A Sociedade Internacional de Incontinência define Incontinência Urinária (IU) como qualquer perda involuntária de urina e pode ser classificada em: de esforço, urgência, mista, transbordamento e funcional (D`ANCORA, 2015).
Alguns estudos investigaram a prevalência de incontinência urinária em populações femininas, apontando alta prevalência dessa condição (23,3%). As mulheres referem prejuízo importante em sua qualidade de vida no tocante a área da sexualidade, autoimagem e impacto emocional (SILVA et al., 2013).
Diversos tratamentos são indicados para a incontinência, como cinesioterapia (exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico), tratamento farmacológico e terapêutica cirúrgica. Segundo a Sociedade Internacional de Continência (ICS) o tratamento conservador (cinesioterapia) deve ser a primeira linha terapêutica de escolha (MOORE et al, apud CASTRO, ARRUDA, SOUZA, 2017)
O tratamento conservador e não farmacológico, de baixo risco e sem custos é a realização dos exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico, trabalhados por meio da contração da musculatura assoalho pélvico (MAP). Essa prática atua na hipertrofia de fibras musculares e recruta os neurônios motores da região de forma a potencializar a força, contração e sustentação dessa musculatura (CÂNDIDO, 2017).
A incontinência urinária é uma condição que ainda é permeada de muita desinformação, onde em diversas situações considera-se “normal” a perda de urina a depender da idade, histórico obstétrico entre outros. A enfermagem pode levar orientações imprescindíveis para o reconhecimento desta condição, elucidando as pessoas sobre definição, sinais e sintomas, em especial para os grupos com mais risco de desenvolvê-la.
Para além da educação em saúde, a enfermagem pode implementar a terapêutica considerada de primeira escolha: indicação e orientação dos exercícios de fortalecimento do assoalho pélvico, ensino do treinamento vesical e mudanças comportamentais.
Observa-se então a importância da enfermagem no trabalho com incontinência urinária, que além de levar conhecimento, romper estigmas e estreitar os laços das pessoas incontinentes com os serviços de saúde, pode prevenir o aparecimento dessa patologia e ofertar o tratamento da IU, quando já manifesta (OLIVEIRA, 2018).
No tocante ao tratamento de IU o enfermeiro estomaterapeuta é um profissional especializado e capacitado para intervir nos casos de IU, facilitando a reabilitação pélvica que poderá eliminar os escapes de urina dessas mulheres, minimizando diversas complicações como prolapsos de órgãos pélvicos, dermatites associadas a incontinência, baixa autoestima entre outros. Atenta-se que não é necessário ser estomaterapeuta para atuar no tratamento de incontinência, mas este profissional precisa possuir conhecimento adequado sobre incontinência e seu tratamento.
Enquanto enfermeiras especialistas, professoras universitárias e orientadoras da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (LAEE) da Universidade Federal do Ceará (UFC), despertou-nos o interesse em realizar como atividade de extensão a implantação de Ambulatório de Incontinência Urinária em Mulheres para atender mulheres com queixas de perda urinária.
Assim, buscou-se parceria com a Coordenadoria de Desenvolvimento Familiar e equipes da Estratégia de Saúde da Família do município de Fortaleza para implantação do ambulatório para atendimento de mulheres com incontinência urinária.
Os autores envolvidos são as enfermeiras estomaterapeutas que coordenam a LAEE, acadêmicas do curso de graduação em enfermagem da UFC, pós graduandos dos cursos de Especialização em Estomaterapia existentes em Fortaleza, os profissionais da equipe e saúde da família da unidade e sua equipe gestora.