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LIS CTA – Ampliação do acesso a saúde às populações-chave durante a pandemia de Covid-19

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil lança três documentários sobre boas práticas de saúde desenvolvidas a partir da execução de projetos em parceria com as secretarias municipais de saúde de Porto Alegre, São José do Rio Preto, Fortaleza e Corumbá que visam ampliar o acesso e o cuidado integral às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Sífilis, HIV e Hepatites Virais) com foco nas populações mais vulneráveis nos territórios. Elas participam do Laboratório de Inovação em Saúde dos Centros de Testagem e Aconselhamento (LIS CTA) nas Redes de Atenção à Saúde (RAS) e foram selecionadas como experiências exitosas de reorganização de processos, protocolos e fluxos adotados nos serviços de saúde. A iniciativa é desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde.

Além de ampliar a oferta de prevenção, diagnóstico e tratamento das infecções sexualmente transmissíveis, as estratégias adotadas pelas equipes de saúde passam pela integração do CTA com a rede de serviços do município para promoção da linha de cuidado das IST/Aids, ações de educação permanente para os profissionais de saúde, trabalho extramuros com a participação agentes comunitários de saúde, educadores de pares e agentes sociais, fortalecimento do vínculo entre a equipe e o usuário. A parceria com as universidades para melhorar a qualificação dos profissionais de saúde também é um recurso utilizado para fortalecer as atividade dos CTAs.

As entrevistas dos documentários foram gravadas em junho deste ano, nos serviços de saúde das cidades participantes, pela equipe do Laboratório de Inovação seguindo as recomendações de segurança contra a Covid-19. Com legendas em espanhol e português, o registro audiovisual será utilizado em atividades de educação permanente e está disponível na TV Portal da Inovação na Gestão do SUS no youtube (https://bit.ly/liscta).

Ampliação do acesso em Fortaleza e na fronteira em Corumbá

No CTA de Fortaleza, os educadores de pares melhoraram a adesão do usuário ao tratamento. São pessoas que fazem parte das populações-chave, selecionadas pela coordenação do projeto, que realizam rodas de conversa, aconselhamentos, contribuem no trabalho de adesão e vinculação dos usuários ao serviço, além de apoiar na busca ativa de casos de abandono. “Esse diálogo acaba intensificando o interesse do paciente em manter-se ligado ao serviço, tirar certos medos, que às vezes eles não têm coragem de relatar na consulta médica, mas entre os pares eles conseguem relatar. Isso acaba funcionando, de um certo modo, com um impacto positivo na adesão”, explica o médico infectologista do CTA/SAE Carlos Ribeiro de Fortaleza, Fabrício Bezerra.

No CTA de Fronteira, em Corumbá, as equipes estão intensificando as ações extramuros e construindo parcerias com as equipes de saúde da família, a partir do trabalho dos agentes sociais, na busca de apoiar a equipe do CTA no matriciamento da atenção primária, descentralizando ofertas de prevenção combinada. “Optamos pela opção de levar até a comunidade o trabalho extramuros, conscientizar a população porta a porta, com os agentes comunitários de saúde, levar para ele o conhecimento das infecções sexualmente transmissíveis, casos de sífilis na nossa comunidade, que é muito alta, principalmente nos jovens, adolescentes”, ressalta Andréia da Silva Pereira, enfermeira na UBS Bonifácio Tikayoshi Tiaen Corumbá-MS.

Atenção integral ao usuário em SJRP

Em São José do Rio Preto, a prioridade da equipe do CTA é fortalecer a integração com a rede de serviços do município. O projeto promoveu a implantação do prontuário eletrônico no Complexo de Doenças Crônicas Transmissíveis, permitindo o compartilhamento seguro de informações dos usuários do CTA, em qualquer ponto da rede de saúde, facilitando a continuidade do cuidado. Outra vantagem do prontuário eletrônico é a institucionalização do matriciamento das equipes de saúde, esclarecendo dúvidas sobre a conduta clínica e diagnóstica durante o percurso do usuário na rede.

“Ter esse contato, esse vínculo, e poder me comunicar tanto com o pessoal daqui, quanto com o pessoal de outros pontos da rede, para quando a gente tem alguma dúvida, ou esclarecer algum fluxo que muda, é muito importante. Para a gente não chegar na prática e não ter como encaminhar esse paciente. A gente saber o que fazer”, ressalta Gabriely Pereira Maranduba, enfermeira residente na UBSF Vila Toninho, de São José do Rio Preto.

Ações extramuros e educação permanente em Porto Alegre

A partir de 2020, com o apoio do projeto, o CTA Santa Marta vem reforçando o papel de formador e articulador da rede de atenção à saúde, ampliando o acesso ao diagnóstico e aos cuidados das populações-chave, em Porto Alegre. Homens e mulheres trans, gays e outros homens que fazem sexo com homens, travestis, trabalhadoras do sexo, pessoas que usam álcool e outras drogas e pessoas que vivem em situação de rua são o foco das ações de prevenção, diagnóstico e tratamento, na lógica da prevenção combinada. Os principais eixos do projeto de reestruturação do CTA Santa Marta são a educação permanente e as ações extramuros nos espaços de sociabilidade, onde as populações-chave vivem, circulam e trabalham.

A pandemia de Covid-19 exigiu um reposicionamento do CTA de Porto Alegre diante dos novos desafios. A equipe percebeu que as unidades de saúde estavam voltadas ao enfrentamento da Covid-19, e que não haveria profissionais habilitados para fazer a testagem rápida convencional. Uma das adequações foi a introdução dos testes rápidos de fluido oral para a detecção de HIV na rede, que podem ser realizados por todos os profissionais de saúde.

“A gente nunca pode mandar uma pessoa embora. Com o teste rápido de fluido oral a gente consegue, pelo menos naquele momento, fazer o teste de HIV e pede para ele retornar em um segundo momento para fazer os outros testes”, explica Viviane de Lima Cezar, bióloga residente em saúde coletiva no CTA Santa Marta.

Outra ação de destaque foi o georeferrenciamento dos locais de sociabilidade. O trabalho permitiu a localização de pessoas em situação de rua, pontos de tráfico de drogas, ruas e estabelecimentos onde profissionais do sexo trabalham e circulam, além de serviços de saúde e outros parceiros, como ONGS e associações. “A gente sempre teve esta ideia muito de que o usuário não tem limites de território. Ele não conhece esse limite rígido de um serviço de saúde, de que uma rua é um serviço, outra rua é outro”, aponta Vinícius de Souza Casaroto, farmacêutico residente em saúde coletiva no CTA Santa Marta.

 

Acesse a playlist: https://bit.ly/liscta

 

 

 

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