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IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO ADULTO NA DEMANDA ESPONTÂNEA DA APS

Tema do relato:
Enfermagem no contexto das Redes de Atenção à Saúde/do SUS

Sua experiência está relacionada a que área:
Atenção em saúde

Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição)
Secretaria Municipal da Saúde

Autor(es) Principal
Viviane Karina Korovsky
Autor(es)
Viviane Karina Korovsky

Situação atual da experiência
Concluída/finalizada

Data de início da experiência
2020-05-01

Contextualização/introdução
A Atenção Primária à Saúde (APS), enquanto um dos eixos estruturantes do SUS, possui diversos desafios, entre os quais destacam-se aqueles relativos ao acesso e acolhimento, e à efetividade e resolutividade das suas práticas. Segundo o Ministério da Saúde, o acolhimento é uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros reais entre trabalhadores de saúde e usuários, nos atos de receber e escutar as pessoas, podendo acontecer de formas variadas. Para que o acolhimento da demanda espontânea seja eficiente é necessário um modelo de acolhimento condizente com a realidade local. Em Joinville, o acolhimento está organizado por meio do Programa Melhor Acolher, o qual envolve desde o facilitador, figura que recepciona e direciona o usuário ao chegar na Unidade Básica de Saúde (UBS), conforme a necessidade do mesmo, à recepção que deve ser a mais resolutiva possível, até a Classificação de risco, realizada pelo Enfermeiro da equipe.
No intuito de qualificar a Classificação de Risco surge a iniciativa de protocolar as atividades do Enfermeiro através da implantação do protocolo de enfermagem: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO ADULTO NA DEMANDA ESPONTÂNEA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DO MUNICÍPIO DE JOINVILLE. A construção e implantação deste Protocolo assistencial em enfermagem, atende aos princípios legais e éticos da profissão, aos preceitos da prática baseada em evidências, às normas e regulamentos do Sistema Único de Saúde e da instituição onde será utilizado.
Esta experiência teve o objetivo de implantar um protocolo de enfermagem baseado em evidências que tornou as atividades dos enfermeiros do município dentro do programa Melhor Acolher mais resolutivas, com respaldo técnico- científico e legal, conduzindo assim os profissionais nas decisões de assistência para a prevenção, recuperação ou reabilitação da saúde, podendo ainda prever ações de avaliação/diagnóstica ou de cuidado/tratamento, como o uso de intervenções educacionais, de tratamentos com meios físicos, de intervenções emocionais, sociais e farmacológicas, de enfermagem ou compartilhadas com outros profissionais.
Realizou-se um levantamento dos motivos de procura pela escuta qualificada em 2019 entre os Enfermeiros da APS de Joinville, e observou-se uma média de 14 mil com este objetivo de atendimento por mês, na sua maioria mulheres, na faixa etária de 30 a 59 anos, sendo os maiores motivos de procura no período avaliado, causas ginecológicas, febre, alterações respiratórias, dermatológicas, musculoesqueléticas e cardiovasculares. No intuito de qualificar a Classificação de Risco surgiu a iniciativa de protocolar as atividades do Enfermeiro, as quais são relevantes por despertar no profissional o benefício em legalizar suas ações e proporcionar o desenvolvimento de seu fazer com segurança o que, certamente, resultará em melhoria da qualidade à saúde da população. Utilizou-se como base o protocolo de enfermagem institucionalizado pelo COREN-SC, escrito por enfermeiros autores da Prefeitura de Florianópolis. A adequação do protocolo para o município de Joinville foi realizada pelos Enfermeiros da Comissão de Enfermagem da Atenção Primária à Saúde, no qual em 9 meses de trabalho desenvolveu a articulação multidisciplinar envolvendo a avaliação da Comissão de Assistência Farmacêutica do município, a Comissão de Médicos da Atenção Primária e a consulta pública de todos os profissionais da rede. Após encerrada a consulta pública, o protocolo foi instituído através de Portaria e sua capacitação aos enfermeiros foi mandatória como pré-requisito para a utilização do protocolo.
Após a revisão e adequação do protocolo à realidade local, foram adaptados 14 fluxos assistências direcionados ao adulto acima de 18 anos, permitindo ao enfermeiro realizar a consulta de enfermagem para casos de: Febre; Cefaleia; Diarreia; Dor de Garganta; Azia; Constipação Intestinal; Parasitose Intestinal; Dor Lombar; Resfriado Comum; Olho Vermelho; Problemas mais comuns de pele (escabiose, pediculose, tungíase, miíase, larva migrans) e Queimaduras. Ao afastar qualquer sinal de alerta (na presença de qualquer agravamento deverá encaminhar para atendimento médico), o enfermeiro poderá finalizar o atendimento, prescrever os cuidados de enfermagem e medicar o paciente caso seja necessário. Foram incluídos os seguintes medicamentos para a prescrição do enfermeiro: Dipirona; Paracetamol; Soro de Reidratação Oral; Hidróxido de Alumínio; Albendazol; Ivermectina; Permitrina e a Sulfadiazina de prata. Foi confeccionada uma plataforma de treinamento online pelos enfermeiros da Comissão de Enfermagem da APS em parceria com o grupo de Gestão do trabalho e Educação em Saúde, e esta ferramenta de treinamento permanecerá contínua para todo profissional novo que ingressar na rede. Foram capacitados e aprovados 143 enfermeiros até o mês de agosto de 2020, representando 92% do total de enfermeiros da Atenção Primária. Os servidores que estão afastados ou de licença, poderão concluir a capacitação quando retornarem.
Com a implantação do protocolo de enfermagem, foi possível incorporar novas tecnologias na Atenção Primária à Saúde (APS), qualificando o atendimento do profissional enfermeiro da APS do município de Joinville, aumentando assim a resolutividade deste profissional dentro dos atendimentos que já realiza. Foi possível diminuir o tempo de resposta para resolução da queixa do usuário, destinando os atendimentos de maior complexidade para o profissional médico. Com o uso do protocolo, foi possível promover maior segurança aos munícipes e profissionais, estabelecendo limites de ação e cooperação entre os envolvidos, reduzindo assim a variabilidade do cuidado e respaldando legalmente as ações do enfermeiro.

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Apresentação