Resultados do monitoramento das internações hospitalares
No período de 26/05/2021 a 30/09/2021 foram monitorados 1762 casos internados em quatro hospitais de Porto Alegre/RS com CID de doença respiratória ou síndrome gripal. Destes, 105 tiveram desfecho óbito (5,95%), 29 (1,65%) foram transferidos para outros hospitais, 425 (24,12%) casos permaneceram hospitalizados após a finalização do projeto, 55 (3,13%) eram reinternadores (ou seja, tinham mais de uma entrada na amostra) e 1148 (65,15%) tiveram alta hospitalar. A Tabela 1 apresenta o compilados dessas dados:
Tabela 1 – anexo
Em relação aos 1148 usuários que tiveram alta hospitalar: 19,6% (225) tinham idade inferior a 1 ano; 24,8% (285) entre 1 e 16 anos; 24,4% (280) entre 17 e 59 anos; 21,5% (247) entre 60 e 79 anos; e 9,7% (111) dos usuários tinham 80 anos ou mais. Em relação ao gênero, 54,3% (623) eram masculinos e 45,7% (525) femininos.
Os CID mais encontrados no monitoramento dos usuários internados foram: 34,1% (392) dos usuários apresentaram COVID (B342, B349); 23,5% (270) Bronquiolite (J210, J218, J219); 15,8% (181) Asma (J450, J451, J458, J459); 11,6% (133) Pneumonia (J189, J180, J181 e J182) e o restante dos usuários, 15% (172) apresentaram outros CID.
A média de dias de internação dos egressos de pediatria foi 4 a 6 dias e dos egressos adultos, 8 a 9 dias.
Resultados do monitoramento da transição do cuidado para a APS
Dos 1203 casos egressos de internação (esse cálculo inclui os casos com alta hospitalar contemplando os reinternadores): 43,89% (528) vincularam na US após a alta hospitalar, 27,02% (325) em até 72 horas e 16,87% (203) em até 7 dias após a alta; e 55,11% (663) não vincularam no prazo recomendado para revisão clínica. Além disso, após as altas hospitalares e dentro do período de monitoramento, 1% (12) dos usuários tiveram desfecho óbito confirmado pela Vigilância Epidemiológica do Município.
Tabela 2 – Anexo
O projeto de monitoramento da Operação Inverno no ano de 2019 foi executado por meio de contratação emergencial de profissionais da saúde e acompanhou 2273 casos egressos de internação hospitalar, sendo registrado 4,6% (104) de vinculação dos casos nas US da APS em até 72 horas. Diante dos dados apresentados, o método utilizado pela Coordenação de Atendimento Digital e Transição de Cuidados, composto por enfermeiras de carreira da Secretaria Municipal de Saúde apresentou-se mais eficaz por ter alcançado resultados promissores.
Somado a isso, existe forte evidência na literatura que as características do vínculo empregatício afetam a dedicação/esforço do trabalhador no desempenho das suas atividades. Uma importante característica das relações de trabalho refere-se ao tipo de vínculo contratual do trabalhador, mais especificamente ao tempo de duração do trabalho, isto é, se permanente ou temporário (MENEZES e MONTE, 2013; SOUZA et al., 2018 ).
Resultados da revisão do percurso terapêutico de usuários não vinculados
Findado o período de entrada dos casos no monitoramento, o percurso terapêutico dos não vinculados em até 7 dias após a alta foi revisado a fim de avaliar a transição do cuidado.
Tabela 3 – anexo
A tabela anterior mostra que 43,89% (291) dos casos monitorados tiveram vinculação em US da APS após a alta, sendo que 1,21% (8) usuários vincularam dentro do prazo ideal (entre 72 horas e 7 dias após a alta), porém tiveram seu registro de atendimento no e-SUS realizado fora desse prazo (tardiamente). Isso acontece quando há instabilidade desse sistema e os profissionais não conseguem fazer o registro síncrono ao atendimento presencial.
O gráfico a seguir mostra o número de dias que os usuários (291) que vincularam após sete dias da alta hospitalar levaram para comparecer ou fazer contato com as US da APS. A média de dias para vinculação variou entre 8 (17 usuários) e 21 dias (7 usuários), sendo que este prazo chegou até o 97º dia.
