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PRÁTICAS DA ENFERMAGEM PAUTADAS NA REESTRUTURAÇÃO DE REDE E FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE DE RESPOSTA A EMERGÊNCIAS EM TEMPOS DE PANDEMIA

Tema do relato:
Ações da Enfermagem para o enfrentamento da pandemia da COVID-19

Sua experiência está relacionada a que área:
Gestão em saúde

Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição)
Dr Sebastião Machado

Autor(es) Principal
Juliana Lima de Araújo
Deysiane Vasconcelos Rodrigues
Glaucia Matos
Jorge Miguel Dos Santos Silva
Autor(es)
Paula Raia Eliazar

Situação atual da experiência
Concluída/finalizada

Data de início da experiência
2021-02-19

Contextualização/introdução
Em dezembro de 2019 iniciou-se um surto de infecção grave provocado pelo vírus (SARS-CoV-2) que alarmou o mundo. Sua origem veio de Wuhan, na China, e posteriormente se espalhou de forma transcontinental e com crescimento exponencial. O novo coronavírus (2019), conhecido também como COVID-19, é uma infecção causada pela síndrome respiratória aguda grave (SARS-COV-2), com a primeira identificação na China no final de 2019. Caracterizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020 como pandemia, devido a sua rápida dispersão entre os continentes e seu agravamento. A COVID-19 tem como principais sinais e sintomas: febre, dispneia, mialgia, tosse seca, anosmia e ageusia. Pacientes relatam que sentiram cefaléia, conjuntivite, diarreia, erupção cutânea, descoloração dos dedos das mãos e pés. De acordo com os dados epidemiológicos, a primeira notificação confirmada de caso de COVID19 no Brasil, foi em 26 de fevereiro de 2020. A partir desta data até dezembro de 2020 foram confirmados 7.213.155 casos, causando 186.356 óbitos por COVID19 no Brasil. No Brasil, foram notificadas no ano de 2020 1.031.774 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) de acordo com o sistema de informação da vigilância epidemiológica da gripe (SIVEP-Gripe). Do total de 1.031.774 casos de SRAG, 54,8% (565.558) foram confirmados para COVID19, 35% (361.143) por SRAG não especificadas e 0,9% (9.424) estão sendo investigados. Com isso, a demanda por suporte de equipamentos especializados e mão de obra qualificada se fez necessário no país. Cada município possuía disponibilidades diferentes de recursos necessários para o enfrentamento da doença, alguns mais, outros menos mostrando, sendo necessário suporte de Programas Federais. Um dos vários municípios a clamar por ajuda, foi o município de Coromandel em Minas Gerais pois, passou a necessitar de suporte e auxílio na atenção avançada, uma vez que, por sua população não passava de 28 mil Habitantes em 2020, era prestado serviços de baixa complexidade. Logo, o máximo de assistência a pacientes graves, que o município disponibilizava, era de Pronto Atendimento. O município dispunha de um Pronto Socorro chamado Drº Sebastião Machado,, o qual sobrecarregou em fevereiro de 2021, por conta da proliferação do vírus na cidade.. Pela necessidade de uma ação qualificada para atuação frente à nova doença, o município solicitou a ajuda pela Força Nacional do SUS que é um componente de resposta e emergência em saúde pública e desastres do Ministério da Saúde, responsável por execução de medidas de prevenção, assistência e repressão a situações epidemiológicas, desastres ou de desassistência à população quando for esgotada a capacidade de respostas do estado ou município. Junto à FNS-SUS, o município teve como suporte também:a Polícia militar e Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte, SAMU e Defesa Civil. Foi de extrema importância a atuação na assistência direta ao paciente crítico pela equipe da FN-SUS, uma vez que, possui o conhecimento necessário para ação de enfrentamento no município supracitado. A equipe FN-SUS, composta por enfermeiros e médicos, foram recebidos pelas equipes que já estavam no cenário, na oportunidade de explicar a rotina, os fluxos, protocolos, sistemas utilizados no setor, planilhas e fichas de notificação. .Neste trabalho destaca os enfermeiros (as): Deysiane Vasconcelos, Glaúcia Matos, Jorge Miguel e Juliana, autores deste relato de experiência implementada em Coromandel-MG, que contou com brilhantismo da equipe de enfermagem do território e demais profissionais de saúde para implementação e sucesso na missão. Sendo assim, a passagem da FN-SUS, permitiu a compreensão da definição do caos no cenário causado pelo SARS-COV-2. Contribuiu para a construção de diversos Procedimentos Operacionais Padrão – POPS, fluxogramas e rotinas diárias para atender as demandas do hospital no enfrentamento à COVID-19. A experiência permitiu o desenvolvimento de habilidades de cooperação, liderança e confiança entre as equipes, além da contribuição para um trabalho integrado e qualificado. A comunicação constante e a realização de atividades diversas, reforçaram a articulação e a inserção das equipes nos setores retratados, de modo de superar as expectativas de aprendizagem, bem como vivenciar a estrutura do hospital a partir das direções recomendadas pelo Ministério da saúde e equipe FN-SUS durante a pandemia de COVID-19.
