INCORPORAÇÃO DA FERRAMENTA DE FLUXO RÁPIDO DE TRIAGEM E ATENDIMENTO DE CASOS DE SÍNDROME GRIPAL (COVID-19) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.

Tema do relato:
Ações da Enfermagem para o enfrentamento da pandemia da COVID-19

Sua experiência está relacionada a que área:
Atenção em saúde

Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição)
Gerência de Serviços da atenção primária nº 5 Taguatinga/Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal

Autor(es) Principal
Luciana Melo de Moura
Luciana Melo de Moura
Autor(es)
Bárbara Cristina Jorba Arantes
Creuza Gomes Ferreira Neta
Jéssyca Lorrane Dias Machado

Situação atual da experiência
Concluída/finalizada

Data de início da experiência
2020-06-01

Contextualização/introdução
No contexto da pandemia da COVID-19, os atendimentos para pessoas com sintomas respiratórios, na Unidade Básica de Saúde nº 5 de Taguatinga, passaram a ser direcionados a um ambiente externo em uma estrutura temporária no estacionamento exclusivo da unidade básica de saúde, evitando circulação e aglomerações desnecessárias, proporcionando segurança aos pacientes e profissionais que circulavam no ambiente interno, conforme orientação do Ministério da Saúde. Em virtude da impossibilidade de utilização de computadores no ambiente externo, optou-se por fazer uso dos formulários impressos de fast-track, disponíveis nos protocolos de manejo clínico da COVID-19 na Atenção Primária à Saúde (Ministério da Saúde protocolo e manejo versão 9). O fast-track produzido pelo Ministério da Saúde, estabelecia em seu fluxo, um formulário específico para ser preenchido por cada profissional de saúde envolvido no atendimento de pacientes sintomáticos respiratórios (agente comunitário de saúde, técnico de enfermagem, enfermeiro e médico), o que acabou gerando um grande volume de material impresso e um atendimento extremamente fragmentado. As informações dos pacientes após os atendimentos encontravam-se desagrupadas dificultando a notificação no e-SUS Notifica, pois devido a grande quantidade de atendimentos realizados por período, os profissionais não conseguiam registar o atendimento no Prontuário Eletrônico (PEC-ESUS) ou notificar em tempo hábil. Nesse sentido, a comunicação efetiva entre os profissionais de saúde torna-se uma ferramenta essencial para garantir a segurança do paciente. Estudos recentes demonstram que as falhas nos processos de trabalho em equipe e na comunicação entre os profissionais é considerada um dos principais fatores que favorecem a ocorrência de eventos adversos (EAs). Sendo assim, o uso de instrumentos ou ferramentas que organizam o processo de trabalho em saúde e facilitem a comunicação efetiva entre os profissionais é fundamental para contribuir para uma assistência segura. A incorporação da ferramenta de fluxo rápido de triagem e atendimento de casos de síndrome gripal recebeu o apoio da gestão da unidade básica de saúde e de todos os profissionais envolvidos no processo de trabalho.
Observando a necessidade de melhorar o fluxo dos atendimentos, as enfermeiras residentes do programa de residência multiprofissional em atenção básica da Fiocruz que estão no cenário da UBS 5 Taguatinga propuseram criar um único instrumento que facilitasse e tornasse os atendimentos mais rápidos, organizados e dinâmicos, integrando todos os profissionais de saúde. Portanto, baseado no fluxo do fast-track para atenção primária à saúde em transmissão comunitária do Ministério da Saúde, foi desenvolvido um único instrumento para facilitar os atendimentos realizados na tenda da unidade. Posto isto, o instrumento determinava o fluxo dos atendimentos e a função de cada profissional em um único documento.
Foi desenvolver um instrumento que integrasse o atendimento dos casos de síndrome respiratória por todos os profissionais envolvidos (agente comunitário de saúde – ACS, técnico de enfermagem, enfermeiro e médico) na unidade básica de saúde.
