APSREDES

SIMPÓSIO DE FRUTOS NATIVOS E EXÓTICOS – Empreendedorismo Social e Saúde no Mato Grosso do Sul

Autores do relato:

Raquel Pires Campos raquel.campos@ufms.br


Priscila Aiko Hiane priscila.hiane@ufms.br


Rita de Cássia Guimarães rita.guimaraes@ufms.br


Contextualização

O Brasil possui uma grande variedade de frutas e hortaliças distribuídas em diversos locais do país; e que poderiam ser melhores exploradas em nossas cozinhas e mesas, pois são alimentos que trazem saúde e bem-estar, além de serem importantes para o funcionamento normal do organismo e servir de fonte de nutrientes essenciais para o corpo, ajudando a prevenir várias doenças. Devido à homogeneidade cultural, o pouco conhecimento e baixo consumo de frutas e hortaliças locais indicam a perda da identidade alimentar nacional, mas é importante ressaltar que os hábitos regionais não só trazem um sentimento de pertencimento, mas também fazem parte do conjunto de segurança alimentar e nutricional, economia sustentável, desenvolvimento e valor agregado do grupo regional (CAMPOS et al., 2019). As comunidades indígenas e tradicionais brasileiras ensinam muito sobre a diversidade alimentícia, com importância na busca de novas plantas para o consumo humano visando economia e sustentabilidade, sendo que o suporte dado a essas comunidades é fundamental para o desenvolvimento de uma alimentação mais saudável e adequada, explorando espécies alimentícias que devem contribuir nutricionalmente nas dietas, em um futuro bem próximo (ROCHA et al., 2018). Diversificar a alimentação a partir da valorização da produção local favorece a disponibilidade suficiente de alimentos de qualidade. Destaca-se a maior visibilidade à importância de espécies alimentícias não convencionais para a sustentabilidade dos sistemas de produção de base ecológica, de forma a promover a conservação da agrobiodiversidade, a autonomia e a preservação da cultura local (FONSECA et al., 2018). Para uma melhor compreensão quanto à necessidade de retomar hábitos de consumo saudáveis, os institutos de ensino vêm se empenhando nos estudos que agregam valor nutricional, desenvolvimento de novos produtos e o reaproveitamento de frutos regionais, além de despertar o interesse e ensinar as pessoas a reconhecerem plantas alimentícias não convencionais (PANC) e inseri-las no consumo diário. Os estudos e a valorização de alimentos regionais estão muito evidentes nas universidades, através de ações de pesquisa e extensão, sendo, portanto, de fundamental importância, conectar ou inter-relacionar os ambientes que promovam opções alimentares saudáveis, trazendo benefícios à saúde e valorização da cultura alimentar brasileira. O distanciamento entre academia e sociedade vem decrescendo a cada dia porque cada vez mais a população preenche as cadeiras universitárias e isto abre a visão para as perspectivas que povoam o imaginário e cria novos caminhos para que uma conexão possa ser construída. É onde a ciência se funde com a vivência e é capaz de solucionar problemas que tantas vezes não estavam em pauta, mas que com essa aproximação é possível assegurar ações em fazer ciência a serviço do bem comum. Uma porta que se abre nessa perspectiva é a extensão universitária, além de ser uma das possibilidades de diálogo com a sociedade, é capaz de unir ensino, pesquisa e extensão, a partir de projetos que incentivem a interação entre as partes. O governo, em suas várias esferas, também tem voltado a sua participação para o apoio e incentivo ao consumo e preservação. A Portaria nº 121, DE 18 de Junho de 2019, instituiu o Programa Bioeconomia Brasil – Sociobiodiversidade (MAPA, 2019 p. 4), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, , com o objetivo de promover a articulação de parcerias entre o Poder Público, pequenos agricultores, agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais e seus empreendimentos e o setor empresarial, visando a promoção e estruturação de sistemas produtivos baseados no uso sustentável dos recursos da sociobiodiversidade e do extrativismo; e da mesma forma, a produção e utilização de energia a partir de fontes renováveis que permitam ampliar a participação desses segmentos nos arranjos produtivos e econômicos que envolvam o conceito da bioeconomia. O Plano Estadual de Agroecologia, Produção Orgânica e Extrativismo Sustentável Orgânico (PLEAPO) 2020-2023, busca implementar programas e ações indutoras da transição agroecológica, da produção orgânica e de base agroecológica e do extrativismo sustentável orgânico contribuindo para o segmento econômico e possibilitando à população a melhoria de qualidade de vida por meio da oferta e consumo de alimentos saudáveis e do uso sustentável dos recursos naturais, constituindo-se em instrumento de operacionalização da Política Estadual de Agroecologia, Produção Orgânica e Extrativismo Orgânico Sustentável de Mato Grosso do Sul – PEAPO/MS (Mato Grosso do Sul, 2018). Sendo assim as instituições de ensino e pesquisa assim como as entidades da comunidade civil fazem parte da articulação para o desenvolvimento de ações relacionadas ao consumo sustentável. A despeito da necessidade e o crescimento do interesse nos estudos sobre o bioma regional Centro-Oeste, o Pantanal e o Cerrado, a Profa. Priscila Aiko Hiane da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (Facfan/UFMS) deu início à aproximação universidade-comunidade, coordenando o I Simpósio de Frutos Nativos e Exóticos (Sinatex) com o tema “Perspectivas da Cadeia Produtiva”, ocorrido no ano de 2013 com o apoio da Fundect-MS, e realizado pela UFMS no auditório do Sebrae em Campo Grande – MS. Em 2017, o II Sinatex cujo tema foi “Inovação e Sustentabilidade”, fez parte do Programa de Extensão “Valorização de Plantas Alimentícias do Pantanal e Cerrado – 2016 – 2017” coordenado pela Profa. Ieda Maria Bortolotto do Instituto de Biociências (Inbio/UFMS), realizado no auditório do LAC nas dependências da UFMS, que na parte técnico científica contou com a participação de relatos de experiências de comunidades rurais. E na área externa foi realizada de forma inovadora para o público geral a Feira de Exposições e Atividades Integradas, assim como no III Sinatex, em 2019. O Sinatex – Simpósio de Frutos Nativos e Exóticos, nas três edições realizadas, teve efetivamente, o envolvimento dos cursos de Farmácia, Nutrição, Tecnologia em Alimentos e Ciências Biológicas da UFMS, além de algumas instituições parceiras, professores, pesquisadores, profissionais do agronegócio, produtores rurais, comunidades tradicionais e empresas do ramo alimentício. Essa integração vem gerando desenvolvimento econômico para o Estado, além de compartilhar experiências e realizar parcerias com pesquisadores de outras universidades, ampliando a divulgação e/ou troca de informações científicas na área da Ciência e Tecnologia em Alimentos.