Nos deparamos com a desorganização setorial, insumos, equipamentos, leitos, triagens, aprazamentos de medicações não administradas de acordo com prescrições médicas, equipe multidisciplinar sobrecarregada, sem orientações para o cenário que estavam vivenciando. A falta de conhecimento da equipe, para com o novo cenário da pandemia de COVID-19, mostrava a necessidade de suporte, pois o hospital atendia apenas procedimentos de baixa complexidade, sendo que o quadro de saúde da população se complicou necessitando de atendimento de média e alta complexidade, porém a equipe de saúde do município não se encontrava apta para lidar com a situação. A abordagem da FN-SUS levou a uma organização de fluxo no atendimento acomodação específica de acordo com os critérios estabelecidos, organização do setor de internação, conforme necessidade de demanda e gravidade, checklists de materiais para uma melhor separação e distribuição de materiais e insumos, dimensionamento de pessoal, inclusão de normas e rotinas nos setores, assim como registros de em prontuários de pacientes. As abordagens abarcaram também, a assistência direta aos pacientes críticos e semicríticos com estabilizações e suportes necessários para com os familiares das vítimas. Após a finalização da organização setorial, foi possível realizar as primeiras remoções terrestre e aérea, pois eram necessárias transferências de pacientes para locais com suporte avançado.
Reestruturar os setores da rede hospitalar Fortalecer os processos de trabalho da unidade de atuação Orientar e capacitar equipes nos processos de enfermagem em tempos de pandemia Fortalecer a capacidade de resposta a emergências em cenário de pandemia
Foram identificadas as seguintes problemáticas seguidas do desenvolvimento da experiência por meio de inovações e implementações na rede de atenção à saúde: Organização setorial ineficiente por baixo quadro funcional, e distribuição inadequada de insumos e equipamentos para cada setor – Realizados orientações sobre a necessidade do dimensionamento da equipe para um bom desenvolvimento do trabalho. Levantado checklists de materiais/insumos faltantes e identificação de demandas necessárias para uma boa assistência. Dificuldades em utilização de materiais novos por falta de conhecimento técnico na montagem, utilização e manuseio – Montados aparelhos e realizado distribuição correta de insumos para cada setor, testados monitores cardíacos, ventiladores mecânicos, cardioversores, aspiradores portáteis, ventilador mecânico para CPAP, cilindros de O2 e Ar comprimido com suas respectivas válvulas e manômetros), reposto Kit de Acesso Venoso Periférico, Kit de sondagem vesical, Kit de SNE, Kit de Intubação, Kit de medicamentos utilizados na urgência e emergência, Kit de Vias Aéreas). Dificuldades na assistência de pacientes críticos, e limitação em normas e rotina setoriais – Auxílio na assistência a pacientes críticos, com capacitação e educação em saúde continuada. Realização de Protocolos Padrões para organização dos setores. Ausência de passagem de plantões beira leito, assim como falta de registros documentais – Orientações sobre a importância da passagem de plantão beira leito, necessidade de evolução de enfermagem e anotações necessárias em prontuário. Ausência de local para estabilização de pacientes, assim como, leitos de UTI e enfermarias sem divisão necessária para separação por sexo – Montada uma sala de estabilização necessária para pacientes críticos, implantado 3 leitos de UTI e divididas enfermarias entre masculinas e femininas. Montado estrutura com três leitos de cuidados intensivos. A sala de estabilização na época não possuía suporte para atender emergencialmente aquele paciente que dava entrada em risco eminente de morte sem informar antecedentes ou sintomatologia a equipe, podendo então ser paciente positivo ou não para COVID, após ações desenvolvidas e explícitas através dos meios de risco oferecidos aqueles pacientes que adentravam nessa situação, foi estabelecido a reestruturação através de equipamentos e insumos necessários para esse primeiro atendimento nessa sala específica. Hoje, mesmo não existindo mais o fluxo de atendimento COVID no pronto socorro, a estrutura dessa sala de estabilização segue equipada, melhorando o tempo resposta do atendimento ao paciente que necessite de uma intervenção imediata quando adentrar a