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Reformulação da Coleta dos Preços Médios Recebidos (PMR) pelos Agricultores no Estado de São Paulo: atendendo novas demandas do século XXI

Autores do relato:

Antonio Lopes antonio.lopes@sp.gov.br


Contextualização

Uma das principais ferramentas para planejamento de uma atividade agropecuária é o acesso a informações idôneas, confiáveis e transparentes. Todos os agentes do setor, órgãos públicos e privados necessitam de informações de qualidade, com maior disponibilidade e periodicidade regular. Ao longo dos anos os órgãos públicos, responsáveis em gerar estatísticas agrícolas e políticas públicas para o setor agropecuário, vêm investindo esforços para harmonização das informações. Posto isto, a existência, difusão e amplo acesso à informação crível e disponível em tempo hábil são imprescindíveis para o processo de tomada de decisão e a busca de eficiência no mercado, além de contribuir para a equidade entre os agentes envolvidos (SILVA e MELLO, 2009). Na área de estatísticas agropecuárias o Instituto de Economia Agrícola (IEA) formula metodologias, coleta, consiste, analisa e divulga informações sobre o agronegócio paulista, como a produção e os preços de dezenas de produtos, alguns deles há quase 80 anos. A partir destas estatísticas agropecuárias foram gerados inúmeros estudos técnicos-científicos, abordando os mais diversos aspectos da economia agrícola e publicados em revistas científicas, livros, artigos em sites, jornais, simpósios e em anais de eventos de abrangência regional, nacional e internacional. Todas as metodologias de estimativas de variáveis agropecuárias estão respaldadas nos preceitos da informação estatística. No caso específico deste projeto estamos aperfeiçoando os sistemas de levantamento de preços recebidos (diário e mensal), ao gerar informações mais relevantes, precisas, transparentes e com maior grau de confiabilidade na rotina dos preços recebidos na agropecuária paulista.

Justificativa

Com a evolução e mudanças dos sistemas técnicos e informacionais, as metodologias e a sistemática de uma rotina de pesquisa científica tendem a ficar defasadas e/ou desajustadas. No caso do levantamento dos preços médios recebidos pelos produtores no estado de São Paulo, com as mudanças constantes do mercado agrícola, vê-se a necessidade de uma atualização de sua amostra de produtos levantados. Ao se modificar as regiões de maior expressão na produção (e que normalmente são as formadoras de preço dos produtos), deve-se aplicar um maior peso destas no cálculo do preço médio a cada atualização, pois através da ponderação os vieses são minimizados.

Objetivo

Especificamente se almeja melhorar a descrição e execução das metodologias dos produtos da agropecuária paulista. Isto permitirá aos pesquisadores e técnicos uma facilidade no levantamento dos dados e aos usuários uma compreensão de como o levantamento é realizado. Melhorar as especificações dos produtos levantados, dando um indicativo preciso das variedades e unidades de comercialização das culturas agropecuárias. A inovação do levantamento com as novas tecnologias da informação é um gargalo que se pretende sanar nesse procedimento da pesquisa científica.

Metodologia

A partir dos objetivos apresentados, pretende-se direcionar o desenvolvimento desse projeto com as seguintes atividades: Diversificar os integrantes da amostra além das Casas da Agricultura municipais. Sindicatos Rurais, Cooperativas e Associações serão contatados no intuito de integrarem nossa lista de informantes; Após a flexibilização dos questionários a partir da diferenciação dos produtos mais importantes por EDR, e incluirmos novos produtos segundo demanda por preço referência dos programas de compra governamentais (PAA – Programa de Aquisição de Alimentos, PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar e PPAIS – Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social), já em 2021 passaremos a formalizar a divulgação dos preços de frutas, legumes e verduras (FLV) a partir do levantamento experimental realizado nos últimos anos via questionário mensal (PMR); Revisão da distribuição dos produtos entre os levantamentos Diário (PDR) e Mensal (PMR) a partir da realidade dos mercados de cada cultura. No entendimento de que os preços médios mensais devem captar as oscilações (via predominância spot) e ou rigidez do mercado (via predominância de contratos), pretende-se direcionar o levantamento para um formato o mais próximo da realidade da economia; Especificar as variedades dos produtos nos levantamentos de preços a partir dos formatos que são comercializados, para que nossas estatísticas sirvam como melhor referência para os agentes do mercado e pesquisadores. Para isso faremos consultas aos nossos informantes e agentes das cadeias de produção das diferentes culturas agropecuárias; Revisão bibliográfica no que se refere às atualizações metodológicas implementadas nos levantamentos estatísticos no Brasil e no mundo; Execução de ciclos de seminários internos ao Instituto de Economia Agrícola (IEA) que apresentam como propósito metodológico a mutuação de conhecimentos, os debates dos vieses teóricos e dos conceitos e ferramentas utilizados, com o intuito de ajustar as metodologias perante a modernização tecnológica do período atual; Realização de trabalhos de campo nos 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR) do estado de São Paulo com o objetivo de expansão e consolidação dos informantes dos levantamentos;

Atores envolvidos (institucionais e/ou coletivos)

Instituto de Economia Agrícola (IEA) Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/CATI) Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA/SP)

Estratégias

A informatização do levantamento, com a coleta de dados nos 645 municípios do estado de São Paulo, permitiu uma ampliação da amostra que nos garantiu a segurança para expansão do levantamento para a maioria das frutas, legumes e verduras do estado de São Paulo.

