APSREDES

Resultado Preliminar
1.1 Título da experiência

Agricultura Participativa pelo coletivo Arte & Escola na Floresta

1.2 Autores(as) da experiência

Nome Cargo/Função Município
Camila Cyrino Nutricionista Manaus
Janaina Marinho Chef de cozinha Manaus
Nora Hauswirth Coordenadora Manaus
Emerson Fernandes da Silva Technico Florestal Manaus

1.3 Organização(ções)/Instituição(ções) promotora(s) da experiência

Organização/Instituição
Arte & Escola na Floresta

1.4 Cidade(s) e Estado (s)

Estado Cidade
Amazonas Manaus

1.5 Região do país

Norte

1.6 Identificação do(a) autor(a) responsável

Nome Cargo/Função Município
Nora Hauswirth Coordenadora Manaus

1.7 Eixo temático da experiência

Eixo 4 - EAN em outros campos de prática

1.8 Público participante da experiência

AdultosComunidade em geralMulheres

1.9 Onde esta experiência foi desenvolvida

saúde
ASSISTÊNCIA SOCIAL
EDUCAÇÃO
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
OUTROS
Centro/Associação Comunitária
1.10 Na avaliação do grupo responsável esta experiência atendeu e/ou promoveu os seguintes princípios
todas as pessoas têm o direito de estarem livres da fome
todas as pessoas têm o direito de ter acesso à alimentação adequada saudável
integralidade
equidade
participação social
apoio ao desenvolvimento sustentável

Por favor justifique/comente sua resposta

Difundir o uso das PANC e alimentos locais tem como um dos objetivos mostrar para a comunidade que existem alimentos mais acessíveis, saudáveis e em abundância, o que pode ajudar em ações de combate à fome, pois depende-se menos de recursos e produtos advindos de outros locais e de grandes fornecedores, que inviabiliza mais pessoas terem acesso à alimentação completa, adequada e saudável. Durante as ações da Vivência são preconizadas práticas ecológicas e sustentáveis como a compostagem, o aproveitamento integral de alimentos, o uso de fertilizantes naturais, a colheita e uso de alimentos respeitando a sazonalidade e estimula-se a preferência ao alimento local pelo menor impacto ambiental causado. Somado ao plantio de forma agroecológica que respeita a natureza, as ações são todas realizadas de forma a promover um desenvolvimento sustentável. Grande parte dos ensinamentos tratados na Vivência são realizados por produtores familiares regionais, que não tem situação econômica confortável, por isso, apesar da Vivência ser gratuita para qualquer cidadão interessado em trabalhar e aprender em troca de produtos agrícolas, as ações remuneram os produtores locais com fundos advindos de editais de financiamento para causas agroecológicas, dessa forma valoriza-se o trabalho do produtor oferecendo mais pra quem mais precisa. Ao final de cada vivência é gerado um documento, seja artigo, vídeo, livreto de receitas, com objetivo de propagar esses conhecimentos gerados com a participação de todos os envolvidos. Eles são distribuídos nas mídias sociais e em outras ações comunitárias como em escolas e outros eventos públicos.

2. OBJETIVOS E PRINCÍPIOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA

2.1 Objetivo(s): Qual é/foi a finalidade das atividades desenvolvidas

– Promover a educação no campo pra que os participantes tenham contato com a produção em todas as etapas: preparação do solo, plantio, manejo, colheita, processamento e uso culinário, cozinhando todos juntos em comunidade. – Difundir e estimular o uso das PANC, ainda pouco conhecidas na região e que podem contribuir pra diminuição da insegurança alimentar. – Estimular o consumo de alimentos frescos e ou que passaram por baixo grau de processamento, informando conforme o Guia Alimentar pra População Brasileira, que essa prática diminui os riscos de doenças crônicas não-transmissíveis. – Ensinar sobre os Sistemas Agroflorestais como possibilidade para cultivo em áreas urbanas e rurais,em quintais, escolas, em praças e bairros, recuperando solos degradados e sua fertilidade e aumentando a biodiversidade.

2.2 Os objetivos e as atividades desenvolvidas adotaram de maneira explícita algum ou alguns dos princípios do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas

I - Sustentabilidade social, ambiental e econômica
II- Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade
III- Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas
IV- A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória
VI- A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos
2.3 Quais temas/diretrizes dos Guias Alimentares para População Brasileira e/ou para Crianças brasileiras menores de 2 anos são/foram abordados na experiência?
1- Alimentação é mais que ingestão de nutrientes 2- Alimentação adequada e saudável deriva de sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável 3- Diferentes saberes constroem o conhecimento pra criar recomendações sobre alimentação e nutrição. 4- Guias alimentares ampliam a autonomia nas escolhas alimentares
2.4 Vocês consideram que esta experiência pode contribuir de maneira direta ou indireta a um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ?
ODS 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
ODS 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
ODS 12 - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
ODS 15 - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade

3. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

3.1 Como foi identificada a necessidade de realização desta experiência
Há mais de três anos, quando se conheceu o cenário de escassez de produção de alimentos na região de Manaus, capital que depende muito de alimentos de fora do estado. Somado às condições desfavoráveis de produtores locais, incluindo agricultores orgânicos, que por vezes se encontram em insegurança alimentar mesmo produzindo alimentos e, visto que parte desse cenário se dá por falta de políticas públicas que favoreçam os produtores, além da falta de conhecimento da população que pode gerar a demanda aos alimentos produzidos localmente, a Vivência foi pensada para unir o conhecimento e prática necessários pra que a população vivencie e crie uma ligação entre conhecimento indígena, ciência, arte e repense as práticas agrícolas e alimentares atuais na Amazônia.
3.2 Foi realizado algum diagnóstico da situação (observação da realidade, levantamento de demandas junto ao público etc) antes de iniciar a experiência
Sim
descreva rapidamente
Através do contato direto com produtores de assentamentos próximos ou participantes de feiras organizadas por movimentos sociais no fomento à agroecologia, que se mostraram por vezes em insegurança alimentar, com dificuldade de transporte e escoamento da produção.
3.3 Como foram definidos as prioridades e objetivos da experiência
Foram definidos os objetivos a partir da leitura dos problemas sociais observados, como a carência dos produtores locais e o distanciamento da comunidade com os processos de produção de alimentos. As prioridades foram definidas de acordo com os recursos disponíveis no local de ação da Vivência. Ex: alimentos disponíveis para colheita, local onde a terra precisa ser trabalhada antes de ser plantada, ingredientes para a elaboração do menu, instrumentos audiovisuais disponíveis para documentar a ação.
3.4 Os sujeitos da ação participaram das etapas de planejamento da experiência?
Sim
sim, em quais etapas e como participaram ?
Sim. Os participantes fizeram o planejamento do menu, a elaboração de receitas, a organização das atividades em grupo e a criação de equipes pra cada atividade a ser realizada durante a Vivência.
3.5 Foram desenvolvidas metodologias ativas como estratégias pedagógicas para a EAN
Sim
Se sim, indique a(s) metodologia(s) com uma breve descrição
Durante a Vivência, os participantes escutam e vêem ao mesmo tempo a atividade a ser praticada, executam em seguida e discutem em rodas de aprendizado sobre temas relacionados, de forma a estimular a ligação entre os temas dentro da segurança alimentar, os conhecimentos teóricos e as práticas culinárias e agrícolas. Ao final da Vivência, os participantes são estimulados a comunicar verbalmente os aprendizados da Vivência e como poderão dar continuidade a isso no cotidiano.
3.6 Foram utilizados recursos materiais nas atividades desenvolvidas
Não
sim, quais recursos?
Somente produtos já encontrados no local das ações, como ferramentas para cuidar da terra, alimentos, ingredientes culinários e utensílios da cozinha que pertence ao Centro de Treinamento Agroflorestal do Musa.
3.7 Sua experiência se configura no desenvolvimento de materiais educativos e desenvolvimento de tecnologias sociais a serem aplicados por outros profissionais?
sim
Descreva sobre o material/tecnologia social
Foram elaborados artigos, receitas e vídeos publicados em mídias sociais, incluindo um curta-metragem intitulado: “Decolonize seu Prato: As Super Batatas Amazônicas.”, lançado em evento público no Museu da Amazônia junto com um menu PANC e troca de sementes e mudas.
3.8 Como a experiência foi avaliada e quais os resultados obtidos
Em todas as edições a Vivência foi bem avaliada pelos participantes ainda durante a participação, que sempre que possível retornam para outras edições e ou contribuir como organizador. Os resultados estão aparecendo no cotidiano desses participantes, que além de relatarem melhora na qualidade de vida após mudanças na alimentação, também se tornaram multiplicadores dos conhecimentos. Dessa forma, a procura por alimentos locais em feiras direto do produtor tem sido estimulada. Um exemplo é a difusão da batata ariá, que antigamente já foi produzida e conhecida por gerações anteriores e sumiu do mercado geral pela ausência na procura desse e outros alimentos regionais, que perderam espaço pra batata inglesa e batata portuguesa.
3.9 Relevância: Na avaliação das/os responsáveis, essa experiência contribuiu para algum nível de mudança/melhoria da realidade alimentar e nutricional das pessoas envolvidas; e/ou gerou experiência/conhecimento que pode contribuir para a prática de EAN em outros momentos e realidades
Pela opinião dos organizadores e pelos relatos de avaliação dos participantes, a Vivência contribui para adquirir conhecimentos teóricos e práticos que poderão ser reproduzidos posteriormente e influenciam direta ou indiretamente em práticas alimentares conscientes e saudáveis.