unidade. A sala vermelha permanece estruturada com os 03 leitos de cuidados semi-intensivos, com todo aparato necessário para assistência com qualidade. Dificuldades no fluxograma de atendimento e assistência ao paciente com Covid-19 – Organizado fluxo de pacientes nas enfermarias: separado por sexo, grau de dependência, resultado de exames e dependência de baixo ou alto fluxo de O2 Quantidades de leitos insuficientes para demanda local Habilidades limitadas no auxílio e assistência a pacientes críticos para remoção terrestre até o aeródromo para transferência a outros hospitais – Reunida equipe da FN-SUS junto à equipe local, para realização das transferências terrestres de pacientes críticos até o aeródromo com trocas de conhecimentos para atuação junto à assistência no momento da remoção. Dificuldades no transporte de pacientes graves e manejo da equipe com o paciente crítico Dada instrução à equipe para agilidade no momento da remoção, sem causar danos ao paciente, reduzindo o tempo da equipe aero médica em solo. Equipe exausta pela quantidade de demanda e visivelmente abala pela situação – Oferecido suporte emocional à equipe local, realizada conversas individuais e orientação. Déficit no sistema de regulação e informações clínicas para a agilidade das transferências – Realizada busca ativa por vagas e logísticas de voos na tentativa de transferência de pacientes. Disponibilizado membro da equipe da FNS para suporte à regulação.
DAR ENFOQUE NOS RESULTADOS VERIFICADOS APÓS 7 MESES DO TÉRMINO DA ATUAÇÃO DA FN SUS EM CAMPO. (Com isso vamos conseguir caracterizar a implementação, institucionalidade, sustentabilidade) A reestruturação intersetorial e dimensionamento de recursos humanos necessários foram realizados pela gestão. Hoje Coromandel possui setores organizados, com equipamentos, insumos e recursos humanos adequados. A rede hoje possui o pronto socorro com estrutura (setores específicos conforme complexidade do quadro do paciente), fluxos e protocolos adequados para atendimentos convencionais, além do fluxo de acolhimento para paciente sintomáticos respiratórios com profissionais capacitados desde da classificação de risco para orientar e direcionar o paciente para atendimento na unidade específica, sendo ele o Hospital de Campanha com estrutura própria e complexa para atender qualquer nível de gravidade que chegue através de demanda espontânea ou via regulação. No pronto socorro eles disponibilizavam de uma ambulância de suporte avançado de vida em situações não favoráveis para as transferências dos pacientes de alta complexidade, foi realizado treinamento com a equipe como se deveria estruturar a VTR para suporte avançado de vida com o que eles possuíam na unidade de maneira imediata. Através do olhar de uma enfermeira em atuação, em momento oportuno realizou uma conversa com a gestão local mostrando a necessidade da substituição desse automóvel e ao retornar no município foi explanado pela alta gestão a adesão de uma UTI MÓVEL para o Município. O hospital de campanha hoje dispõe de recursos humanos, estrutura hospitalar e equipamentos adequados, sendo composta por salas específicas, até mesmo leitos de cuidados intensivos. Outro grande diferencial positivo foi a adesão dos aparelhos para realizar exames de imagens, além do Raio-X, eles também realizaram a aquisição de uma ultrassonografia. Outra orientação que teve adesão positiva, o centro de reabilitação aos pacientes pós covid, os usuários já saem com agendamento para as ações que serão desenvolvidas no tratamento pós covid. Assim como também a implantação do centro de diagnóstico de imagens. A demanda de atendimento dos profissionais era apenas de pronto socorro, não possuíam a rotina de continuidade, após treinamento e protocolos houve excelente melhora. Hoje podemos visualizar a realização dos processos de enfermagem ativamente, atribuições específicas a cada profissional, registros por meio de evolução de enfermagem, anotações, registros de SSVV e balanço hídrico nos pacientes que demandam cuidados intensivos. Podendo enxergar uma continuidade na assistência dos pacientes que demandam internamento. Ausência de local para estabilização de pacientes, assim como, leitos de UTI e enfermarias sem divisão necessária para separação por sexo. Montada uma sala de estabilização necessária para pacientes críticos, implantado 3 leitos de UTI e divididas enfermarias entre masculinas e femininas. Montado estrutura com três leitos de cuidados intensivos. A sala de estabilização na época não possuía suporte para atender emergencialmente aquele paciente que dava entrada em risco eminente de morte sem informar antecedentes ou sintomatologia a equipe, podendo então ser paciente positivo ou não para COVID, após ações desenvolvidas