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Ferramenta inteligente no controle da Sífilis em um município do Sul do Brasil

Tema do relato:
Assistência à Saúde na Linha de Cuidado Materno Infantil

Sua experiência está relacionada a que área:
Gestão em saúde

Instituição onde a experiência se desenvolve/desenvolveu (serviço/instituição)
Secretaria Municipal de Saúde de São José

Autor(es) Principal
Sabrina da Silva de Souza
Autor(es)
Ana Claudia Cunha
AlVARO GODINHO
Fabricia Martins Silva
Sinara Landt Simioni
Sabrina da Silva de Souza

Situação atual da experiência
Concluída/finalizada

Data de início da experiência
2018-08-15

Contextualização/introdução
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que ainda se constitui em um grave problema de saúde pública no mundo e no Brasil, apesar da existência de medidas efetivas de diagnóstico, tratamento, prevenção e controle1. Na gestação, pode levar à ocorrência da sífilis congênita, acarretando graves consequências para o concepto. Também está associada à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), pois aumenta o risco de aquisição, em especial na vigência das lesões nas fases primária e secundária da doença2. A alta incidência de sífilis em gestante e de sífilis congênita mantém-se como um desafio para os serviços de saúde. A vigilância da infecção de sífilis em gestantes objetiva conhecer o estado sorológico e iniciar a terapêutica materna precocemente, visando ao pla-nejamento e avaliação das medidas de prevenção e controle da transmissão vertical do Treponema pallidum3-2. O efetivo controle da sífilis se fundamenta na triagem sorológica e no tratamento adequado de gestantes e parceiros sexuais, visto que a qualidade da assistência pré-natal e ao parto é um importante determinante na redução da transmissão vertical. Para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030, entre as estratégias estabelecidas constam a prevenção e o controle das IST, por meio da redução de 90% da incidência mundial de infecção por Treponema pallidum, em relação à incidência estimada em 2018, e da eliminação da sífilis congênita. Para obtenção de informação acurada sobre a situação da doença, seria necessário um sistema de vigilância de IST baseado em notificação dos casos capaz de analisar a população notificada segundo idade, sexo e local1. A atuação da Atenção Básica à saúde é essencial no combate à sífilis congênita, por ser a principal porta de entrada dos serviços. As equipes de Saúde da Família são o elo mais próximo entre profissional e paciente e podem colaborar para a mudança no quadro epidemiológico da doença2. No Brasil, muito se discute a respeito do tema. Contudo, visando a consolidação da Política de Atenção Básica e a articulação de Redes Assistenciais. Neste contexto, multiplicam-se as tentativas municipais de introdução de componentes, dispositivos e estratégias inovadoras focando a gestão do trabalho e das tecnologias assistenciais e intensifica-se, assim, a necessidade de monitorar e avaliar as políticas de saúde, para compreender processos e problemas4. Fatores sociodemográficos, comportamentais e de cuidado à saúde estão associados à ocorrência de sífilis em mulheres e devem ser levados em consideração na elaboração de estratégias universais voltadas à prevenção e controle da sífilis, mas com enfoque nas situações de maior vulnerabilidade5. Diferentes sistemas de informações encontram-se disponíveis aos gestores, e sua utilização tem sido preconizada para o planejamento de intervenções sobre a realidade sanitária, todavia, é escasso o uso das informações em saúde disponíveis, as quais, muitas vezes, contam com dados duplicados e dificuldades de acesso e análise, e nem sempre consegue contribuir para a melhoria da qualidade da saúde da população, tendo em vista o tempo de disponibilização dos dados pelos sistemas de informação nacional que são a referência no que tange aos dados no país6. De modo geral, esse processo de busca de informações nos sistemas ainda é fragmentado e trabalhoso. Observam-se importantes faltas no que diz respeito ao uso das informações geradas pela vigilância em saúde e sua aplicação na assistência à saúde7.
