APSREDES

Hortas Acessíveis com Ênfase em Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC)

Autores do relato:

Marcus Aurélio da Silva Pereira obiologomarcus1@gmail.com


Dionisia Nagahama dionenagahama@gmail.com


Contextualização

As hortas escolares sempre foram uma constatastes nas escolas da rede de educação básica no município de Manaus – Amazonas. É uma prática inerente aos amazônidas, talvez por isto, se observa a grande aptidão cultural nesta atividade em ambiente escolar. Inúmeras vezes observamos que tal prática na educação não “conversa” com a acessibilidade e inclusão nas escolas de educação especiais ou inclusivas, negligenciando a educação de qualidade para todos. Ainda neste cenário, observamos que a cultura de espécies plantadas são culturas de outras regiões, em detrimento das especificas e adaptadas ao nosso ecossistema. Outro fator agravante corresponde a Educação Ambiental (EA), há uma total ausência nas escolas com crianças com necessidade de educação especiais, desrespeitando os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/97), a Lei de Diretrizes e Bases da educação (LDB), a Lei Nacional de Educação Ambiental (Lei 9795/99) e mesmo a Lei 13.666/16 que dispõe sobre a educação alimentar e nutricional no currículo escolar. Em vista disto, vislumbrou o Projeto: “Hortas Acessíveis com Ênfase em Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC)”, em duas escolas de educação especial, sendo a meta criar hábitos alimentares saudáveis e consciência ambiental, tendo como parceiro o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia/INPA/Laboratório de Alimentos e Nutrição. Optou-se pelas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), por serem nativas e resistentes e assim, sem muita manutenção. Resgatando, desta forma, a questão cultural, histórico, agroecológica e alimentar de nossa região. Este projeto está focado em três grandes eixos: Educação Ambiental (EA); Nutricional e Agroecologia. Público Alvo: Professores, Merendeiros, Alunos e Comunidade Externa.

Justificativa

Atender a Lei da politica Nacional de Educação Ambiental e a Lei Nutricional em que respalda a práxis de EA na educação formal de forma transversal, contínua e interdisciplinar, criando hábitos alimentares saudáveis e respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade através de hortas escolares pedagógicas, inclusivas, acessíveis, coletivas e de multiuso. Enfatizar a importância nutricional e cultural das PANC remetendo a classe escolar e a comunidade em geral o valor cultural e histórico das espécies endêmicas e nativas, antes cultivadas por outras gerações que caíram em desuso pela massificação econômica do agronegócio e agroindústria do sul do país. Diante disto, há a necessidade de garantir a segurança e soberania alimentar, bem como implementar a prática de EA e agroecológica em espaços educadores, nas escolas de educação especiais, especificas e inclusivas da rede básica de ensino no município de Manaus-Amazonas.

Objetivo

Objetivo Geral Acessibilizar a Educação Ambiental e Promover hábitos alimentares saudáveis e consciência ambiental por meio da implantação de hortas com ênfase nas plantas alimentícias não convencionais – PANC. Objetivos Específicos  Implantar hortas em escola de educação especial, especifica ou inclusiva;  Capacitar as merendeiras (o), professores e gestores, alunos e comunidade externa com temas relacionados com a educação ambiental, nutricional e agroecológica;  Promover a educação ambiental, nutricional e agroecológica da comunidade escolar, utilizando o eixo gerador da prática pedagógica às hortas escolares, incorporando a alimentação saudável e sustentável;  Preparar preparações a base de PANC com alimentos do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE);  Realizar avaliação sensorial com os alunos das preparações e receitas utilizando os produtos da horta PANC;  Criar material de multimídia ou educativa das Oficinas utilizando os frutos e hortaliças regionais, alimentos alternativos e não convencionais que popularizem as tecnologias sociais geradas;  Disponibilizar banco de dados com receitas criadas e/ou elaboradas na escola, tendo como protagonistas os alunos, enfatizando a inclusão de produtos oriundos das hortas escolares.