Justificativa

O desenvolvimento de projetos que estimulem a conservação do Cerrado, do Chaco e do Pantanal e da sua cultura a partir da valorização e uso extrativista de plantas nativas ou exóticas (muitas delas não convencionais para uma parcela da população), pode viabilizar o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar, de pequenas comunidades rurais e melhoria da qualidade de vida dos moradores. Neste contexto, o aproveitamento da produção, e o incentivo a formas adequadas de armazenamento, processamento e comercialização agregam valor ao produto e incentivam o consumo de alimentos regionais. O aproveitamento e o incentivo à utilização e ao consumo de alimentos regionais associados à cultura local, assim como o desenvolvimento e difusão de técnicas de preparo de mudas, à técnica de restauração de áreas degradadas e às estratégias de educação na área rural, contribuem com a conservação destes biomas. A inclusão de itens alimentares oriundos da flora de Mato Grosso do Sul figura como uma oportunidade inovadora de negócio, de forma a oferecer produtos que ampliem a segurança alimentar e nutricional, associado à produção da agricultura familiar e comunidades tradicionais. O turismo culinário figura como uma tendência, de forma a oferecer produtos com características peculiares e cardápios regionais que são atrativos turísticos, associando produtos da sociobiodiversidade e apresentando grande potencial de expansão. Em virtude de vários fatores, dentre estes, mudanças no contexto sócio-ambiental e econômico, muitas comunidades vêm abandonando o uso de espécies não tradicionais; entretanto a diversificação de novas fontes de renda a partir destas pode gerar desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida dos moradores respeitando a cultura local. Inclusive, o turismo culinário figura como uma oportunidade potencial de negócio, de forma a oferecer produtos com características peculiares e cardápios regionais que são atrativos turísticos. A viabilização desse tipo de evento promove a ampliação, divulgação e/ou troca de informações técnicas e científicas na área da Ciências Biológicas e Tecnologia de Alimentos, em nível de matérias-primas regionais. Desta forma, a realização deste Simpósio fortalece a cadeia produtiva de frutos nativos e exóticos, por meio das oportunidades de negócios entre os elos de produção/comercialização/consumo, gerando desenvolvimento econômico e sustentável para o Estado de Mato Grosso do Sul.

