A primeira cooperativa contemplada para a realização da capacitação foi a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Assentamento do Tarumã Mirim – COPASA, que está localizada na Br-174 km 21, ramal do Pau Rosa km 16 lotes 276, em Manaus-Am. Possui 38 cooperados, responsáveis pela produção de frutas e hortaliças que são ofertadas diariamente na merenda escolar. A primeira visita para a identificação da cooperativa, ocorreu em 06 de novembro de 2016 e nos dias 09 e 10 de dezembro foram realizadas as capacitações na própria sede da cooperativa.
Já a segunda a participar da intervenção foi a Associação de Agricultores e Produtores Rurais Raios de Sol, localizada na Br-174 km 41, Comunidade Raio de Sol km 5,5 lote 1, em Manaus-Am. Possui em torno de 60 associados. A capacitação ocorreu na data de 24 e 25 de maio de 2017, No Laboratório de Alimentos Nutrição no Instituto de Pesquisa da Amazônia-Inpa.
A terceira a ser capacitada foi a Associação dos Agricultores da comunidade do Uberê Projeto de Assentamento Água Branca, está localizada no ramal Brasileirinho, Km 08 lote 58 Distrito Industrial I. Possui aproximadamente 15 famílias associadas. A intervenção ocorreu nos dias e 31 de maio de 2017, no mesmo laboratório.
A quarta e última associação a participar das capacitações foi dos Produtores Orgânicos Renascer, localizada na BR-319, Careiro da Várzea km 6,7 – Comunidade Peniel do Areal e o Consocio dos Produtores Sateré-Mawé, que está localizada na cidade de Parintins. Participaram da intervenção no período de 10 a 11 de julho de 2017, no Município de Rio Preto da Eva.
O estilo de vida atual caracteriza-se por um padrão alimentar rico em alimentos industrializados, com excesso de gordura, sal e açúcar e pelo sedentarismo. atualmente, as principais causas de doenças e mortes estão relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, dislipidemias e até alguns tipos de câncer. Para incentivar e valorizar a produção e o consumo de alimentos saudáveis como verduras, legumes e frutas, culturalmente referenciados e produzidos em nível local, as políticas direcionadas à promoção da alimentação saudável devem contemplar as duas faces da insegurança alimentar e nutricional: a desnutrição e a obesidade, além de estimular o desenvolvimento sustentável e a geração de renda para pequenos produtores e agricultores familiares (BRASIL, 2012).
A Organização Mundial da Saúde, a Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas e a Organização Pan-americana da Saúde têm desenvolvido estratégias para a promoção da alimentação saudável. No Brasil e em outros países, conceitos em torno da alimentação saudável têm sido delineados para contemplar o significado social e cultural da alimentação e as necessidades nutricionais dos diferentes grupos populacionais, de modo a dar suporte às ações que fomentam mudanças socioambientais em prol de escolhas alimentares mais saudáveis, tanto individual como coletivamente (ELL, et al., 2012).
Nas agroindústrias de alimentos das comunidades de agricultores familiares, uma das estratégias para minimizar os riscos à saúde da clientela é a adequação físico funcional e sanitária de instalações e equipamentos de processamento e armazenamentos de alimentos, bem como o controle da saúde dos manipuladores e de suas práticas de higiene, além da implantação das Boas Práticas Agrícolas (BPA) e de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos (BPF) (DINIZ et al., 2011). Então para garantir a qualidade higiênico sanitária dos alimentos, os agricultores e outros profissionais que manipulam a alimentação escolar também devem possuir conhecimento sobre higiene pessoal e práticas seguras na manipulação de alimentos.
Sendo assim, o trabalho objetivou-se a identificar as cooperativas, avaliar os conhecimentos de agricultores familiares sobre escolhas alimentares saudáveis, higiene dos alimentos e higiene do manipulador. É importante salientar que são escassos os estudos que avaliam os hábitos alimentares e conhecimentos nutricionais em trabalhadores da área da Agricultura Familiar.
Avaliar o impacto da capacitação de agricultores familiares sobre nutrição, alimentação e produção segura de alimentos e preparações alimentares.
A capacitação ocorreu entre dezembro de 2016 a julho de 2017, entre agricultores familiares maiores de 18 anos de quatro cooperativas e associações. Sendo que uma já fornecia alimentos para a alimentação escolar do município de Manaus-Am e 3 delas pretendiam fornecer. Participaram 83 agricultores de diferentes localidades.
As capacitações ocorreram em dois dias, o curso foi ministrado por duas finalistas do curso de nutrição, com a orientação de uma nutricionista.
No primeiro dia, os agricultores receberam treinamento básico sobre alimentação, nutrição e boas práticas de manipulação, com duração total de 16 horas. Após assinarem o termo de Consentimento Livre e Esclarecido -TCLE (a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa Nº 1.396.744), responderam a três questionários: um de caracterização das cooperativas; outro sobre o perfil dos agricultores familiares e boas práticas agrícolas e o último para o diagnóstico do nível de conhecimento dos agricultores.
. Este questionário contou com 33 questões abertas e fechadas acerca dos temas das oficinas e o tempo médio para responder o questionário variou de 40 a 50 minutos.