Resultados alcançados

Das propostas de inovação metodológica apresentada no projeto inicial, nos primeiros setes meses do projeto tivemos os seguintes encaminhamentos: Proposta: Diversificar os integrantes da amostra além das Casas da Agricultura municipais. Sindicatos Rurais, Cooperativas e Associações serão contatados no intuito de integrarem nossa lista de informantes; Encaminhamento: foram gerados usuários e senhas para novos informantes nas 40 regiões da Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo. No mês de agosto de 2021 serão realizados os primeiros testes. Proposta: Após a flexibilização dos questionários a partir da diferenciação dos produtos mais importantes por EDR, e incluirmos novos produtos segundo demanda por preço referência dos programas de compra governamentais (PAA – Programa de Aquisição de Alimentos, PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar e PPAIS – Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social), já em 2021 passaremos a formalizar a divulgação dos preços de frutas, legumes e verduras (FLV) a partir do levantamento experimental realizado nos últimos anos via questionário mensal (PMR); Encaminhamento: no primeiro semestre de 2021 consolidamos 18 produtos do levantamento experimental de FLV que fazem parte do cálculo do Valor da Produção Agropecuária (VPA) paulista. A partir de 2022 não serão mais usados os preços da CEAGESP São Paulo com fator à montante. Em julho de 2021 fomos procurados pela Comissão de Gestão do PPAIS para que nossos preços passassem a ser referência para as compras governamentais do programa. 3) Proposta: Revisão da distribuição dos produtos entre os levantamentos Diário (PDR) e Mensal (PMR) a partir da realidade dos mercados de cada cultura. No entendimento de que os preços médios mensais devem captar as oscilações (via predominância spot) e ou rigidez do mercado (via predominância de contratos), pretende-se direcionar o levantamento para um formato o mais próximo da realidade da economia; Encaminhamento: após vários diagnósticos e investidas na ampliação de informantes para o levantamento diário (PDR) no primeiro semestre de 2021, iniciamos em julho a transição de produtos para o levantamento mensal (PMR). Considerando que os retornos diários não cobrem toda a dimensão da produção paulista (por falta de informantes e estrutura de recursos humanos no corpo técnico do levantamento), após a averiguação de variedades e unidades de comercialização, incluímos no levantamento mensal (que possui um universo amostral de 645 informantes exclusivos da CATI/CDRS) os seguintes produtos, de forma experimental: banana nanica, frango vivo, amendoim (tatu e runner), batata para mesa (ágata e orquestra), arroz agulinha, mandioca para mesa, amido mandioca indústria, laranja para mesa, laranja para indústria, ovos tipo branco, trigo, milho e soja. Proposta: Especificar as variedades dos produtos nos levantamentos de preços a partir dos formatos que são comercializados, para que nossas estatísticas sirvam como melhor referência para os agentes do mercado e pesquisadores. Para isso faremos consultas aos nossos informantes e agentes das cadeias de produção das diferentes culturas agropecuárias; Encaminhamento: a compra e venda dos produtos agropecuários ocorrem a partir de suas especificidades. Daí a necessidade, para termos os preços como referência para os agentes do mercado, levantar a partir dessas especificações (variedades e unidades de comercialização). Nesse ano de 2021, dando encaminhamento nesse processo, tanto culturas do levantamento experimental (como abacate, abobrinha, caqui, maracujá e repolho), quanto do levantamento já consolidado (como feijão), passaram a ter seus preços especificados com as características das negociações de mercado. 5) Proposta: Revisão bibliográfica no que se refere às atualizações metodológicas implementadas nos levantamentos estatísticos no Brasil e no mundo; Encaminhamento: Em março de 2021 fizemos a leitura do artigo científico “ESPAÇO GEOGRÁFICO, PRODUÇÃO E MOVIMENTO: UMA REFLEXÃO SOBRE O CONCEITO DE CIRCUITO ESPACIAL PRODUTIVO”, de Ricardo Castillo e Samuel Frederico, publicado na Revista Sociedade e Natureza, em 2010. Em maio de 2021 fizemos a leitura do artigo A FORMAÇÃO DE PREÇOS DOS PRODUTOS AGRÍCOLAS: NOTAS PARA DISCUSSÃO DE UMA ABORDAGEM ALTERNATIVA, de José Graziano da Silva, na Revista Nova Economia, UFMG, 1995. 6) Proposta: Execução de ciclos de seminários internos ao Instituto de Economia Agrícola (IEA) que apresentam como propósito metodológico a mutuação de conhecimentos, os debates dos vieses teóricos e dos conceitos e ferramentas utilizados, com o intuito de ajustar as metodologias perante a modernização tecnológica do período atual; Encaminhamento: na oportunidade, nesse período de execução, realizamos dois encontros (discutindo os dois textos citados no ponto 5) com os integrantes do projeto e com a participação especial dos pesquisadores Fernando Bergantini Miguel (APTA Regional) e José Evandro de Moraes (Instituto de Zootecnia – IZ). 7) Proposta: Realização de trabalhos de campo nos 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR) do estado de São Paulo com o objetivo de expansão e consolidação dos informantes dos levantamentos; Encaminhamento: com a pandemia, não foi possível avançar nas atividades de pesquisa de campo. Com a abertura a partir de agosto de 2021, pretende-se reiniciar o contato direto com a realidade que investigamos em nosso projeto, priorizando as culturas nas quais estamos realizando as mudanças metodológicas.

Considerações finais

Ademais a inclusão de nosso levantamento como preço referência para as chamadas públicas do PPAIS, a partir de Termo de Cooperação Técnica estamos iniciando trabalhos em conjunto com a CONAB para levantamento conjunto das principais frutas, legumes e verduras no estado de São Paulo.