Objetivo

A realização deste evento tem como objetivo consolidar as bases científico-tecnológicas capazes de alavancar a produção e o consumo dos frutos nativos e exóticos, como estratégia para o desenvolvimento econômico e social do Estado de Mato Grosso do Sul, além de atrair profissionais e acadêmicos locais e de outros estados, no intuito de disseminar os conhecimentos e as experiências obtidas, estimulando o turismo científico e fortalecendo os grupos de produção agroextrativista e de pesquisa na área de frutos que não são cultivados em larga escala. Contribuir para a mitigação da fome; para a saúde e bem estar da comunidade/população; promover igualdade de gênero empoderando mulheres e meninas que vem trabalhando com processamento e venda dos frutos nativos; garantir padrões de consumo e produção sustentáveis; e reverter a degradação da terra e interromper a perda de biodiversidade, a partir do uso sustentável de espécies subutilizadas no MS.

Metodologia

A partir da proposta original de um Simpósio local, com o crescimento no interesse e busca por conhecimento de produtos e formulações com frutos regionais, houve a ampliação da participação na feira de Exposições e Atividades Integradas. Foram identificados os empreendimentos familiares e pequenos produtores, os beneficiadores, os fabricantes, as associações, as cooperativas, os incentivadores; e assim, foram todos convidados para participar de uma exposição e venda dos produtos a partir do seu trabalho, incluindo alimentos, artesanato e outros produtos relacionados com a conservação do meio ambiente ou com as comunidades tradicionais e empreendimentos familiares. Na terceira edição do evento a inscrição para a participação na feira foi divulgada pelo site do Sinatex e para parceiros como Agraer, Unicafes e outros parceiros no MS.

Atores envolvidos (institucionais e/ou coletivos)

Docentes, técnicos e alunos da graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Aberto a comunidade externa. Empreendimentos assessorados pelo Sebrae e comunidades rurais e povos indígenas, como por exemplo: Nome Empresa ou agroindústria – Produtos Sabor da Terra – Palmito de Guarirova Pérola da Roça – Banana passa, chips e outros PH Cosméticos Produtos Cosméticos Mel Serra da Bodoquena – Mel, pólen e própolis Assentamento Santa Lúcia – Rapadura com frutos nativos Núcleo ser Vir a Vida – frutos ‘in natura’ e alimentos com frutos nativos – Miranda/MS Instituto de Pesquisa da Diversidade Intercultural – Miranda /MS Aldeia Brejão – Associação Hanaiti – Yomo-Omo (AHY) – Nioaque/MS Kombucha – Kombuchas, Juns, Vinagres, Chás Angi – Chocolates com frutos nativos Bellamoni Sorvetes – Picolés a base de fruta, a base de leite e “detox” Delícias da Meri (IMNEH) – Bolos e doces no pote AMREST- Associação de Mulheres Rurais -Doces, geleias e sucos, Doce de leite com baru Picolé Frutos do Mato – Picolés diversos com frutos do Cerrado e Pantanal do MS Incubadora Tecnológica de Cooperativas da UFMS – Diversos empreendimentos – Alimentos e artesanatos Instituto de Biociências/UFMS – Exposição Carpoteca e Máquina de quebrar baru