No segundo dia houve uma oficina sobre preparações com plantas alimentícias não convencionais (PANC). As PANC utilizadas foram: ora-pro-nobis (Pereskia bleo), taioba (Xanthosoma taioba), partes não convencionais dos frutos como a carne de jaca verde (Artocarpus heterophyllus Lam), processamento e armazenamento de cubiu (Solanum sessilifolium) . Por fim, para avaliar se a intervenção educativa teve impacto significativo foi aplicado novamente o questionário, com objetivo de comparar os resultados de conhecimentos adquiridos após intervenção. Apenas foram avaliados aqueles que obtiveram 100% da frequência na capacitação.
Instituto de Pesquisa da Amazonia
Das quatro cooperativas/ associação, somente a COPASA é que fornece para a merenda escolar. Os demais produtores no período da intervenção estavam concorrendo a chamada pública para fornecerem alimentos orgânicos à alimentação escolar.
Ao final foram avaliados 78 participantes no total, cada cooperativa apresentava no mínimo 14 e no máximo 30 participantes.
A média de idade foi de 39 anos era do sexo feminino.
A escolaridade é um dado que mostra uma significativa mudança no perfil desses profissionais, visto que o conhecimento pode agregar benefícios na produção. Foi verificado que a escolaridade dos agricultores familiares não era tão baixa, pois o quantitativo de agricultores que possuíam o ensino médio foi de 44,87% .
A maioria dos participantes respondeu que não utiliza defensivos agrícolas.
Os hortifrútis são transportados para comercialização em caixas de isopor (3%), Sacarias (13%), Caixas plásticas (22%), Caixas de madeira (26%). Segundo o estudo realizado por Martins et al (2017) em Humaitá, 11% agricultores armazenavam seu produtos em plásticos 6%, caixas de madeira, 11%, caixas de papelão 11%, 22% outros e 50% das embalagem que se utiliza em sacos plásticos grandes, onde são acondicionadas todas as hortaliças.
Uma das questões continha a seguinte pergunta “Você tem horta na sua casa, para consumo da família?” se a resposta fosse sim, havia uma sub pergunta se as hortaliças obtidas eram da sua horta ou de outro lugar. A mesma pergunta foi feita em relação as frutas. Além da Soberania alimentar, pode-se citar a importância do autoconsumo como fonte de renda não-monetária, a qual possibilita que as famílias economizem recursos na aquisição de alimentos nos mercados (GRISA, GAZOLLA, SCHNEIDER, 2010).
Segundo Grisa, (2007) o acesso e da disponibilidade de alimentos para a produção de autoconsumo, assegura outros princípios da segurança alimentar como a adequação aos hábitos alimentares locais e a qualidade dos alimentos pois, pode-se desfrutar de alimentos muitas vezes isentos de agrotóxicos e outros produtos químicos e utilizam esterco animal, restos de alimentos e outros materiais que não comprometem a salubridade e favorece as condições socioeconômicas da família.
Impacto da Educação Alimentar E Nutricional
De forma geral, foi possível observar que os temas como Alimentação Saudável; Noções Básicas de Nutrição voltadas para agricultores familiares obtiveram resultados significativos (p<0,05) após as capacitações, os quais os mesmos aprenderam sobre os grupos de alimentos, auxiliando nas escolhas mais saudáveis da alimentação para a sua vida futura. agrotóxico; bem como consumir frutas e verduras em abundância e evitar gorduras, frituras e massas. O cuidado com os recursos naturais, a segurança alimentar, a sustentabilidade do meio ambiente e a vida futura do planeta também integraram as concepções sobre alimentação saudável apresentadas pelos entrevistados do estudo de Ell et al. (2012).
No módulo sobre higiene dos alimentos, de modo geral houve um acerto no número de questões, a maioria dos participantes acertou as questões referentes à diferença de limpar e desinfetar; a questão que envolve o modo de preparo da solução clorada e a uma questão sobre armazenamento dos alimentos que não são utilizados totalmente.
No que diz respeito de Higiene do Manipulador e Boas Práticas de Manipulação, foi verificado que alguns assuntos tais como: higiene do ambiente, controle de pragas, descongelamento, uso de adornos, obtiveram poucos erros. Já na questão em relação a higiene das mãos, apesar do conhecimento dos participantes da importância da lavagem das mãos e em quais momentos devem lavar, 44% dos participantes não souberam responder em quais situações há necessidade da lavagem correta das mãos, e após a capacitação este número aumentou (63%), o que mostra uma preocupação quanto a higiene (Figura 4). Botega et al. (2010) relatam a importância da higiene dos manipuladores de alimentos, principalmente aqueles que mantêm contato em larga escala. Ribeiro et al. (2000), ressaltam em seu trabalho que a lavagem das mãos é uma das principais medidas para a redução da quantidade de microrganismos, contribuindo para a segurança dos alimentos e para aqueles que vão consumi-los.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação ao conhecimento de Agricultores Familiares, a maioria dos cooperados respondeu corretamente as questões referentes aos temas Escolhas Alimentares Saudáveis e Higiene de Alimentos. Porém em relação A higiene dos manipuladores referente a lavagem das mãos, a maioria respondeu incorretamente. Sendo assim, é importante que aumentem o nível de conhecimento sobre, a fim de possuírem a adequada percepção dos temas, e para isso necessitam de capacitações Continuas.
Logo, observasse a necessidade de mais estudos envolvendo esses temas, visando capacitar agricultores familiares e avaliar o impacto das ações educativas no cotidiano do público alvo. Importante destacar que todo esse processo permitiu um significativo aprendizado para as bolsistas, e para o Coordenadora do projeto. Este aprendizado relacionasse ao conhecimento da realidade vivida pelos agricultores familiares e pelas cooperativas ou associações.