uma aula expositiva com conteúdo teórico e prático, abordando os seguintes temas: anatomia da boca, cavidade oral, microbiota oral, higiene oral, paciente hospitalizado, paciente com entubação orotraqueal sob ventilação mecânica (PAVM), prevenção da PAVM, importância da higiene oral em pacientes entubados e acamados, clorexidina 0,12%, materiais necessários para a higiene oral, preparação do material, protocolo de higiene oral em pacientes entubados e acamados e situações comuns na cavidade oral de pacientes entubados.

Quais os resultados alcançados

Em um primeiro momento foi possível conscientizar e motivar a equipe de enfermagem sobre a importância e como deve ser realizada a higiene oral em pacientes entubados e acamados. Além disso, foi possível notar um empenho para providenciar o material necessário para começar a implementar esse cuidado o mais breve possível nos pacientes da UPA. Espera-se que esse cuidado seja implementado e realizado rigorosamente em todos os pacientes a fim de prevenir agravos e evitar que o paciente transferido chegue ao hospital com morbidades provenientes da falta de higiene oral.

Considerações finais

Essa experiência é importante para motivar a equipe de enfermagem a adotar a prática diária de cuidados bucais, além de conscientizá-los sobre sua importância para a prevenção de agravos e a recuperação do paciente. Nos últimos anos, houve diversos avanços na área de Odontologia Hospitalar. O debate sobre a higiene oral em paciente com entubação orotraqueal sob ventilação mecânica invasiva tem ganhado relevância em razão da atenuação de agravos, diminuição da incidência da PAVM, diminuição do tempo de internação do paciente e redução de custo para os serviços hospitalares, principalmente unidades de terapia intensiva (UTIs). Entretanto, a literatura torna-se escassa em relação a implementação desse cuidado nas UPAs, como forma de abordar a prevenção de infecções nosocomiais. O tempo de permanência do paciente na UPA é de 24 horas, sendo necessário, muitas das vezes, intervenções antes da transferência ao serviço hospitalar, por isso, torna-se imprescindível a instituição de um protocolo de higiene oral desde esse primeiro momento.
Estima-se que a capacitação de higiene oral seja divulgada e realizada em outras instituições a fim de disseminar e implementar essa prática entre as equipes de enfermagem.
Uma das principais dificuldades é a falta do material adequado para realizar a higiene oral de forma eficiente não só em UPAs, como também em hospitais. Além disso, conseguir com que a equipe adote essa prática como um hábito que deve ser realizado todos os dias, no mínimo a cada 12h, e em todos os pacientes, porque, pelo relato dos profissionais, esse cuidado não é realizado de forma padronizada e rotineiramente. Algumas formas de enfrentar essas situações são: o providenciamento do material adequado, conscientização desses profissionais, instituir um protocolo para que o cuidado seja realizado de forma efetiva e proporcionar segurança ao executor e a responsabilização do enfermeiro na motivação da sua equipe.

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