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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE ALTERAÇÕES BUCAIS EM PACIENTES HOSPITALIZADOS POR COVID-19: A ATUAÇÃO DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR.

Identificação do autor responsável
Nome Município
CARLA WELCH DA SILVA FORTALEZA
Autores do relato
Nome Município
LUANDA ASHLEY MENEZES ESTÁCIO FORTALEZA
ISAAC MULLER DE SOUSA MAIA FORTALEZA
CAMILA LÔBO DE OLIVEIRA FORTALEZA
ELIARDO SILVEIRA SANTOS FORTALEZA
Contextualização/introdução

A doença por coronavírus 2019 (COVID-19) tem um impacto massivo em todo o mundo como resultado do modo de disseminação da infecção, da síndrome respiratória aguda grave resultante e do número global de mortes. Diante deste cenário, os cirurgiões-dentistas que compõe a equipe multidisciplinar no Hospital Geral de Fortaleza realizaram atendimentos à beira leito dos pacientes hospitalizados por COVID-19, através do programa de residência uniprofissional em odontologia hospitalar e com o apoio da direção e chefias médica e odontológica.

Justificativa

Considerando que a fisiopatologia da COVID-19 não estava totalmente esclarecida e com crescente número de solicitações da avaliação odontológica por possível associação da doença e sua repercussões bucais, a equipe da odontologia hospitalar observou que o agravamento da doença estava relacionado com a piora da condição odontológica em pacientes acometidos pela doença e que a condição geral do paciente não só prolongava o tempo de hospitalização como aumentava o risco de maiores sequelas e de morte.

Objetivo(s):

Prestar assistência odontológica em pacientes com COVID-19, diagnosticando alterações bucais e direcionando o tratamento.

Metodologia e atividades desenvolvidas

O presente estudo foi realizado no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). O hospital em questão é o maior hospital público da rede estadual, referência em procedimentos de alta complexidade. Foi um dos principais hospitais no combate à pandemia. Em sua capacidade máxima o HGF atendeu com quatro unidades de terapia intensiva (UTI), três enfermarias exclusivas para o tratamento de pacientes com Covid-19 e o anexo (hospital de campanha). Os exames odontológicos foram realizados pelos residentes de odontologia hospitalar com auxílio de lanterna, gaze e espátula de madeira. A mucosa bucal foi avaliada mediante a inspeção visual e palpação digital obedecendo a seguinte sequência: vermelhão e mucosas labiais, mucosa jugal, assoalho de boca, língua, gengivas, palato duro e palato mole, investigando a presença e alterações da normalidade tais como: lacerações, lesões brancas, lesões vermelhas, nódulos, pápulas, descamação, vesículas ou bolhas, ulcerações e alterações de cor da mucosa.

Quais os resultados alcançados

Um total de 200 pacientes foram avaliados e acompanhados pelo serviço de odontologia hospitalar, observamos que estes, em sua maioria, apresentaram lesões ulcerativas em região peribucal e bucal, infecções fúngicas, bacterianas e virais oportunistas. As principais terapêuticas realizadas incluíram prescrições medicamentosas de antifúngicos e antivirais associadas à fotobiomodulação para o reparo tecidual, quando necessário, até a remissão total das lesões e alta odontológica. Àqueles que receberam alta e ainda necessitavam de acompanhamento odontológico permaneceram ambulatorialmente. Desta forma, os pacientes acompanhados receberam assistência especializada e houve amplitude da visão da equipe multidisciplinar quanto a necessidade do diagnóstico e manejo odontológico, sendo o cirurgião-dentista mais solicitado e atuante dentro do contexto hospitalar, tendo assim, nosso objetivo alcançado.

Considerações finais

A atuação permanente através busca ativa à beira leito se mostrou de grande valia para um diagnóstico e tratamento precoce e é completamente reproduzível em ambientes de atenção terciária, o que confere mais uma competência do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar. A experiência proporcionou observar que o perfil de pacientes com COVID- 19 manifestam alterações bucais, dentre as principais, as úlceras em região de lábios e infecções oportunistas e que o uso da terapia fotobiomoduladora associada a terapias sistêmicas proporcionaram o tratamento adequado. No contexto de pandemia, alguns serviços tiveram seus atendimentos suspensos ou restritos a urgências odontológicas, ao passo que a residência em odontologia hospitalar fortaleceu seu papel e em conjunto com as demais especialidades e ofereceu uma assistência integral ao paciente. Dentre as principais dificuldades dessa experiência, podemos relatar a exposição do profissional da saúde dentro do contexto da pandemia com a falta de um ciclo completo de vacinação, o que reforça a capacitação do cirurgião-dentista diante dos princípios de biossegurança; assim como a falta de atuação prévia da odontologia, o que refletiu em um questionamento diante das chefias médicas sobre a real importância da atuação dos cirurgiões-dentistas dentro das unidades e enfermarias de combate a COVID-19, diante de um paradigma de apenas médico e enfermeiros atuando em linha de frente. Nossa atuação proporcionou relatar a experiência sobre essa temática, permitindo um melhor manejo odontológico desses indivíduos, além de um conteúdo científico de qualidade sobre o tema.

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