4. RELATO RESUMIDO DA EXPERIÊNCIA

Relato resumido da experiência
A Vivência em Agricultura Participativa promovido pelo Coletivo Arte & Escola na Floresta acontece no Centro de Treinamento Agroflorestal do MUSA (Museu da Amazônia), que está instalado no nordeste de Manaus, na floresta que se encontra entre os limites da Reserva Adolphe Ducke e o lago do Puraquequara, no assentamento Água Branca do Incra (Instituto Nacional de Reforma Agrária). Os participantes do Coletivo coordenam as atividades e se responsabilizam pelos grupos de trabalho, a fim de que todos participem e tenham um melhor aproveitamento da vivência. Duas a três vezes por mês a comunidade local é convidada a passar um final de semana em formação no campo, de forma a aproximarem-se a terra e do processo de produção de alimentos produzidos localmente. Acompanham todas as etapas, desde preparar o solo, plantar, colher, manejar, até processar e cozinhar o alimento com o que a terra tiver disponível pro momento. Técnicos em agroecologia são tutores do trabalho em campo e orientam todas as atividades realizadas em grupo de forma fácil e prática para quem possam ser posteriormente reproduzidas em outros locais, como hortas urbanas, escolas, espaços comunitários. Durante os dias de Vivência, os participantes entram em contato com a prática da agroecologia e aprendem sobre o manejo de sistemas agroflorestais, sobre fertilizantes preparados com recursos encontrados no local, bem como sobre o valor nutritivo de sementes, brotos, frutas, fermentados e outros alimentos regionais, orientados por nutricionista e pela população local, detentores e saberes e práticas ancestrais da floresta. As plantas alimentícias não convencionais (PANC) são apresentadas diretamente na horta e por onde se espalham espontaneamente pelo terreno pra facilitar a identificação e passar conhecimentos botânicos. As PANC são difundidas como grande alternativa para a soberania alimentar, considerando o potencial pra promover a sustentabilidade social, ambiental e econômica, uma vez que agricultores familiares locais as produzem facilmente sem a necessidade de agrotóxicos e assim podem levar saúde pra quem consome os alimentos frescos e saudáveis que traçam um caminho limpo e justo até o prato. Durante as atividades, conhecimentos teóricos são passados e posteriormente discutidos em rodas de conversa, a fim de possibilitar o diálogo e facilitar o aprendizado. Partilhas faladas, troca de livros, filmes e manifestações artísticas são esperadas nesse momento. O objetivo maior é que a comunidade local entenda os problemas da alimentação na região amazônica e se coloquem como sujeito de ação pra mudanças individuais e coletivas. Ao despertar de como fomos ensinados a comer de uma forma muito distante do ideal pra saúde de todos e de como as políticas públicas podem melhorar essa situação, as vivências acabam se tornando uma formação de multiplicadores, capazes de partilhar com a sociedade a importância da saúde do solo, o respeito aos alimentos que não se dão bem com o clima quente e úmido e, assim, não mais pedir por batata portuguesa, tomate e alface, mas sim ariá, cariru, jurubeba e tantos outros encontradas abundantemente em nossa terra. Na mesma linha, essa comunidade desperta para o direito de todos à alimentação adequada. A Agricultura Participativa fornece conhecimentos teóricos e também práticos. A ideia é que a comunidade local passe por uma formação do campo de forma que sempre haja troca do trabalho manual por produtos agrícolas, por isso cada participante leva pra casa um buquê com PANC e outros produtos de baixo processamento produzidos pelo coletivo. Assim os participantes podem dar continuidade ao que foi vivenciado cozinhando em casa com as PANC da forma que aprenderam em comunidade. Entre as atividades já realizadas durante as vivências em agricultura participativa, estão a colheita do milho agroflorestal e processamento de pamonha, mutirão para plantar mudas frutíferas, colheita de urucum e processamento do colorau, o beneficiamento do côco seco pra obtenção de óleo de côco artesanal, fermentação de bebidas e até mesmo a construção rústica de uma cozinha e um forno segundo bases da bioconstrução. Em todas as vivências há a elaboração de menu PANC executado por muitas mãos, considerando o que a terra tem disponível pra ser colhido e o que a criatividade dos participantes pode oferecer. Após o encontro, documentos como artigos, receitas e vídeos de registro do encontro, são distribuídos pra divulgar essa nova forma de cultura alimentar e estimular a continuidade das ações.

5. DOCUMENTOS

5.1 Campo para inserção de arquivo de imagens que documentaram a experiência
Campo para inserção de arquivo de documentos produzidos relacionados à experiência