APSREDES

PARA A COVID NÃO ME CONVIDE: ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS NA PREVENÇÃO E COMBATE ÀS FAKE NEWS.

Estado: Maranhão
Município:Pastos Bons
Data de Início: março 1, 2021
Situação atual: Estágio avançado de execução.
Vinculação da experiência: Conselho Local de Saúde
Parceria com outra instituição: Sim
instituição: Secretaria Municipal de Saúde
Autor: cleomarbrdias@gmail.com
Eixo 2 – Atuação direta dos Conselhos de Saúde em ações de comunicação para a população, mobilização, articulação e proteção social para o enfrentamento da pandemia

Nome: ROSA MARIA DUARTE VELOSO E-mail: rosamdv@professor.ma.gov.br



Nome: Gabriel Oliveira Silva E-mail: gabrielos@prof.edu.ma.gov.br



Nome: Américo Rego Ribeiro E-mail: aregoribeiro@gmail.com



Nome: Alberto Ferreira de Oliveira Neto E-mail: albertoferoline@gmail.com



Nome: Benildo Gomes Cavalcante E-mail: benildo.cavalcante@prof.edu.ma.gov.br


Local

Conselho Local de Saúde

Contextualização

O presente estudo foi desenvolvido no município de Pastos Bons, localizado no leste do estado do Maranhão, região nordeste do Brasil, 550 km da capital São Luís. O município possui uma população de 18.067 habitantes, predominantemente urbana. A estimativa populacional para 2020 era de 19.583 (IBGE, 2010). A cidade faz parte da microrregião das Chapadas do Alto Itapecuru, que é composto por 18 município; destacando-se por ser uma das cidades mais antigas da microrregião (Fundada em 1764). O município originou-se de uma vila fundada por pernambucanos e baianos criadores de gado que se estabeleceram naquela região. Está localizado em uma área de cerrado, onde existe muitas fazendas de grãos, em especial, de soja, na circunvizinhança. Além, de faz parte do MATOPIBA – região formada pelo estado do Tocantins e partes dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia, onde ocorreu forte expansão agrícola a partir dos anos 1980. Tal crescimento contribuiu para geração de um PIB per capita de R$ 10.180 (2018) Ademais, as áreas de desenvolvimento e sua relação com o IFDM estão assim classificados: a saúde (0,4126) considerada de baixo desenvolvimento, educação (0,7726) como desenvolvimento regular, e o emprego e renda (0,5130) considerada de baixo desenvolvimento. Segundo o índice FIRJAN quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento da localidade (FIRJAN, 2020). Sabe-se que o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 2010 foi de 0,610. Esse índice é resultante de uma média composta por indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. Ou seja, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Quanto ao índice de Gini de 2010 foi de 0,56. Esse índice serve para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Varia de 0 a 1 (ou cem) onde o valor zero representa a situação de igualdade enquanto que o valor um (ou cem) está no extremo oposto (BRASIL, 2018; IBGE, 2010).

Justificativa

A COVID-19 (Coronavirus Disease of 2019) é uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2, o qual foi identificado em Wuhan, China e sendo em seguida disseminado no mundo. Por tratar-se de um vírus sua contaminação pode ocorrer via ar ou mesmo pelo contato direto das pessoas. Os seres humanos que se contaminam podem apresentar um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas à graves problemas respiratórios (BRASIL, 2020). O cenário é bastante crítico, tanto que em março de 2020 a OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE) declarou a Emergência da Saúde Pública de Interesse Internacional, devido a proliferação em escopo planetário da doença COVID-19 caracterizando-a como uma pandemia (OMS, 2020). Não só no Brasil, mas também no mundo o Covid-19 se tornou um problema de saúde pública. A pandemia mudou o formato como se ensina, bem como a maneira como se aprende e, mais uma vez, a escola teve que reconfigurar seu papel; as aulas passaram para o formato remota. Para normatizar a modalidade o Estado do Maranhão instaurou o decreto nº 35.897 de 30 de junho de 2020, que estabeleceu em seu artigo 8º a obrigatoriedade de comissão e saúde nas escolas com a participação de todos os segmentos da comunidade educacional visando contribuir para a discussão, disseminação, implantação e monitoramento de protocolos necessários ao encaminhamento das atividades nas unidades escolares da rede estadual de ensino. As aulas do Centro Educa Mais, professor Ribamar Torres estavam acontecendo de forma híbrida, e, após um encontro presencial, percebeu-se o não seguimento das normas e protocolos de segurança, bem como havia uma certa resistência na utilização correta das máscaras; mesmo a escola disponibilizando kits desses equipamentos de proteções individuais. Além disso, era constante nos grupos de WhatsApp da escola a disseminação de informações falsas pelos alunos. Frente a essa realidade, foi proposto a um grupo de professores a inclusão da disciplina eletiva “Para a COVID não me convide”. As atividades dessa disciplina foram desenvolvidas em parceria com o Conselho de saúde Segundo o boletim epidemiológico COVID-19 da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Maranhão do dia 28/05/2021 foram confirmados até agora 289019 casos, 43,9% (126810) sexo masculino, 56,1% (162209) sexo feminino, 23701 casos ativos, 7789 óbitos e 249760 casos recuperados. A faixa etária 30 a 39 anos é a mais acometida com 58662 casos (CORONAVÍRUS MARANHÃO-2021) Na cidade de Pastos Bons, MA até o presente momento foram confirmados 1447 casos e 21 óbitos. Estamos vivenciando uma situação de crise que tem afetado não somente a questão econômica e social, mas também se refletiu na saúde física e mental da população, sobretudo as que estão em situação de maior vulnerabilidade. É imperativo que, em situações de isolamento e distanciamento social condicionados à pandemia, sejam realizadas atividades de promoção de ações voltadas ao comportamento seguro, com destaque para o cumprimento de regras e ao autocuidado. (Brooks et al., 2020).

