A experiência do Chile com a regulamentação da Prática Avançada da Enfermagem (PAE) foi o tema do primeiro ciclo de palestras promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil e pelo Conselho Federal de Enfermagem, nesta sexta-feira (24/09). Como resultado do trabalho conjunto de acadêmicos, gestores e especialistas chilenos, a PAE oncológica foi incorporada na política pública e na formação profissional por meio da oferta de mestrado profissional.
“A OMS e PAHO foram essenciais como elemento político para estabelecer as prioridades da PAE para políticas públicas, visando expandir o acesso aos serviços, especialmente para a atenção à saúde de usuários oncológicos”, explica Maria Consuelo Ceron Mackay, diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Universidad de los Andes.
“Parte do trabalho do grupo de especialistas foi aprofundar o entendimento da prática avançada, definindo o que é, as competências dos profissionais e a sua complexidade”, ressalta Mackay. A divulgação das evidências científicas sobre a contribuição da PAE para a melhoria da saúde dos usuários também foi apontada como uma estratégia para avançar na implementação da proposta, segundo a diretora.
A inovação para Mackay é a oferta do mestrado profissional em PAE oncológica, por universidades do Chile. “A estratégia está ancorada no Plano Nacional de Oncologia do Chile, regulamentada por protocolos clínicos, visando impactar em uma doença crônica que se apresenta como a segunda causa de morte em nosso país”, ressalta Mackay. “Alertamos os tomadores de decisão para fortalecer a política de recursos humanos da rede oncológica, prevendo o papel da PAE no plano nacional de combate ao câncer”, aponta.
Fruto do trabalho das enfermeiras acadêmicas e clínicas, a proposta para o marco regulatório da PAE na oncologia permite que qualquer universidade possa oferecer a graduação. A PAE em oncologia do Chile permite a atuação dos enfermeiros em todo ciclo de cuidado do usuário com câncer, desde o diagnóstico, definição de tratamento, solicitação de exames e monitoramento dos pacientes.
Como desafios para incorporar a PAE às políticas públicas, Mackay elenca a necessidade de aprovar o marco sanitário pelo sistema legislativo de Chile para dar mais sustentabilidade à prática, melhorar os salários dos enfermeiros mestres em PAE, trabalhar politicamente e em rede para superar a resistência à mudança na clínica do enfermeiro e construir uma forte liderança da categoria profissional. “Pensem no paciente que sairá beneficiado com a implantação da PAE que terá ampliação de acesso à saúde e melhor atenção”, recomenda Mackay.
A próxima palestra do ciclo de debates ocorrerá no dia 1o de outubro, às 14h, com a participação da diretora de Enfermagem e coordenadora geral da comissão permanente de Enfermagem da Secretaria de Saúde do governo federal do México, Claudia Leija Hernández. Será transmitido pelo youtube do Cofen e do Portal da Inovação na Gestão do SUS.
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