Gráfico 1 – Anexo
Para os usuários em que não foi identificada nenhuma vinculação na US da APS, isto é, 314 usuários, foram realizadas até três tentativas de ligação telefônica. As ligações foram orientadas pelo seguinte roteiro padronizado (Figura 1):
Figura 1 – anexo
Da amostra de 314 usuários, 203 (64,65%) não atenderam a nenhuma das três tentativas de contato telefônico e 111 (35,35%) atenderam. A tabela a seguir demonstra o resultado do contato com os usuários:
Tabela 4 – anexo
Na maioria das ligações atendidas por usuários, foi informado que o número telefônico que constava nos sistemas oficiais do município estava incorreto e não pertencia à pessoa que estava sendo buscada (34,23%). Tal informação aponta para a necessidade de estratégias de atualização do cadastro dos usuários no Município. Os usuários encontrados também referiram que: 17,11% não buscaram a US por que não quiseram ou julgaram não ser necessário apesar de terem recebido orientação na alta hospitalar; 16,22% fizeram acompanhamento em serviços de saúde 100% SUS (não próprios do município) e 13,51 % em serviços de saúde suplementar que não realizam o registro dos atendimentos no e-SUS, o que inviabiliza o acesso às informações do usuário pela Secretaria Municipal de Saúde; 9,01% dos usuários informaram que não receberam no hospital as orientações para revisão na APS; 2,7% disseram que foram até a US da APS mas não conseguiram atendimento; 3,6% mudaram-se para outra cidade mas ainda não atualizaram seu cadastro naquele município; 1,8% das ligações atendidas eram de abrigos municipais porém os usuários (pessoas em situação de rua) não estavam mais frequentando aqueles locais; 1 usuário (0,91%) referiu causa distinta dos demais (foi à US da APS apenas para retirada de medicamento para tratamento de outro agravo) e outro usuário (0,91%) referiu que mudou-se de endereço dentro da cidade e que por esse motivo não foi mais a sua antiga Unidade de saúde.
Resultados pesquisa DIS
Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS referentes a 2019 mostram que as hospitalizações por doenças crônicas não transmissíveis representam 28,2% do total das internações (45.041/159.795). Destas, 14,1% foram por doenças do aparelho respiratório. Tal número elevado de internações aponta a necessidade de acompanhamento regular desses usuários pelas US da APS.
A principal meta do tratamento da asma é a obtenção e manutenção do controle da doença, sendo o tratamento atual dirigido para controlar os sintomas e prevenir exacerbações. A introdução precoce do tratamento antiinflamatório com corticosteróides inalatórios (CI) resulta em melhor controle de sintomas, podendo preservar a função pulmonar em longo prazo e, eventualmente, prevenir ou atenuar o remodelamento das vias aéreas .
A portaria Nº 2.084/GM, de 26 de outubro de 2005, estabelece os mecanismos e as responsabilidades para o financiamento da assistência farmacêutica na atenção básica. Nela constam medicamentos para asma (beclometasona spray 250 mcg e salbutamol oral e spray) que fazem parte do elenco mínimo obrigatório de medicamentos para o nível da atenção básica em saúde.
Frente ao exposto, foram selecionados da amostra de egressos hospitalares aqueles que apresentavam CID relacionados à asma ( J450, J451, J458, J459 e J46) e foi verificado no sistema de DIS se estes haviam retirado Salbutamol Spray e/ou beclometasona em período anterior à internação.
A amostra obtida foi de 180 usuários e a tabela a seguir demonstra os resultados da pesquisa realizada:
Tabela 5 – anexo
Em relação ao perfil dos usuários egressos de internação que não retiraram medicamento, 17,70% (20) eram menores de 1 ano, 57,52% (65) tinham entre 2 e 5 anos, 20,35% (23) entre 6 e 10 anos e 4,42% (5) apresentavam mais de 10 anos de idade. Em relação ao sexo, 45,13% (51) eram do sexo feminino e 54,87%, masculino. A prevalência do CID em 92,04% (104) dos casos foi o J459.