Os usuários que procuravam a UBS eram recepcionados pelo ACS, que realizava a identificação do paciente, a existência de sintomas gripais e a data de início desses sintomas. Em seguida, o instrumento era passado para o técnico de enfermagem para que fosse registrado os dados referentes a aferição de sinais vitais (temperatura, frequência cardíaca e respiratória, saturação de oxigênio e pressão arterial sistêmica) do paciente. Logo após, o atendimento com o instrumento era efetuado pelo enfermeiro, o qual fazia uma entrevista direcionada, especificando sintomas, condições clínicas de risco, medicações de uso contínuo, alergias medicamentosas e contato com pessoas que testaram positivo para a COVID-19. E por último, o paciente passava por atendimento médico para a classificação dos casos (leves ou graves) e aplicação de conduta médica, tais como, solicitação de exames, prescrição de medicamentos, identificação de contatos do paciente e encaminhamento para serviços de pronto atendimento, caso necessário. No instrumento consta ainda, um espaço para anotação dos resultados de exames de teste rápido, sorologia para COVID-19 e RT-PCR. Depois de finalizados os atendimentos, as fichas eram armazenadas e compartilhadas entre a equipe de atendimento, para que cada profissional pudesse registrar o atendimento no PEC E-SUS e notificação no e-SUS notifica após o expediente de atendimento, tendo em vista a impossibilidade física do uso de computadores na área externa da unidade.
Após a implantação do instrumento, observou-se melhora significativa no fluxo dos atendimentos, bem como uma boa adesão ao uso do instrumento por parte da equipe. Também, foi observado que o uso do instrumento contribuiu para qualificação dos registros dos atendimentos no PEC E-SUS e um maior número de casos notificados no e-SUS notifica em um menor tempo. Além disso, o instrumento trouxe maior facilidade no acompanhamento dos casos de pacientes que obtiveram diagnóstico positivo para COVID-19 durante o atendimento, uma vez que os dados do atendimento e resultados de exames encontravam-se em um único documento, junto aos dados do paciente, possibilitando fácil acesso à informação do atendimento prestado. Também é importante pontuar, que houve uma redução significativa da quantidade de material impresso, uma vez que todas as informações necessárias para o atendimento multiprofissional, estavam reunidas em apenas uma folha de papel. Dessa forma, a experiência conseguiu atingir o objetivo de desenvolver um instrumento que integrasse o atendimento dos casos de síndrome respiratória por todos os profissionais envolvidos.
A partir da incorporação de um instrumento de atendimento de sintomas respiratórios que conseguiu agregar o trabalho em equipe multiprofissional foi possível perceber a sua importância na comunicação efetiva, por ser capaz de reduzir as ocorrências de eventos adversos e aumentar a segurança do paciente, tendo como resultado final a melhoria na qualidade da assistência. Além disso, a experiência de construção do fluxo de atendimento possibilitou às autoras deste relato, a aquisição de experiência e prática em construção de fluxogramas de atendimento, auxiliando no processo de autonomia, tomada de decisão e gestão de processo de trabalho, o que por sua vez, contribuiu com a unidade ao tornar o atendimento mais rápido e focado. As autoras consideram que os principais desafios enfrentados durante o uso do instrumento dizem respeito às falhas no preenchimento do instrumento durante o atendimento na tenda. Isso se dá, principalmente, porque, algumas informações obrigatórias para notificação dos casos não eram preenchidas pelos profissionais, dificultando ou até mesmo impossibilitando a notificação dos casos posteriormente. Considera-se ainda, que diante do contexto de pandemia, pensar em novas maneiras de realizar atendimento externo sem aumentar a exposição ao risco de contaminação pelo vírus da COVID-19 apresentou-se como um grande desafio, especialmente diante da inadequação de espaço e recursos físicos, cabendo aos profissionais de saúde das Unidades Básicas a responsabilidade pela adaptação do ambiente e do atendimento de modo garantir a segurança do paciente e a qualidade da assistência. Considera-se tal experiência inovadora por pensar e promover a incorporação de uma ferramenta de atendimento em equipe multiprofissional em um contexto pandêmico, melhorando a comunicação entre os profissionais de saúde e qualificando a assistência prestada.

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