1.INTRODUÇÃO
No final de 2019, durante um surto de pneumonia de causa desconhecida é descoberto o agente etiológico da síndrome respiratória aguda grave, de alta transmissibilidade (SARS-CoV-2), denominada coronavírus 2019 – COVID 19 (HEYMANN; SHINDO, KANG D, et al., 2020).
Os sintomas da doença podem variar de sintomas leves a graves e as intervenções mais eficazes são medidas não farmacológicas tais como, uso d, distanciamento social e isolamento dos casos confirmados e seus contatos (SHAN, 2019).
Após expressivo número de casos dispersos em mais de 100 países, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou o status pandêmico (CAVALCANTE et. al., 2020).No Brasil, a situação epidemiológica começa a atrair maiores preocupações no mês de fevereiro de 2020 quando é declarado situação de emergência pública de importância nacional.
No cenário epidemiológico brasileiro, ganham foco as ações assistenciais e de vigilância em saúde, ambas garantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)(MS, 2017, OPAS 2020)e executadas em todas as esferas de complexidade do Sistema. Mas, é na Atenção Primária (APS), o primeiro nível de atenção do SUS que desejamos dar ênfase.
A APS está inserida nos preceitos da Lei 8080/1990 que dispõe que a saúde é um direito do usuário e dever do Estado, sendo a assistência balizada pelos princípios da universalidade e integralidade (MS, 1990). É no âmbito da APS que configura-se a estratégia de ordenação da rede de saúde de um determinado local, com o propósito de atender os usuários de maneira integral, regionalizada, contínua e sistematizada. Perpassando pelas ações de prevenção, curativas e de reabilitação (MS, 2017) este setor se configura como a principal porta de entrada do SUS. E não foi diferente sua representatividade de acesso durante a Pandemia de COVID 19. Em mais de um ano de pandemia, muitas vidas foram perdidas e famílias ainda lutam para vivenciar seus lutos.
O enfrentamento e contenção de controle da pandemia se diferiram de maneira significativa em todas as regiões do país. O Estado de São Paulo, por sua potência econômica e política, sendo considerada a 21ª maior economia do mundo, teve destaque na condução da pandemia, sendo o primeiro estado a ser contemplado com a vacinação (ESTADO DE SÃO PAULO, 2021).
Ademais, outros locais do estado também foram alvo de visibilidade, sendo eles, o município de Serrana e Botucatu, este último em apenas um dia vacinou cerca de 65 mil pessoas.
Neste contexto, será descrito o relato de experiência envolvendo o serviço estruturado na cidade de Botucatu, no controle da pandemia
1.1.CENÁRIO
A cidade está situada à 235 km da capital, possui população de 148.130 mil habitantes, distribuídos em uma área de 1.483 Km2 divididos em área urbana, rural e ainda possui os distritos de Cesar Neto, Rubião Junior e Vitoriana (IBGE, 2017).
Possui economia mista, com notoriedade para a indústria e agropecuária e tem como destaque a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e o Hospital das Clínicas de Botucatu que é referência de saúde para todas as regiões do País (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE,2021).
É município em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada pela NOA01/02, é sede do Colegiado de Gestão da Região de Saúde de Botucatu (CGR Pólo Cuesta) (IBGE, 2017).
Botucatu é referência secundária e terciária, para os treze municípios do CGR Pólo Cuesta. Conta com um importante hospital, o Hospital das Clínicas da Unesp de Botucatu, habilitado como Centro de Referência em Terapia Renal Substitutiva, Neurologia III, Alta Complexidade em Ortopedia, Centro de Referência Cardiovascular, Serviço de Oftalmologia, Parto de Alto Risco, sendo ainda importante centro transplantador de rins, córnea, rins e pâncreas e captador de órgãos.
A rede de saúde de Botucatu e é composta é composta por: O Município conta com 21 Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo destas 13 trabalhando na lógica da Estratégia Saúde da Família, compondo 19 equipes de saúde. As demais UBS trabalham na forma tradicional realizando o atendimento básico para a sua área de abrangência. Dentre estas, as policlínicas são referências em pediatria, ginecologia e obstetrícia e clínica geral e há dois Centros de Saúde Escola.
A Estratégia Saúde da Família, após alguns anos de discussão, teve a primeira unidade implantada em 2003. Este programa vem priorizando áreas periféricas e com população em piores condições de vida e saúde e, atualmente, atende a aproximadamente 40% da população do município.
Ainda, na estrutura de saúde, conta com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador – CEREST (referência para parte do Departamento Regional de Saúde 6 – DRS 6) e com ambulatório de especialidades odontológicas (CEO), rede de saúde mental composta por: Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I, II, infantil e AD), Residências Terapêuticas e Lares Abrigados, Hospital Psiquiátrico “Professor Cantídio de Moura Campos” – leitos para internações agudas e por fim , Serviço de Atenção e Referencia em álcool e drogas – SARAD.
São pontos da rede dois hospitais de nível secundário, sendo um estadual e outro da rede privada e um hospital de referencia na atenção de nível terciária – Hospital das Clinicas de Botucatu, além dos serviços de urgência e emergência composto por três prontos socorros e o Serviço de Urgência e Emergência – SAMU.
Considerando toda a rede de saúde Botucatuense, os processos de contenção da doença começam a ganhar forma no mês de fevereiro de 2020 com ações efetivas a partir do mês de março do ano em tela, quando a Prefeitura Municipal de Saúde em parceria com a OSS Pirangi e Universidade Estadual Paulista, reúnem para treinamento um grupo de profissionais de saúde que comporiam a linha de frente para o combate ao novo Coronavírus.
O serviço passou a ser estruturado por uma equipe multiprofissional, onde a enfermagem foi ponto de destaque, tanto no aspecto da gestão, do gerenciamento, bem como no domínio da educação continuada e da prática assistencial.