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Gestão Consorciada Itinerante

Identificação do autor responsável
Nome Município
Edlane Martins de Andrade Brejo Santo
Autores do relato
Nome Município
Edlane Martins de Andrade Brejo Santo
Janini Filgueira Rosas Juazeiro do Norte
Helen Barros Miranda Lucena Brejo Santo
Renata Bezerra de Moura Brejo Santo
Contextualização/introdução

Em meio a um cenário de recursos limitados e da crescente demanda por serviços, a prestação de serviços públicos na saúde é repleta de desafios aos gestores, tornando à busca para alcance da eficiência uma missão constante.
Na busca por ampliar as ações de saúde, mesmo em meio a um cenário árido, de escassez de recursos financeiros para o financiamento da saúde, o governo do estado do Ceará desenvolveu, entre 2009 e 2016, o Programa de Expansão e Melhoria da Assistência Especializada do Estado do Ceará (PROEXMAES), que objetivou a ampliação do acesso e o incremento da qualidade dos serviços especializados de saúde, além da integração entre os distintos níveis de atenção para o fortalecimento da regionalização dos serviços de saúde. Para tanto, firmou um contrato de empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Por meio do PROEXMAES, foi possível a ampliação da oferta de serviços de saúde especializados para 21 regiões de saúde do estado.
No âmbito do programa, o Centro de Especialidades Odontológicas Regional de Brejo Santo (CEO-R) é uma das 22 unidades especializadas em serviços odontológicos construídos pelo Governo do estado do Ceará, as quais estão sob gestão dos Consórcios Públicos de Saúde. A preocupação na adoção de medidas que garantissem o acesso da população à assistência à saúde nos níveis de média complexidade tornou-se importante item da agenda dos formuladores e gestores de saúde do estado, em especial aos residentes do interior que enfrenta maiores obstáculos no acesso a serviços de saúde especializados, dificultando a solução dos seus problemas (CEARÁ, 2009).
Com o desafio de ampliar e qualificar a oferta de serviços odontológicos especializados, o CEO-R é uma continuidade do trabalho realizado pela equipe de saúde bucal inserira na Estratégia Saúde da Família pela atenção básica (CEARÁ, 2009).
Com uma carta de serviços nas especialidades de: endodontia, periodontia, ortodontia, prótese dentária, cirurgia oral menor e o atendimento aos pacientes com necessidades especiais, além dos serviços de apoio diagnóstico como exames de imagens e até mesmo diagnóstico de câncer de boca; o CEO-R de Brejo Santo inaugurado em 2011, integra a 19º Regional de Saúde com uma população estimada em 210.792 habitantes dos municípios de Abaiara, Aurora, Barro, Jati, Mauriti, Milagres, Penaforte, Porteiras e Brejo Santo (CEARÁ, 2018).
No ano de 2021, o CEO Regional de Brejo Santo realizou 24.243 atendimentos e procedimentos odontológicos. Entretanto, algumas metas não foram atingidas indicando a subutilização de alguns serviços pelas altas taxas de faltas de pacientes a unidade, em torno de 23 %, além de outros problemas como: inconsistência dos encaminhamentos/referência, falta de vagas no transporte para tratamento fora domicílio (TFD) e problemas de comunicação entre pacientes e as centrais de marcação .
Desta forma, pensando em estar mais próximos aos entes consorciados e buscar entender as dificuldades locais, que o Consórcio Público de Saúde da Microrregião de Brejo Santo (CPSMBS), gestor do CEO-R de Brejo Santo e da Policlínica de Brejo Santo lançou o Consórcio Itinerante. Essa proposta iniciada em 2022 busca compreender e propor estratégias que viabilizem o acesso à população aos serviços, que para esse trabalho, focaremos no CEO-R de Brejo Santo.

Justificativa

As altas taxas de falta dos pacientes de 1ª vez e de retorno, inconsistência dos encaminhamentos dos pacientes a unidade pela alta rotatividade de profissionais dentistas na atenção básica, problemas de comunicação entre as centrais de marcação e os pacientes a respeito das datas de agendamento e logística do transporte sanitário para deslocamento dos pacientes impactam diretamente na qualidade de trabalho da equipe, estendendo ainda mais o tempo entre as marcações e a conclusão do tratamento prejudicando outros pacientes que poderiam ser atendidos no lugar dos faltosos. Portanto, esses fenômenos geram desassistência à população e sua ocorrência está sendo estudada para que esses motivos fossem combatidos.