Estratégias

Considerando os objetivos da proposta, no sentido de atrair para o interior do campus universitário da UFMS, pequenos produtores, empresários, estudantes, cientistas e comunidades, esses segmentos foram convidados a participar do evento Sinatex, em espaço que compreendeu auditório para palestras e mesas redondas, stands/barracas montados para exposição e vendas de produtos típicos da região (grande feira ao ar livre), salas/hall para apresentação de trabalhos técnico-científicos/lançamento de livros e recintos abertos para especial “Café e Coquetel com Frutos” (em intervalos das atividades). Visto que os espaços de feira livre permitem uma interação descontraída e com uma linguagem simples é possível trazer para este ambiente variadas formas de negócios e proporcionar conexões, sejam com fins científicos, de consumo e/ou empresariais. Foram convidados comerciantes, representantes de cooperativas e associações, empreendedores, pequenos produtores e beneficiadores locais que fazem uso de frutas nativas e exóticas para expor seus produtos, sendo os contatos realizados através de visitas às comunidades, e-mails, instagram, facebook, whatsapp. Foram elaborados cartazes com programação e apoiadores, sendo o evento veiculado na internet via site oficial do evento, mídias sociais. A rádio educativa UFMS divulgou o evento com Spots durante programação. Com apoio de entidades privadas que fomentam o incentivo ao empreendedorismo, foi possível disponibilizar espaços, tipo barracas de feira livre, para os expositores, além do apoio às suas atividades durante todo o período do evento. A identidade visual do evento sempre foi elaborada em conjunto durante reuniões (conceito criativo). Os meios de divulgação e os veículos utilizados foram peças gráficas (folhetos, cartazes, banners, faixas, adesivos etc.), internet, mídias sociais, rádio, TV, jornal, agência de notícias, revistas, reportagens, entrevistas, notas em colunas etc. Uma reportagem para cobertura da abertura do evento foi realizada pela TVUniversitária UFMS. A Feira de Exposições incluiu a apresentação de banners de trabalhos inscritos no evento; de fotos enviadas pelos inscritos e de sementes e mudas referentes ao tema do evento. Também houve apresentação do da publicações com espécies nativas, Lançamento da Coleção Saberes do Cerrado e Pantanal, volumes de 1 a 5 durante os dias do evento. O Coquetel inicial e os “coffeebreaks” denominados Café com Frutos, exaltaram a culinária regional, sendo disponibilizados diversos sucos naturais e as formulações foram preparadas com frutos nativos e exóticos. De forma inédita no II Sinatex foram disponibilizados almoços nos dois primeiros dias para os participantes do Sinatex, nas dependências da ADUFMS, elaborado com a participação de chefs de cozinha do ‘Slowfood’, utilizando ingredientes locais, comprados diretamente de produtores da agricultura familiar e economia solidária. No ano de 2019, o III Sinatex com o tema “Tecnologias Disruptivas – Novos Caminhos” foi viabilizado por meio de edital interno da instituição e da mesma forma que a segunda edição foi realizado no auditório do LAC e suas dependências, ampliando o número de expositores e parcerias, sendo possível realizar apresentações artísticas regionais em palco produzido com materiais do curso de graduação de Artes da UFMS. Devido à verba reduzida, a única atividade que não foi possível realizar novamente foi o almoço gratuito com os Chefs do Slowfood. Entretanto foi possível entregar um ticket em cada pasta para adquirir 1 picolé com frutos locais do Negócio Social Frutos do Mato, um dos expositores presente na Feira. Essa sequência de avanços do evento Sinatex mostram a vontade e o interesse de estabelecer uma rede de diálogo entre a universidade, as instituições de pesquisa, órgãos públicos e comunidades produtoras, salientando ações de promoção, proteção e valorização de ambientes alimentares saudáveis e promotores da saúde, que exigem ações de caráter intersetorial e intervenções com foco na coletividade.

