IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE COMBATE AO DESPERDÍCIO E A PERDA DOS ALIMENTOS NO ESTADO DO AMAZONAS

Autores do relato:

VERAMOR VIEIRA FREIRE veravfreire@hotmail.com


ALESSANDRA ALBUQUERQUE FRANÇA DE SOUZA alenutri60@gmail.com


CARLOS HENRIQUE SILVA DA CONCEIÇÃO carlos.neemias@gmail.com


Contextualização

O estado do Amazonas pertence à região Norte do Brasil, sendo o maior em território, com uma população de aproximadamente 4.207.715 milhões de habitantes, com área territorial de 1.559.167,889 Km², o estado apresenta a menor densidade demográfica do país, com 2,23 hab./km². O estado apresenta dinâmica econômica voltada aos setores secundário e terciário, com destaque para os serviços e a indústria, que somam juntos mais de 80% do seu PIB. O território de Manaus está situado em uma zona de clima equatorial, marcada pela presença de uma densa floresta, a Amazônia. Sua população está concentrada na região metropolitana de Manaus, e o estado conta com 62 municípios. Com uma geografia rica, diversa e dinâmica, o estado conta com a maior rede hidrográfica do país, clima tropical úmido, maior área de Floresta Amazônica preservada, regime de chuvas o ano todo, e ampla área de relevo fluvial, fator esse que favorece a navegação como meio de transporte e distribuição, principal infraestrutura de transporte do país. O IBGE também identificou 65 grupos indígenas no estado, que detém a maior população de índios do país, no total de 168.680, de acordo com o Censo 2010. A capital do Amazonas é a cidade de Manaus, a principal cidade e aglomeração urbana do estado. A cidade de Manaus está situada no estado do Amazonas, na Região Norte do Brasil. O município está localizado na porção nordeste do território amazonense, mais precisamente na margem esquerda do Rio Negro. O município é muito próximo da confluência de dois dos principais rios amazônicos: o Rio Negro e o Rio Solimões, que formam o Rio Amazonas. O território da cidade é banhado ainda por vários cursos de água de menor porte. A cidade de Manaus é um grande centro urbano e possui uma ampla infraestrutura, porém muito desigual entre as diferentes regiões do município. O território manauara é atendido por uma rede de rodovias, mas a principal ligação de Manaus com o restante do território brasileiro é por meio do modal aeroviário, se tornando mais caro e menos acessível para boa parte da população. O transporte fluvial é muito importante para o translado entre Manaus e as cidades do interior do Amazonas. As principais estruturas de transporte manauaras são o Porto de Manaus e o Aeroporto de Manaus.

Justificativa

O Brasil é um dos países que mais desperdiçam alimentos no mundo, levando a um descarte de aproximadamente 30%. Esse problema é também uma questão cultural, que envolve toda a sociedade. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), enquanto 821 milhões de pessoas passam fome no mundo, um terço dos alimentos produzidos são desperdiçados diariamente. Esta é uma das contradições mais difíceis de serem revertidas. As perdas acontecem em toda cadeia produtiva desde a colheita, a produção, transporte, armazenamento e até mesmo a venda dos produtos envolvendo várias etapas do processo de produção e são mais frequentes em países subdesenvolvidos, pela precária infraestrutura que possuem e quando se fala no Amazonas, as etapas se tornam mais difíceis ainda devido a logística de locomoção. No caso do Brasil, cerca de 10% dos alimentos também são desperdiçados na casa dos consumidores, ainda que o país tenha uma alta taxa de rejeição ao desperdício de alimentos os índices de perdas também são altos e faz com que alie características de países em desenvolvimento, com hábitos de desperdício de países ricos. Enquanto isso, a população de baixa renda têm o seu consumo limitado pela falta de acesso aos alimentos saudáveis e com isso, reforçam os índices de cidadãos em situação de insegurança alimentar. No município de Manaus, o desperdício de alimentos nas Feiras e mercados não são diferentes, no entanto, há ausência de dados e informações sobre a real quantidade em números e dificulta todo o processo pela ausência de informações que mensure o quantitativo de alimentos desperdiçados em todo o Estado do Amazonas.