Objetivo

Combater a disseminação de Fake News sobre a pandemia do novo coronavírus através da verificação da confiabilidade das fontes de informações.

Metodologia

Através de aulas dialogadas foi proposta uma disciplina eletiva (aquela disciplina que pode ser escolhida pelo aluno) envolvendo biologia, química e matemática para discutir sobre a pandemia de COVID-19. As aulas aconteceram semanalmente e tiveram carga horária de duas horas. Essa disciplina envolvia questões básicas sobre a biologia do vírus, informações sobre as substâncias produzidas durante as reações químicas no organismo, além de discutir e analisar gráficos e tabelas sobre COVID-19 com dados sobre Pastos Bons, o estado do Maranhão e do Brasil. Também foram feitas discussões sobre a realidade do México com o pesquisador mexicano doutorando Guillermo Jesus Guillermo May (Universidad Autónoma de Yucatán – UADY) , da Índia mediados pelo professor indiano Drº BIjulal M. Vasu (Faculty, School of International Relations and Politics, M G University, Kottayam, Kerala, India) e também na Itália através do camaronês Mestre Yannick Kouamo que trouxe reflexões de como as pessoas na Europa, especialmente na Itália, enfrentaram a pandemia de COVID-19. Para as aulas com os professores Bijulal Vasu foi necessário um intérprete (inglês-português) que foi realizado pelo professor do Instituto Federal do Piauí Paulo Ferreira e a aula com Yannick Kouamo também usamos uma intérprete (italiano-português) que foi realizada pela professora Rosa Maria Duarte Veloso. A maior parte dos encontros aconteceram de forma síncrona através de webinar, isso possibilitou a participação de pesquisadores e profissionais de saúde de outros estados brasileiros, como a professora da Faculdade de Medicina Drª Caroline Mary Gurgel Dias Florêncio (Universidade Federal do Ceará-UFC), que falou sobre os aspectos gerais da COVID-19. Também contamos com a contribuição da professora Me. Rebeca Bandeira Barbosa (Colaboradora da Diretoria de Educação profissional em Saúde da Diretoria de Educação Profissional em Saúde- DIEPS da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues-ESP) que apresentou a COVID em números no Brasil e desmistificou algumas Fake News sobre a doença. Também participaram membros da gestão pública municipal, como o coordenador da comissão de combate a COVID do município e secretário adjunto de saúde, o Especialista Agnaldo Siqueira para discutir os dados sobre a COVID-19 em Pastos Bons bem como os protocolos adotados pela cidade. Outra convidada foi a enfermeira da linha de frente de enfrentamento a COVID que trabalha na Força Estadual de Saúde no Maranhão, Mayara Duarte Veloso que apresentou o trabalho da Força Estadual de Saúde no estado do Maranhão no combate a covid-19: porque vacinar grupos prioritários? Os alunos fizeram o levantamento de informações na internet, análise e confirmações/refutação das mesmas com auxílio dos professores e como culminância elaboraram dois jogos: um intitulado “fato ou fake” e uma trilha do conhecimento abordando os mitos e verdades sobre a doença. No primeiro, a sala foi dividida em duas partes (lado Fato e lado Fake), ocasião que o facilitador sorteou uma das vinte afirmações (de temas que foram trabalhados virtualmente com os alunos) sobre COVID-19, os alunos julgavam o enunciado e se dirigiram para o lado fato ou fake na sala de aula. Após isso, os facilitadores questionaram a turma o porquê de a informação ser falsa ou verdadeira. A equipe que acertasse mais questões ganhava a disputa. No segundo jogo foram confeccionadas 30 placas com perguntas e afirmações relacionadas à temática (essas perguntas foram elaboradas pelos alunos e reescritas e organizadas pelos professores). As perguntas abordavam aspectos clínicos, transmissão, epidemiologia, kit COVID, tratamento alternativo, vacinas, prevenção, distanciamento social, uso de máscaras, Fake News, dentre outras. As placas eram sorteadas após o participante ter jogado o dado e percorrido as casas avançadas, definidas pelo número do dado. Os participantes deveriam responder às questões para completar todo o percurso da trilha à medida que as placas eram sorteadas. Quando o participante não sabia a resposta ele não poderia avançar a casa. Os facilitadores atuavam colaborando com as respostas ao mesmo tempo em que promoviam uma discussão sobre os temas.