Objetivo(s):

•Aumentar o comparecimento de pacientes agendadas, conforme o perfil assistencial do CEO Regional de Brejo Santo.
•Fortalecer o vínculo do CEO Regional de Brejo Santo com os entes Consorciados.
•Propor soluções que reduzam as faltas dos pacientes ao tratamento odontológico.
•Fortalecer integralidade do cuidado, por meio da continuidade do cuidado entre os equipamentos de saúde.

Metodologia e atividades desenvolvidas

Para alcançar os objetivos, o Consórcio Itinerante lançou a proposta de elaboração de um calendário para execução das reuniões a ser realizada nos municípios consorciados com a presença de todos os dentistas da Equipe de Saúde Bucal, coordenador municipal de saúde bucal e CEO municipal, coordenador das centrais de marcações municipais; além do gestor do CEO Regional e um cirurgião-dentista representante também desta unidade.
As reuniões foram agendadas conforme a disponibilidade dos municípios e estão ocorrendo durante todo esse ano de modo que não comprometa os atendimentos aos pacientes. Durante a realização desse trabalho estão sendo pautadas algumas considerações pelos municípios já visitados: o paciente que teve sua consulta agendada para o qual foi emitido o boleto de marcação e a informação não chegou ao paciente em tempo hábil; o paciente não buscou o boleto de agendamento e não disponibilizou um meio de contato viável – principalmente aos moradores da zona rural; alguns profissionais desconheciam a logística do tratamento fora domicílio (TFD), realizado pelo Consórcio Público de Saúde da Microrregião de Brejo Santo e agendamentos realizados pelas centrais de marcação/regulação.
Ainda em discussão sobre os encaminhamentos fora do perfil dos serviços assistenciais da unidade, identifica-se que devido à rotatividade dos cirurgiões-dentistas nas equipes de saúde bucal na atenção básica, boa parte não conhecem os critérios recomendados pelo Manual de especialidades em saúde bucal / Ministério da Saúde.

Quais os resultados alcançados

•Os pacientes serão lembrados 72h antes do dia da consulta por uma ligação telefônica ou SMS ou Whatsapp. Em caso insucesso, o horário será liberado para outro paciente.
•As centrais de marcações passarão a consultar o paciente sobre preferências de turnos (manhã ou tarde) e datas (disponíveis) no momento do agendamento; além de identificar os usuários moradores da sede e da zona rural. Assim como, o agendamento ao transporte sanitário fora domicílio.
•Trabalhar em conjunto com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) no que diz respeito à brevidade da entrega dos boletos de marcação aos usuários e a conscientização dos mesmos sobre o não comparecimento ao tratamento odontológico no CEO Regional. E, por fim,
•Atualização, confecção e distribuição de um Manual de Serviços Odontológicos produzido pelo CEO Regional de Brejo Santo sobre os serviços ofertados, procedimentos realizados e critérios de inclusão e exclusão, conforme o perfil das especialidades odontológicas da unidade.

Considerações finais

Em suma, a experiência dessa intervenção está sendo considerada positiva uma vez que vem reduzindo o número de faltas dos pacientes, alinhando com os cirurgiões-dentistas da atenção básica os critérios de inclusão dos usuários, conforme perfil do serviço da unidade; além de permitir alinhamentos dos protocolos de atendimento entre os dois equipamentos de saúde promovendo maior acessibilidade e integralidade do cuidado. Outra análise que já pôde ser evidenciada é o mau uso do sistema de saúde, traços culturais peculiares ao local e falta de debate sobre a responsabilização do paciente pela qualidade do serviço que consome. Ainda acrescido a isso a desmotivação de alguns profissionais das Equipes de Saúde Bucal que por vezes não tem condições de desempenhar um bom trabalho; treinamentos escassos e falta de indicador monitoramento sobre as atividades também colaboram para consolidar um despreparo crônico e, por vezes, desassistência na saúde tanto primária quanto secundária.

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