e explícitas através dos meios de risco oferecidos aqueles pacientes que adentravam nessa situação, foi estabelecido a reestruturação através de equipamentos e insumos necessários para esse primeiro atendimento nessa sala específica. Hoje, mesmo não existindo mais o fluxo de atendimento COVID no pronto socorro, a estrutura dessa sala de estabilização segue equipada, melhorando o tempo resposta do atendimento ao paciente que necessite de uma intervenção imediata quando adentrar a unidade. A sala vermelha permanece estruturada com os 03 leitos de cuidados semi-intensivos, com todo aparato necessário para assistência com qualidade. Dificuldades no fluxograma de atendimento e assistência ao paciente com Covid-19 Organizado fluxo de pacientes nas enfermarias: separado por sexo, grau de dependência, resultado de exames e dependência de baixo ou alto fluxo de O2 Os fluxos organizados pela equipe da FN SUS foram implementados na unidade onde estavam atendendo porta aberta, hoje dispõe de unidade própria, sendo o Hospital de Campanha. Podemos averiguar essa constância de organização por meio dos fluxos implementados desde do início da atuação, mudaram a estrutura física, mas seguiram as mesmas orientações. Quantidades de leitos insuficientes para demanda local. Habilidades limitadas no auxílio e assistência a pacientes críticos para remoção terrestre até o aeródromo para transferência a outros hospitais. Dificuldades no transporte de pacientes graves e manejo da equipe com o paciente crítico Reunida equipe da FN-SUS junto à equipe local, para realização das transferências terrestres de pacientes críticos até o aeródromo com trocas de conhecimentos para atuação junto à assistência no momento da remoção. Dada instrução à equipe para agilidade no momento da remoção, sem causar danos ao paciente, reduzindo o tempo da equipe aero médica em solo. Os resultados vieram de maneira imediata, as primeiras remoções realizadas sem o manejo adequado e com isso perdiam tempo, não existia um alinhamento da equipe do intra-hospitalar com a equipe do aero. Foram implementadas fichas com os dados necessários para o suporte básico e o suporte avançado de vida, agilizando o processo de transporte e aumentando a quantidade de pacientes diária conforme a disponibilidade de vagas cedidas e perfil dos pacientes. A aeronave passou a comparecer com mais frequência, levando mais pacientes em um único dia. Transferência de todos que estavam na lista das remoções. Equipe exausta pela quantidade de demanda e visivelmente abala pela situação. Oferecido suporte emocional à equipe local, realizada conversas individuais e orientação. O impacto de fortalecimento do emocional da equipe, hoje eles reconhecem a necessidade de todo aquele aparato como fundamental para que hoje consigam seguir a carreira entendo a necessidade de implementações O sistema começou a fluir de uma maneira mais precisa e clara.
Essa experiência foi de tamanha importância não só para a gestão municipal e profissionais locais, assim como para os voluntários da equipe de enfermagem da Força Nacional do SUS, sendo de extrema importância poder enxergar uma realidade em meio um caos pandêmico, fazendo que pudéssemos entender a necessidade das implementações e sistematização das ações para fortalecimento da capacidade de resposta da rede de atenção à saúde em emergências e o preparo da rede para qualquer situação que venha à tona. Considera-se uma experiência inovadora devido a necessidade do olhar através de uma sensibilidade maior em tempos de emergência e a pro atividade para buscar a reorganização e reestruturação da rede para determinado cenário integrando gestão local e equipe de assistência. Fizemos com que os gestores locais entendessem a necessidade dessa reestruturação e eles buscaram melhorias para a rede, sendo hoje referência para outros municípios e mesmo sendo gestão municipal, eles abrangem o atendimento e possuem inclusive, implementaram os UTI montados pela equipe em uma unidade de referência clínica, sendo inédito nesse município. Consequentemente, podemos concluir que no início da nossa experiência a rede só disponibilizava o primeiro atendimento por não possuir os leitos de média e alta complexidade. As principais dificuldades enfrentadas foram diretamente relacionadas ao entendimento inicial da gestão para compreender a necessidade de fortalecimento e avanço do processo de reorganização da rede, fazendo com que hoje o município de Coromandel disponha de uma rede completamente ampliada, estruturada e sistematizada para todos os níveis de complexidade para atender a sua população. Com isso, o tempo resposta foi otimizado, conseguindo assim ampliar conforme a necessidade do usuário.

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