No Brasil, de 2010 a 2018, “a taxa de incidência de sífilis congênita aumentou 3,8 vezes, passando de 2,4 para 9,0 casos por mil nascidos vivos”6:13. Somente em 2018, foram notificados 26.219 casos de sífilis congênita correspondendo a uma taxa de incidência de 9,0 casos novos por 1.000 nascidos vivos. Além disso, foram registrados 241 óbitos por sífilis congênita, representando uma taxa de mortalidade igual a 8,2/100.000 nascidos vivos6. A sífilis congênita é considerada “a segunda principal causa de morte fetal evitável em todo o mundo, precedida apenas pela malária”7. No período gestacional, a sífilis pode provocar consequências graves como: “abortamento, prematuridade, natimortalidade, manifestações congênitas precoces ou tardias e/ou morte do recém-nascido”8:41. Neste sentido, o acompanhamento da gestante durante o pré-natal, incluindo a captação precoce9, pelas equipes de saúde da família é essencial para o manejo adequado da sífilis congênita10. Para tanto, em 2011, foi criada a Rede Cegonha11, onde foram estabelecidas orientações para um atendimento de qualidade à gestante e ao concepto. Além disso, o Ministério da Saúde com o objetivo de reduzir os casos de sífilis congênita, no pré-natal, preconizou a ampliação da realização dos testes rápidos para sífilis no primeiro e no terceiro trimestres de gestação9, promovendo dessa forma, o diagnóstico precoce e o tratamento em tempo oportuno11. A realização do pré-natal de qualidade, observando os fatores de risco, permite reduzir, de forma significativa, “a ocorrência da sífilis congênita e prevenir as complicações graves dessa doença na criança a curto e longo prazo”3:7. Também é importante destacar que o seguimento das crianças expostas à sífilis congênita materna, bem como, daquelas com diagnóstico de sífilis congênita é fundamental e imprescindível, e é de responsabilidade da equipe da Atenção Básica como coordenadora do cuidado a essas crianças8. Ademais, nos últimos anos, observou-se um crescimento contínuo no número de casos de sífilis em gestantes, congênita e adquirida, devido, em parte, à ampliação do uso de testes rápidos e à redução do uso de preservativo8,12, bem como, à resistência dos profissionais de saúde da atenção básica quanto à administração da penicilina como também ao desabastecimento mundial de penicilina8, o que dificulta a interrupção da cadeia de transmissão da doença, contribuindo para a reinfecção da gestante através dos parceiros sexuais não tratados10.
Este estudo então teve como objetivo avaliar como uma ferramenta inteligente pode contribuir para o monitoramento da sífilis em um município do Sul do Brasil.
Estudo descritivo, realizado no município de São José, Santa Catarina, Brasil. Foram avaliados o desempenho do indicador da sífilis através do desenvolvimento de uma ferramenta inteligente que permitiu o monitoramento e avaliação dos casos de sífilis de forma dinâmica com todos os profissionais da rede de atenção à saúde no território municipal. Esta ferramenta foi desenvolvida pelo Setor de Planejamento em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de São José, em virtude da elevada incidência dos casos de sífilis no município e principalmente pela elevada incidência de sífilis congênita, associado à baixa qualidade das informações nos sistemas de informação e a elevada duplicidade de dados e informações que a mesma apresentava. Os dados referentes ao alcance do indicador Número de casos novos de sífilis congênita em menores de 1 ano foram extraídos do Estado de Santa Catarina – Alcance dos Indicadores Estaduais. Os resultados alcançados para este indicador foram obtidos através do site da Secretaria Estadual de Saúde (SES)8, dados TABNET, Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) de Santa Catarina. Os dados referentes ao número de casos de sífilis em gestantes, de sífilis congênita em menores de 1 ano, bem como, o número de casos de sífilis congênita segundo o esquema de tratamento da mãe foram obtidos no Ministério da Saúde (MS)9. A coleta de dados ocorreu nos dias 20, 21, 28/01/2021 e 14/02/2021. Os dados coletados foram organizados em planilha Excel®. Foi realizada a descrição dos dados na análise tendo em vista que cada indicador já tem sua fórmula de cálculo definida na pactuação, e apresentação em tabela. Foram respeitados todos os aspectos éticos em pesquisa com seres humanos (CEP), de acordo com a Resolução 466/201210 e 510/201611do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que orienta que pesquisas que utilizam informações de domínio público não precisarão ser submetidas ao sistema CEP/CONEP.