Objetivo

O Programa de Combate ao Desperdício e a Perda dos Alimentos do Estado do Amazonas tem o com o compromisso de reduzir as perdas e desperdícios de alimentos e contribuir com a segurança alimentar e nutricional, objetiva a coleta de alimentos que não foram comercializados, mas que ainda estão em boas condições para o consumo, e os entrega às instituições sócioassistenciais cadastradas no banco de dados do programa de modo a complementar seus cardápios, incentivar o consumo de alimentos saudáveis, e garantir o acesso à alimentação mediante a distribuição de alimentos frutas, legumes e verduras.

Metodologia

As atividades que são realizadas no âmbito do programa são: visita técnica ás feiras com o objetivo de sensibilização e conhecimentos dos feirantes para uma breve apresentação do programa quanto aos objetivos do programa, panfletagem com informações sobre o programa, solicitação junto aos feirantes para a doação dos produtos. Em outro momento a equipe já se fez presente junto com o caminhão baú e as caixas plásticas para as primeiras coletas dos alimentos doados, esses alimentos são transportados até o caminhão baú do próprio programa, e é transportado até a Instituição parceira Mesa Brasil onde é feito a pesagem dos alimentos para quantificar a quantidade e os tipos de alimentos e depois no mesmo dia, esses produtos são direcionados a Instituição beneficiária. Ressalta-se que o controle das instituições, igrejas, institutos, ONGs que são beneficiadas pelo programa de combate aos desperdícios são realizadas pelo próprio programa junto com Programa Mesa Brasil e a Secretaria de Assistência Social do Estado para a veracidade das informações repassadas ao programa. De segunda a sexta-feira todos os colaboradores do programa são direcionados para á coleta nas feiras em Manaus. Duas dessas feiras são localizadas no Centro da cidade e é onde o volume de doações é maior, é a Feira da Manaus Moderna e Feira da Banana. O Programa iniciou há 6 meses atrás a atuação em alguns varejões na cidade de Manaus, que são aqueles fornecedores que fornecem para os supermercados grandes como Carrefour, Supermercado Nova Era, Supermercado DB. Nesses varejões a coleta acontece duas vezes na semana. O programa iniciou atuando também nas feiras ao ar livre, uma vez na semana, a quantidade coletada era em torno de 500kg, no entanto, após a segunda onda da pandemia na cidade de Manaus a redução das compras e da aquisição dos alimentos reduziu muito e assim não houve mais resultado positivo durante as coletas e a equipe foi direcionada para outras feiras. O programa também atuou no combate ao desperdício durante a fase de colheita dos alimentos, em uma fazenda no Amazonas: Fazenda Santa Rosa localizada no município de Iranduba, uma das maiores produtoras de cítricos (limão, tangerina e laranja) da Região Norte. A equipe foi direcionada para a fazenda onde fez a coleta de toneladas de alimentos que seriam desperdiçados por falta de mão de obra, dificuldade de escoação e venda dos produtos e até mesmo por produtos de tamanhos menores. Esses alimentos foram coletados e direcionados para as Instituições beneficiárias. Um outro local em que o programa também atuou foi o Sitio Du’Lopes, um produtor de pimentão, na qual pelo mesmos motivos já citados a equipe foi convocada para realizar as coletas.

Atores envolvidos (institucionais e/ou coletivos)

Equipe que faz parte do Programa: ( Coordenador 2, 2 nutricionista, e 13 coletores de alimentos).

Estratégias

O Programa Estadual de Combate e Prevenção ao Desperdício e à Perda de Alimentos foi instituído através da lei n. 5.297, de 3 de novembro de 2020, que dispõe sobre o combate ao desperdício e à perda de alimentos no âmbito do Estado do Amazonas, que deverá observar o disposto nas Leis Federais nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, que criou o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), bem como, o disposto na legislação estadual e municipal pertinente, em especial, na Leis nº 3.476, de 04 de fevereiro de 2010, que dispõe sobre a Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional e cria o Sistema Estadual de Segurança Alimentar – SISAN, no estado do Amazonas. O Programa Estadual de Combate e Prevenção ao Desperdício e à Perda de Alimentos que, na prática, existe desde março de 2019, já arrecadou aproximadamente 100 toneladas de alimentos em quatro feiras da capital, beneficiando mais de 70 mil famílias. Uma das estratégias de mobilização foi a visita técnica realizada nas feiras pela toda equipe, o objetivo da visita é a sensibilização dos feirantes para redução dos desperdício de alimentos e a destinação dos produtos que perderam o valor comercial para o Programa e entregue às Instituições cadastradas no programa. As formas de comunicação usadas, foram as rádios, as notas técnicas, a panfletagem, folder explicativos para a ampla divulgação do programa.