Resultados alcançados

Na 3ª edição do Sinatex (2019), o público alvo alcançado, entre interno e externo à Instituição promotora, foi de 304 inscritos, apresentando aumento de participação ao longo dos três eventos realizados. Por ser uma ação de extensão, além do envolvimento e participação da comunidade científica, incluindo alunos de graduação (bolsistas IC) e pós-graduação (mestrandos e doutorandos), internos à Ufms, objetivou-se buscar e incentivar a participação de público-alvo EXTERNO, como alunos de outras instituições de ensino, profissionais da saúde, empresários, e comunidades em geral (agricultores familiares, quilombolas, indígenas, e consumidores). Bastante positiva, foi a iniciativa dos expositores quanto ao interesse em participar da Feira de Exposições, com o aumento de 110% em 2019 com relação a 2017, principalmente por associações e cooperativas da parte das agroindústrias e beneficiadores independentes. Bom exemplo do sucesso do evento, ressalta-se a conexão entre produtores e microempresários. Em 2017, houve a degustação de um possível lançamento de um chocolate contendo frutos nativos na formulação, que levou uma chocolateria passar do processo artesanal ao industrial, com apoio da Incubadora Municipal de Alimentos e hoje é um microempreendedor independente, gerando renda e mão de obra, além de divulgar o regionalismo por meio dos sabores, representando o chamado turismo gastronômico. “Minha experiência no Sinatex foi maravilhosa, foi muito importante pra mim e pro meu negócio, pois participei de muitas palestras onde aprendi sobre os frutos nativos, sazonalidade, aproveitamento das plantas e dos frutos e na feirinha tive contato com vários fornecedores e clientes. Eu fico muito feliz em participar do Sinatex, pra mim é um evento simbólico e especial; em 2017 foi a primeira oportunidade que tive de participar de um grande evento”, enfatizou Beatriz Branco, chocolatier, proprietária da Angí chocolates; e ainda relata que mantém contato e parceria com vários fornecedores regionais desde o primeiro encontro ocorrido no evento, destacando os parceiros de Bodoquena, Miranda, Bonito e Dourados, não deixando de falar dos seus clientes que desde o evento acompanham a sua evolução e são fiéis ao consumo dos produtos. Com o passar dos anos o interesse em apoiar o evento entre instituições vem crescendo, visto a importância do fomento ao incentivo, ao crescimento turístico e cientifico do desenvolvimento regional. Jornais locais fazem publicidade espontânea quando percebem a chegada do evento e o crescimento do público circulante na feira é percebido a cada nova edição. No entanto, o público-alvo externo para a exposição dos seu produtos ainda é reduzida pela grande dificuldade de deslocamento e distância das Comunidades rurais, distribuídas em diferentes municípios do MS. Importante seria o apoio em relação aos custos ou viabilização de transporte, alimentação e alojamento aos agricultores familiares. Esses atores tem grande importância na cadeia produtiva de matérias primas regionais quanto ao aproveitamento e valorização de plantas alimentícias do Cerrado e Pantanal; porém necessitam de auxílio para garantir a sua participação em eventos que enriquecem e capacitam a comunidade na produção e processamento de alimentos. O contato mais próximo de produtores e consumidores fortalece o potencial do empreendedorismo social relacionado as escolhas alimentares com foco em sustentabilidade e saúde.

Considerações finais

Com este trabalho voltado para o desenvolvimento de relações e intermediações, pode-se constatar a relevância de possibilitar a união entre academia e comunidade para incentivo no consumo de frutas e seus produtos de origem vegetal e animal, com o despertar de uma alimentação mais consciente, associada à saúde a ao meio ambiente. O envolvimento de atividades com uma forma leve e saudável de expor as características essenciais dos frutos regionais, demonstrando as variações de consumo possíveis, tornam mais fácil a elaboração de cardápios e produtos com matérias-primas regionais. Por ser a Feira de Exposições em local aberto e grande circulação, foi possível dar visibilidade ao evento e também por meio das reportagens com a TV UFMS e outras matérias nas mídias sociais de forma a impactar positivamente na forma de consumo de pessoas que nunca tiveram contato com os produtos. Investimentos em estrutura, comunicação e recurso financeiro para projetos e eventos ao nível local, regional ou nacional, permite à universidade vislumbrar a possibilidade de replicar ações, abrangendo atividades de incentivo à produção, consumo e venda de frutos nativos com impacto não só à área da Saúde Pública (fornecimento de alimentos que trazem benefícios à saúde humana) mas também à área da Tecnologia de Alimentos (processamento de alimentos com caráter extrativista e sustentável), promovendo o empreendedorismo social. O apoio na comercialização e estímulo ao consumo consciente possibilita, de forma inovadora, a perspectiva de estruturação da cadeia produtiva de frutos da sociobiodiversidade, valorizando alimentos saudáveis, que promovem a redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis e concomitantemente a conservação da biodiversidade do Pantanal e Cerrado. Muitas iniciativas têm se multiplicado nos últimos anos com a visibilidade dada aos frutos nativos e exóticos, e que cada vez mais possam gerar renda, qualidade de vida e desenvolvimento sustentável. A quarta edição do Sinatex está prevista para 2022 com participação presencial, oportunizando a valorização das comunidades tradicionais e empreendimentos da agricultura familiar e economia solidária, assim como a aproximação com os consumidores ávidos por uma alimentação que traz benefícios à saúde e remete a sustentabilidade. Para determinar outras formas de abordagem, novas articulações pós-pandemia podem ser realizadas para identificar os hábitos de consumo e planejar novas estratégias para aproximar consumidores, com maior regularidade e alcance destes produtos nos canais de distribuição, assim como a inclusão em cesta básica e/ou na merenda escolar, permitindo considerar a sazonalidade dos produtos no Mato Grosso do Sul.