A ferramenta inteligente de monitoramento e controle da sífilis é compota por quatro módulos, população em geral, gestantes, parceiros e sífilis congênita. No módulo da população em geral e o módulo para parceiros os dados monitorados e alimentados são: cicatriz sorológica, unidade de saúde de atendimento, nome completo, data da notificação, data de nascimento, data de realização do teste, estágio clínico da doença, esquema terapêutico, data de aplicação da 1ª dose, data de aplicação da 2ª dose, data de aplicação da 3ª dose, data e valor do VDRL (1 a 7), observações e status da finalização do tratamento. No módulo gestante os dados monitorados e alimentados são: cicatriz sorológica, unidade de saúde de atendimento, nome completo, número da notificação, data da notificação, data de nascimento, data de realização do teste, trimestre que a gestante foi notificada, esquema terapêutico, data de aplicação da 1ª dose, data de aplicação da 2ª dose, data de aplicação da 3ª dose, data e valor do VDRL (1 a 7), status da finalização do tratamento. No módulo sífilis congênita os dados monitorados e alimentados são: unidade de saúde de atendimento, nome completo da gestante, nome completo do recém nascido, número da notificação, data da notificação, data de nascimento, data de realização do teste, trimestre que a gestante foi notificada, estágio clínico, esquema terapêutico, data de aplicação da 1ª dose, data de aplicação da 2ª dose, data de aplicação da 3ª dose, data e valor do VDRL (1 a 7), status da finalização do tratamento. A ferramenta contém o painel por unidade de saúde, onde é possível acompanhar todas as pessoas com sífilis da unidade, as que estão com tratamento completo, com tratamento incompleto, as que não trataram, tanto na população em geral e parceiros como as gestantes, permitindo a rápida visualização pelo profissional do acompanhamento do tratamento de sua unidade. Essa ferramenta foi criada em julho de 2018 e aprovada em reunião de Planejamento estratégico da SMS em 20 de agosto de 2018 e disponível para preenchimento nas unidades de saúde, desde o segundo semestre de 2019, também é utilizada nas maternidades públicas da região. Na Tabela 1, observa-se que houve um aumento no número de casos de sífilis em gestantes nos anos de 2017 e 2018 em relação a 2016, correspondendo a 23,53% e 55,88%, respectivamente. Em 2019, ocorreu um decréscimo de 16,04% em relação a 2018. Apesar dos dados de 2020 serem contabilizados apenas até 30/06 do referido ano, pode-se inferir uma tendência de queda no quantitativo de casos ao longo do respectivo ano. Com relação ao número de casos de sífilis congênita em menores de um ano, também se observou um aumento no período de 2017 a 2018 em comparação a 2016, correspondendo a 41,18% e 58,82%, respectivamente. Já em 2019, ocorreu uma queda de 40,74% em relação a 2018. Apesar dos dados de 2020 serem contabilizados apenas até 30/06 do referido ano, pode-se inferir uma tendência de queda no quantitativo de casos. Ao se avaliar o período de 2016 a 2020, observa-se que dos 374 casos de sífilis em gestantes, 176 (47,06%) resultaram em casos de sífilis congênita em menores de um ano. Tabela 1 – Número de casos de sífilis em gestantes e de sífilis congênita em menores de um ano por ano de diagnóstico. São José, Santa Catarina, Brasil, 2017-2020 20162017201820192020 Nº de casos de sífilis em gestantes68841068927 Nº de casos de sífilis congênita em menores de um ano344854328 Fonte: MS/SVS/Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Notas: (1) Dados até 30/06/2020; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos. Na Tabela 2, que descreve o número de casos de sífilis congênita em menores de um ano segundo o esquema de tratamento da mãe, observa-se que: em 2016, dos 34 casos registrados, nenhum caso tratado foi considerado adequado, 20 casos foram considerados como tratamento inadequado (58,82%) e 14 casos, considerados como tratamento não realizado (41,18%); em 2017, do total de 48 casos de sífilis congênita em menores de um ano registrados, apenas um teve esquema de tratamento considerado adequado, correspondendo a 2,08%, 32 casos, considerados como tratamento não realizado (66,67%) e, 15 casos foram considerados como tratamento não realizado (31,25%); em 2018, do total de 54 casos registrados, nenhum teve tratamento adequado, 31 casos tiveram tratamento