Resultados alcançados

O Programa Estadual de Combate ao Desperdício e a perda dos Alimentos Endereço fica localizado no Amazonas, no município de Manaus na Avenida Carlos Drummond de Andrade 1460. Japiim II. Conj. Atílio Andreazza. Universidade Ulbra. O Quantitativo de alimentos arrecadados desde Março de 2019 até Agosto de 2021 foram: 148.348,93 kg. No ano de 2019 foram 54.504,00kg no ano de 2020: 50.027,00kg e no ano de 2021 (janeiro a maio) foram coletados 43.817,97kg. Ressalta-se que 37 instituições foram beneficiadas com os alimentos coletados. Uma das dificuldades encontradas logo no inicio das ações do programa foi a resistência de alguns feirantes e alguns agricultores para com a doação de alguns produtos que haviam perdido o valor comercial e mesmo assim observa-se uma dificuldade dos feirante em doar seus produtos. Alguns feirantes davam prioridade aos criadores de animais (como porcos e galinha) e não concediam o produto que estava com as características organolépticas aptas, mas porque apresentavam pequenos ou algumas pequenas cavidades não estariam aptas à comercialização. Assim, foi realizado um trabalho intenso de sensibilização, conscientização aos poucos, disponibilizando cartilhas, folder, fotos para mostrar para a classe de feirante o real objetivo do programa. Com o decorrer do tempo, observa-se hoje uma satisfação da parte deles em doar os produtos. Alguns ja guardam em seus freezer e geladeiras alguns produtos que seriam desperdiçados e ja entregam para o programa.

Considerações finais

O programa tem o objetivo de coletar os alimentos nas feiras e mercados que não foram comercializados, mas que ainda estão em boas condições para o consumo, e os entregar às instituições socioassistenciais cadastradas de modo a complementar seus cardápios e alimentar o público atendido. A experiência é considerada inovadora, pois foram identificadas a necessidade de quantificar os alimentos desperdiçados nas Feiras de Manaus, incentivar o consumo de frutas, legumes e verduras e as práticas alimentares saudáveis, reduzir a quantidade de resíduos descartados nos aterros sanitários, contribuir para a redução das famílias que se encontram em insegurança alimentar e nutricional, aumentar o aproveitamento integral dos gêneros alimentícios disponíveis para consumo humano. A experiência também é considerada inovadora pois nunca houve um programa de combate ao desperdício no Amazonas, é uma das primeiras iniciativas de redução do desperdício de alimentos e que direciona esses alimentos para as instituições socioassistenciais. As instituições são beneficiadas de forma positiva, pois após a pandemia os dados de insegurança alimentar aumentaram e com essa estratégia da implantação do programa algumas famílias foram beneficiadas com o recebimento de alimentos saudáveis aliviando a fome e reforçando os hábitos alimentares saudáveis. Uma das lições aprendidas durante a atuação do programa e o que mais comoveram a equipe, foi a sensibilidades dos doadores, dos agricultores para com as atividades do programa, quando iniciamos a coleta, a equipe do programa não foi bem recebida nas feiras, porque em Manaus é tudo muito novo para eles, a atuação da equipe de fato iniciou em Setembro de 2020 ainda não temos 1 ano de programa ainda. Então quando íamos solicitar a doação dos alimentos dos feirantes, eles eram totalmente insensíveis, alguns até xingavam, reclamavam porque ainda não estavam sensibilizados quanto ao objetivo do programa e com tempo fomos ganhando a confiança deles, disponibilizamos camisetas e bonés do programa para eles e aos poucos o trabalho foi fluindo. Hoje já se observa uma ótima recepção da equipe na feiras.