Metodologia

Realizado por etapa: 1. Implantação das Hortas Para as hortas foram selecionadas duas (02) escolas de educação especial, Escola Estadual Diofanto Viera Monteiro e Escola Estadual Manoel Marçal de Araújo, as quais atendem crianças, jovens e adolescentes Autistas, com Síndrome de Down, com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), e com Múltiplas deficiências. No local, em visita técnica, avaliam-se as condições do terreno para a implantação da horta, a luminosidade e outros fatores bióticos e não bióticos, com o apoio técnico especializado e intelectual do INPA. As mudas e sementes são fornecidas pelo Instituto, tais como, Cubiu (Solanum sessiliflorum), Taioba (Xanthosoma sagittifolium), Ora-pro-nóbis (Pereskia bleo), Bertalha (Basella rubra L), Cariru (Talinum triangulare), Vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.), Capeba (Piper umbellatum), Cara-moela (Disacorea bulbifera), Clitória (Centella asiatica), Feijão-guandu (Cajanus cajan). 2. Capacitação e Formação A capacitação foi realizada com atividades formativas, com temas relacionados com educação ambiental, alimentar e nutricional, e conhecimentos sobre PANC, de acordo com as características do público (merendeiras, professores, corpo técnico pedagógico e gestores públicos e alunos). Serão realizadas palestras com os professores e alunos, no que se refere à sensibilização ambiental, agroecológica e nutricional com o objetivo de fornecer informações básicas necessárias para um bom entendimento nas atividades a serem desenvolvidas nas hortas. Os temas abordados para nas capacitações e oficinas serão de até 20 horas, com certificação. Temas Abordados: Noções sobre uma alimentação saudável, com enfoque nas necessidades nutricionais para crianças; Noções sobre práticas higiênico-sanitárias adequadas durante a seleção, armazenamento, pré-preparo e preparo e distribuição dos alimentos; Técnicas de preparo e boas práticas na produção de alimentos in natura ou processado que serão oferecidos à alimentação escolar; Estratégias pedagógicas para estimular a formação de hábitos alimentares saudáveis (apenas para professores e gestores); Estratégias pedagógicas utilizando a horta como espaço de observação, pesquisa e ensino, por meio de técnicas de aprendizagem sobre ecologia e educação ambiental, tais como: cadeia alimentar; ciclos da matéria; decomposição; fotossíntese; equilíbrio e sustentabilidade ambiental; criação e manutenção de ecossistemas produtivos; uso e conservação do solo; erosão, assoreamento, adubação e agrotóxicos (uso e malefícios); qualidade da água, solo e ar; desenvolvimento de culturas alimentares. Compostagem – sua importância para a reciclagem do lixo orgânico; qualidade, preservação e uso consciente da água, solo e ar: sua importância para a saúde da coletividade e sustentabilidade do meio ambiente. 3. Análise Sensorial Por conta da pandemia e suspensão das atividades pedagógicas em ambiente escolar, esta etapa ainda não foi cumprida. Porém, todas as receitas produzidas serão testadas sensorialmente utilizando Escala Hedônica Estruturada de cinco pontos, de gostei muito a desgostei muito, por uma amostra de, aproximadamente, 100 alunos da escola e diretamente comprometidos com a produção da horta. 4. Apresentação e Divulgação das Tecnologias Sociais. Esta etapa ficou prejudicada por conta da pandemia, mas, serão realizadas exposições, workshops apresentando uma parte dos resultados do estudo e também na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, Dia Mundial da Alimentação com distribuição de mudas de PANC e frutíferas regionais e principalmente em ENCONTROS de Escolas com Horta Escolar PANC, acontecimento de uma vez ao ano. Pretende-se elaborar material educativo como cartilhas com receitas e Manual para Multiplicadores; vídeos e multimídias das capacitações e realizar um concurso entre as merendeiras e demais atores que participarão com preparações utilizando PANC.

Atores envolvidos (institucionais e/ou coletivos)

Participação efetiva das Gestoras, corpo pedagógico da escola, professores, manipuladores de alimento escolar, nutricionistas, professores, alunos e pais/responsável. Todos os servidores da escola são incluídos no projeto, uma vez que a EA deve ser realizada de forma transversal por todos e todas. Desta forma, os atores estarão aptos para promover uma efetiva segurança e soberania alimentar no espaço educador. É importante salientar que a coordenação, acompanhamento e a promoção da educação ambiental do projeto estão sob a responsabilidade do Biólogo Marcus A. Pereira da Coordenação de Educação Ambiental – Secretaria de Estado de Educação e Desporto/SEDUC, bem como a parte intelectual, cientifica do projeto e a Educação Alimentar e Nutricional fica sob os cuidados da Dra. Dionísia Nagahama, Pesquisadora do Laboratório de Alimentos, Instituto de Pesquisa da Amazônia/INPA.

Estratégias

Utilizar a Horta Panc como ferramenta pedagógica na promoção da acessibilidade e inclusão de crianças com necessidades especiais de educação, contribuindo desta forma, ao acesso democrático à EA, bem como estimular hábitos alimentares saudáveis e consciência ambiental em espaço educador formal, promovendo a aproximação dos pais para essas temáticas inclusão, EA, alimentação saudável e as praticas agroecologicas em ambiente formal de educação.

Resultados alcançados

Muito se espera deste projeto, uma vez que é de caráter experimental. No entanto por canta da pandemia, em muito ficou comprometido seu alcance. Porém, realizou-se a formação de EA para os professores, bem como de Educação Nutricional e Receitas Pancs aos manipuladores de alimentos. As hortas foram construídas e manejadas pelos alunos. Varias colheitas já foram realizadas e os alunos juntamente com as merendeiras, tiveram a oportunidades de preparar suas próprias receitas com os espécimes direto da horta, 100% orgânicas e inclusas no cardápio da merenda escolar, com pratos e bebidas PANC. Os alunos tiveram a oportunidade de fazer interação com outros ambientes ligados a sustentabilidades, excursões pedagógicas, trilhas e oficinas. Evidenciou-se que as Hortas Acessíveis Panc, exercem fundamentalmente além de caráter pedagógico e de interação, funções terapêuticas e ocupacionais.

Considerações finais

O “start” para este tema iniciou pela percepção de que a Educação Ambiental era promovida apenas nas escolas regulares, com os alunos ditos “normais”. Desta forma havia uma lacuna nas Politicas Públicas, negligenciando a informação e a inclusão desses alunos no processo da preservação do meio ambiente, sustentabilidade, ao conhecimento e a promoção de hábitos alimentares saudáveis e uma efetiva participação do protagonismo do aluno dentro de sua escola. Temos a consciência que estamos ainda distante de assegurar de forma plena que a legislação e os diretos humanos sejam cumpridos., mas, estamos democratizando que a EA e Educação Alimentar e Nutricional possam chegar a todos sem distinção. Queremos a construção de uma sociedade sustentável, de direitos humanos de fato, que respeite a todos igualmente, sem distinção de qualquer natureza, seja de ordem cultural, religiosa, ética, em razão de orientação sexual, de gênero, de idade ou de capacidade física e mental. Que as escolas possam ser sustentável, Seguras e Soberanas com acesso justo e igualitário na alimentação saudável e de qualidade.