inadequado (57,41%) e, 19 não realizaram tratamento (35,19%); em 2019, dos 32 casos registrados, apenas um teve tratamento adequado (3,13%), 16 apresentaram tratamento inadequado (50,00%) e, 13 não realizaram tratamento (40,63%); em 2020, dos oito casos registrados, nenhum apresentou tratamento adequado, quatro tiveram tratamento inadequado (50,00%), três não realizaram tratamento (37,50%) e, um teve registro ignorado. Ao se analisar o período de 2016 a 2020, somente 1,14% dos casos tiveram tratamento considerado adequado, 58,52% apresentaram tratamento inadequado, 36,36% não realizaram tratamento e 3,98% dos casos tiveram registro ignorado (12,50%). Tabela 2 – Número de casos de sífilis congênita em menores de um ano segundo esquema de tratamento da mãe por ano de diagnóstico, São José, Santa Catarina, Brasil, 2017-2020 20162017201820192020 Adequado-1-1- Inadequado203231164 Não Realizado141519133 Ignorado–421 Fonte: MS/SVS/Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Notas: (1) Dados até 30/06/2020; (2) Dados preliminares para os últimos 5 anos. O Quadro 1 mostra o indicador Número de casos novos de sífilis congênita em menores de um ano de idade que faz parte do rol de indicadores da Pactuação Interfederativa (PI) 2017-202112, com suas respectivas pactuações e resultados alcançados no período de 2017 a 2019. É possível observar que apesar do município não ter alcançado as metas pactuadas no período em estudo, ao longo dos anos houve melhora no alcance do indicador, com queda importante no ano de 2019, passando de 48 casos novos em 2018, para 32, correspondendo a uma queda de 33,33%. Quadro 1: Demonstrativo da pactuação e resultados alcançados do indicador municipal Número de casos novos de sífilis congênita em menores de 1 ano da Pactuação Interfederativa, São José, Santa Catarina, Brasil, 2017-2019 IndicadorEsperadoParâmetro Pactuação Estadual 201713Pactuação Municipal 201714Resultado Municipal Alcançado 20178Pactuação Estadual 201815Pactuação Municipal 2018**Resultado Municipal Alcançado 20188Pactuação Estadual 201916Pactuação Municipal 2019**Resultado Municipal Alcançado 20198 Número de casos novos de sífilis congênita em menores de um ano de idade▼< 0,5/1.000 Nascidos Vivos18552144455014485501432 Observação: ** Pactuação obtida no DIGISUS. Fonte: Autoras, 2021. Esta ferramenta apresentou resultados favoráveis no município de São José e a Secretaria estadual de Saúde de Santa Catarina solicitou permissão para utilizá-la no Estado diante da robustez e resolutividade da mesma. Esta ferramenta também foi apresentada ao MS e a OPAS. Às ações da enfermagem na Atenção Básica, Média e Alta Complexidade, qualificando os cuidados de enfermagem e garantindo saúde segura e de qualidade através do desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras em cuidado e saúde, ampliando as práticas para o cuidado em saúde e reorganizando os processo de trabalho para ampliação do acesso e qualidade do atendimento ao usuário na Assistência à Saúde na Linha de Cuidado Materno Infantil ampliando e qualificando a assistência no pré-natal; parto e nascimento, puerpério e atenção ao recém-nascido, abrangendo processos da gestão, assistência à saúde e formação/qualificação em Serviço através da educação permanente promovida pelo desenvolvimento e aplicação de tecnologias inovadoras denominada Sala de Situação da Sífilis para o cuidado durante o pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção ao récem-nascido. DISCUSSÃO O presente estudo evidenciou que a utilização de uma ferramenta tecnológica inteligente em saúde permitiu a transformação das relações entre oferta e demanda dos serviços, redirecionando a reorganização das práticas de saúde em seu conteúdo técnico-econômico e político, dirigindo-as à solução dos problemas. Ao planificar a situação da sífilis e detalhar os pontos que eram necessários monitoramento, todos os profissionais passaram a ter acesso a todas as pessoas com sífilis no município, permitindo que em qualquer ponto da rede que a pessoa fosse atendida, a informação e o status do tratamento iam sendo alimentados na ferramenta, e assim, foi sendo garantido o atendimento integral e longitudinal. Com isso, evitou-se notificações repetidas e por vezes incompletas que geravam duplicidade nos sistemas de informação, além é claro da qualidade e garantia do cuidado ofertado. O