Autora: Nelize Dahmen Araújo

Coautoras: Magali Rosolem, Simone Cucolicchio e Camila Prevelato

Reabilitação de pacientes após internação por #COVID19: experiência da APS em São Caetano do Sul/SP

 

A Estratégia de Saúde da Família (ESF) e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) de São Caetano do Sul/SP monitoram e reabilitam os pacientes após alta hospitalar por COVID19, com atendimento multiprofissional. Todas as 12 UBS do município participam do projeto e, até 26 de setembro, 420 usuários foram monitorados.

No final de abril, pelo crescente número de internados por COVID19, a equipe viu a necessidade de proporcionar a reintegração do paciente após a alta hospitalar, com atendimento multiprofissional e dentro da capacidade e limites de cada um, oferecer bem estar físico, social e emocional ao paciente. “Todos os pacientes que recebiam alta do hospital já vinham para nossa territorialização para acompanhamento da ESF e do NASF. Atuamos com todas as especialidades, educador físico, farmácia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, nutrição, psicologia, serviço social e agentes comunitários de saúde”, explica Nelize Araújo, coordenadora da UBS João Luiz Pasqual Bonaparte, responsável pelo projeto junto com a Diretoria da APS, Equipe do NASF e ESF, o prefeito e a Secretaria de Saúde.

“Constatamos que os pacientes após alta hospitalar estavam saindo com alguma sequela, física ou emocional, em diferentes proporções. Para atuar diretamente com esses pacientes, solicitamos um projeto para a intervenção direta da equipe multiprofissional do NASF e das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). Os pacientes e seus familiares sentiram-se muito seguros e valorizados, com os atendimentos e orientações recebidos pela equipe. Aqueles que estavam bem fisicamente, receberam o suporte psicológico para retorno ao trabalho ou mesmo ao isolamento social. Os que necessitaram de reabilitação multiprofissional, foram acompanhados até sua inserção no mercado de trabalho e segurança na vida pessoal”, comenta Magali Cássia, Diretora de Atenção Básica de São Caetano do Sul/SP.

De acordo com Araújo, o fluxo de atendimento funciona da seguinte forma: “O paciente recebe alta, é territorializado por UBS, a ESF entra em contato com o paciente para acolher, realiza questionário de triagem, o enfermeiro ou médico que atende tem acesso ao histórico e ao prontuário virtual do paciente, avalia a saúde, a questão psicológica de ter ficado por dias na UTI, e tendo necessidade um profissional do NASF vai até a residência, fornecendo todo acompanhamento da equipe multiprofissional de saúde”.

“Através da atuação da ESF e NASF é possível acompanhar, monitorar e realizar intervenções precocemente, diminuindo agravos que o paciente possa apresentar; prestar assistência integral (presencial ou virtual, dependendo do caso), resolutiva, contínua, com responsabilidade e boa qualidade às necessidades de saúde da população e em específico ao público-alvo do projeto”, explica Nelize Araújo.

 

Sequelas após internação por COVID19

Alguns profissionais envolvidos no projeto relataram que os pacientes têm sequelas psicológicas, nutricionais, disfagia, perda de olfato e paladar, perda de peso, cansaço respiratório, fraqueza muscular com dificuldade de locomoção, voz fraca, engasgos ao se alimentar, cansaço aos pequenos esforços, entre outras. “O que percebi ao longo desses meses é que todos os pacientes vêm com muita dificuldade respiratória, se cansam muito fácil e na maioria dos casos não conseguem levantar da cama devido à diminuição da força muscular por conta dos muitos dias de internação, porém todos eles respondem muito rapidamente ao tratamento, em poucas semanas o ganho de força é perceptível e significante, em um mês após o início da fisioterapia, a maioria retoma suas atividades normalmente. Esses pacientes se beneficiam muito do acompanhamento multiprofissional, já que a doença acomete muitas funções do organismo”, explica Nalim Raposo, fisioterapeuta.

Já Simone Cucolicchio, fonoaudióloga, contou o caso de um senhor hospitalizado durante 31 dias, com uso de ventilação mecânica e sonda nasogástrica, que recebeu alta hospitalar em abril e foi assistido pela equipe multidisciplinar ESF e NASF: “No início ele sentia cansaço respiratório, fraqueza muscular com dificuldade de locomoção, voz fraca e engasgos ao se alimentar, o paciente foi atendido em domicílio pela fisioterapia e fonoaudiologia do NASF, com o objetivo de reabilitar as funções motoras de fala e de deglutição. A recuperação foi gradativa, atualmente o paciente está recuperado”.

Sobre o impacto no estado nutricional que a COVID19 trouxe aos pacientes que se recuperam da doença, Camila Prevelato, nutricionista, explica: “A falta de apetite e a ausência de paladar, são os principais sintomas que interferem no estado nutricional relatados pelos pacientes durante a reabilitação, além disso, muitos apresentaram perda moderada ou excessiva de massa muscular. No entanto, com os cuidados nutricionais voltados a uma alimentação saudável, é possível manter o sistema imunológico em boas condições, observando uma rápida recuperação desses pacientes”.

“A APS é muito importante para atuar no tratamento e recuperação, se tornando presente, vendo os sinais de cada indivíduo, identificando as necessidades dos usuários, entendendo a estrutura de cada um, a individualidade, se adaptando e atendendo o maior número de pacientes para reabilitá-los com qualidade. A sequência do nosso projeto é o ambulatório que será inaugurado, em setembro, só para acompanhamento de pacientes que tiveram COVID19. Sem contar que ainda fazemos acompanhamento dos pacientes em isolamento que não precisaram de internação”, finaliza Nelize Araújo.

APS FORTE - Reabilitação de pacientes após internação por #COVID19 em São Caetano do Sul/SP