Estratégias

Feita constatação in loco das atitudes e práticas dos nossos alunos referentes a pandemia de COVID-19, foi feito os seguintes passos: 1- Reunião com parte da comissão de saúde e alguns professores das áreas de Ciências da natureza e matemática para que pudessem propor uma ideia de enfrentamento relativo à temática. 2- Em um dos encontros presenciais, na escola, foi montada uma sala temática da nossa eletiva Para a COVID não me convide em que os alunos participaram do jogo “fato ou fake”. 3- Lançamento de uma chamada pública para os alunos escolherem a eletiva a partir do preenchimento de um formulário eletrônico. 4- Realização de um grupo de WhatsApp sobre a organização da eletiva e outro com todos os alunos e professores envolvidos nas eletivas para discussão dos temas e distribuição de material. 5- Realização de reuniões on-line através da plataforma google meet para estruturação da eletiva e discussão dos conteúdos a serem trabalhados. 6-Realização de encontros semanais com os educandos via google meet com duração de 2h cada encontro. 7- Elaboração de cards chamativos e vídeos para convidas os alunos para participarem das atividades da eletiva informando o tema da aula; 8- Divulgação da eletiva, bem como das atividades desenvolvidas na mídia local: blogs, sites, Instagram da escola e nos grupos de WhatsApp 9- Preocupação quanto a metodologia utilizada na eletiva, pois queríamos um formato mais dinâmico como uma roda de diálogo, para promover maior interação com o educando; 10-Convite de profissionais da área, que atuassem com pesquisa e na linha de frente de combate a pandemia para colaborar com a eletiva. (Todos os professores/pesquisadores convidados fazem parte do nosso ciclo de amizades e aceitaram participar da atividade de forma voluntária sem receberem pró-labore) 11- Realização de atividades escritas referente aos temas trabalhados; 12- Levantamento de informações na internet, análise e confirmações/refutação das mesmas com auxílio dos professores; 13- Discussão e análise de gráficos e tabelas sobre a COVID em Pastos Bons, no Maranhão e no Brasil; 14- Elaboração de uma lista de informações falsas e verdadeiras; 15- Elaboração de jogo sobre mitos e verdades; 16- Promoção de um campeonato entre equipes com os jogos elaborados 17-Elaboração de uma cartilha digital sobre COVID-19

Resultados Alcançados

A quantidade de alunos que participaram das aulas com os professores/pesquisadores convidados variava de 90 a 100 educandos. Participaram cerca de 100 educandos do webinar e 40 alunos dos jogos, divididos em pequenos grupos. Esses jogos foram organizados e elaborados por 15 jovens protagonistas orientados pelos professores das áreas de ciências da natureza e matemática. Em relação aos resultados dos jogos pode-se observar que a maioria dos educandos tinha um conhecimento considerável acerca da doença, mas que ainda havia dúvidas, principalmente, sobre formas de infecção, vacina e tratamento. Durante a avaliação da eletiva alguns alunos relataram não se importar com as medidas preventivas da COVID, e, que depois de estudar mais sobre a COVID começaram a perceber a pandemia com “outros olhos”. Nos encontros presenciais foi perceptível a mudança de atitude em relação a utilização das máscaras no ambiente escolar, além da diminuição de propagação de fake News nos grupos de WhatsApp da escola. Outra surpresa agradável foi o relato de alguns alunos em dizer que perceberam a importância do estudo da língua estrangeira; alguns relataram o desejo de aprender inglês e espanhol. O núcleo gestor apoiou o desenvolvimento da eletiva e disponibilizou material para a confecção dos jogos, assim como internet e impressora para os alunos. A maior dificuldade enfrentada foi a impossibilidade de realização de encontros presenciais, mas de certa forma também foi um ponto positivo porque proporcionou aulas síncronas com a participação de profissionais de outros estados brasileiros e de outros continentes (América do Norte com o México, Ásia com a Índia e Europa com a Itália). Foi sugerido a criação de um jogo eletrônico que está sendo desenvolvido pelos alunos em parceria com outra eletiva intitulada “Aplicando aplicativos” e a elaboração de uma cartilha informativa sobre a COVID-19 e fake news.

Considerações Finais

Percebeu-se que o desenvolvimento da autoconsciência foi o ponto alto da ação, somado a outros recursos a tecnologia como ferramenta de transformação de informação em conhecimento o que promoveu mudanças na forma de lidar com as informações sobre a doença, especialmente em relação a utilização correta de máscara e diminuição de propagação de fake news nos grupos de WhatsApp da escola. A experiência demonstrou também, que o jogo pode ser uma estratégia educacional interessante a ser desenvolvida junto aos alunos e até mesmo a comunidade escolar. Os Jogos foram bem aceitos pelos participantes que os classificaram como uma forma inovadora de se abordar a COVID-19 de maneira descontraída, onde os participantes tornaram-se também agentes do conhecimento. Sugerimos que esse jogo seja adaptado para abordagem de outras doenças.