enfrentamento do atual quadro de saúde da população brasileira exige profunda articulação com os diferentes níveis de atenção na perspectiva de impulsionar seu desenvolvimento como um sistema de saúde integrado4. Reconhecendo os processos de estruturação de redes de atenção à saúde como iniciativas que caminham nessa direção, há que se ressaltar a importância de sistemas de informação integrados e em tempo real, para qualificar a assistência a saúde nos diferentes níveis de atenção e garantir a segurança do cuidado, a partir de informações precisas e oportunas7. Este estudo demonstrou que a articulação nos diferentes níveis permite melhorar a qualidade de registro, eliminando a duplicidade de notificações e registros inadequados, que no caso da notificação geram dados distorcidos, informações incorretas e, por isso, devem ser analisados com cuidado. Tal achado se confirma nos dados apresentados nas tabelas 1 e 2 extraídas do MS e no quadro 1 extraída da Secretaria Estadual de Saúde, que apresentam divergência entre si, reforçando a necessidade de sistemas que qualifiquem os dados em tempo real permitindo a tomada de decisão tão importante na saúde. Tal inconsistência também pode estar relacionada aos registros dos atendimentos nos sistemas de prontuário eletrônico das instituições de saúde, quer seja pela falha no preenchimento dos profissionais que prestam a assistência direta, quer seja na transferência dos dados para os sistemas ministeriais, glosando dados17. Este valor possivelmente está relacionado aos problemas identificados nacionalmente quanto ao registro no sistema de informação, apontado já em outro estudo. Dificuldades no alcance dos indicadores é uma realidade e já foram apontadas em outros estudos, e demonstram a necessidade de ações no sentido de fortalecer o sistema de saúde18-19-20, a ferramenta inteligente é uma estratégia para a garantia dos princípios do cuidado do SUS, a integralidade. Apesar das metas terem sido definidas considerando os parâmetros da literatura nacional e internacional21, a melhora no resultado do indicador alcançado mostra ainda, que há uma lacuna no cumprimento dessas metas e que elas precisam ser profundamente trabalhadas e que vão para uma discussão além da saúde, quer seja a nível mundial, nacional e municipal. Tal situação decorre do fato desse indicador estar fortemente relacionado às condições de saúde, à cultura e aos determinantes sociais de saúde da população (DSS)22-23. Neste estudo, esse indicador foi monitorado diariamente através da ferramenta tecnológica inteligente denominada sala de situação de monitoramento e controle da sífilis, que permitia a todos os profissionais sua utilização24. Essa ferramenta tecnológica inteligente em saúde configurou-se como uma ferramenta que planifica o cuidado de forma longitudinal e integral, além de contribuir para a transparência acerca do cuidado desenvolvido, além de ser dinâmica e estar em constante processo de aprimoramento e qualificação. É um espaço virtual onde a informação do cuidado com a sífilis é analisada sistematicamente, dotada de visão integral e intersetorial, que partindo da análise e da avaliação permanente da situação de saúde, atua como instância integradora da informação que gera a vigilância em saúde pública nos diferentes níveis do cuidar em saúde, constituindo assim, uma poderosa ferramenta para o cuidado seguro em saúde pública. Este processo de avaliar e monitorar um problema de saúde pública a partir de uma ferramenta em consonância com os princípios do SUS garante a integralidade e o cuidado longitudinal.
Este estudo evidenciou que a utilização de uma ferramenta tecnológica inteligente no controle da sífilis é fundamental para o cuidado seguro e de qualidade. Destaca-se, por fim, a oportunidade e a relevância do desenvolvimento dessa ferramenta no âmbito municipal, pois quando é utilizada adequadamente, revela um potencial bastante grande para qualificar as ações de saúde. A ferramenta tecnológica inteligente de controle da sífilis constituíu em um processo social e histórico, como instrumento de transformação da prática assistencial no serviço de saúde de São José, além da operacionalização das ações de saúde, permitiu que cada profissional de saúde analisasse e monitorasse a pessoa com sífilis nos seus espaços de cuidar.

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