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1º Fórum Popular de Saúde para o Enfrentamento da Covid-19 e suas consequências no DF “Juntos no enfrentamento da pandemia”: a experiência na mobilização de plenária popular com a tecnologia digital no DF

O 1º Fórum Popular de Saúde do DF online “Juntos no enfrentamento da pandemia de Covid-19” é uma experiência bem sucedida realizada pelo Conselho de Saúde do Distrito Federal (CSDF), em dezembro de 2020, em parceria com a Plataforma de Inteligência Cooperativa com a Atenção Primária à Saúde (PICAPS) da Fiocruz Brasília. A construção do Plano Popular de Enfrentamento da Covid-19 no DF, com apoio da sociedade civil e com as forças sociais locais, ampliou a comunicação e os espaços de debate, fortalecendo a participação social e a mobilização dos setores da sociedade para atuação conjunta e integrada na diminuição dos impactos causados pela pandemia, com a perspectiva de enfrentamento da Covid-19 a longo prazo.

Também foram realizados cursos de formação em parceria com o CSDF, Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Universidade de Brasília (UnB), entre outros parceiros, como uma das estratégias para ampliar a comunicação e formar agentes multiplicadores para disseminar o conhecimento e a informação sobre a Covid-19 nos territórios.

“O objetivo do plano foi desenvolver estratégias com a participação das comunidades locais para enfrentar a pandemia, com a perspectiva do período pós-pandêmico. Os impactos sociais e econômicos causados pela Covid-19, o desemprego, a fome, a violência, tem contribuído significativamente para o aumento dos problemas psicológicos que vem causando grandes impactos na saúde mental. As restrições impostas pela pandemia evidenciaram ainda mais as desigualdades sociais ao aumentar o desemprego e reduzir a renda dos trabalhadores, atingindo de forma mais severa os trabalhadores informais e os de menor escolaridade. A participação da sociedade civil é importante para unir forças e integrar as ações necessárias para estimular o engajamento da participação social com foco no empoderamento social para fortalecer suas ações, aumentar a capacidade de resiliência da população e influenciar no direcionamento das políticas sociais e de saúde com vistas à redução das vulnerabilidades sociais”, pontuou Sheila Lima, mestre em políticas públicas em saúde e integrante da coordenação do Radar Covid-19 DF da plataforma PICAPS.

Para fortalecer as ações emergenciais nos territórios e reduzir as vulnerabilidades sociais são produzidas e disponibilizadas informações de inteligência, mapas epidemiológicos que possibilitem identificar as ameaças e as oportunidades para redução das incertezas neste momento de crise sanitária. As mudanças sociais, econômicas e sanitárias trazidas pelo cenário pandêmico reforçam a necessidade de uma atuação mais integrada entre a sociedade civil e os profissionais da APS, ressalta o documento..

“O fórum foi uma plenária livre, aberto ao público, divulgado no portal da Fiocruz, nas redes sociais, WhatsApp e nos canais do radar. O evento contou com um público amplo e diverso de participantes, como PICAPS (UnB e Fiocruz), CSDF e SES/DF, movimentos sociais, atores das redes sociais locais (espaços de governança que são estratégicos, professores de saúde, MP, diálogo que abrange todas as dimensões setoriais e diretamente com a comunidade local), proporcionando engajamento na integração dos serviços”, contou Sheila Lima.

A partir do Fórum, foi construído, coletivamente, o Plano Popular de Enfrentamento da Covid-19 no DF, com ações intersetoriais organizadas em seis eixos:

– Fortalecimento e reorganização da Rede de Atenção à Saúde;

– Participação, controle social e organização comunitária;

– Comunicação, informação e produção do conhecimento;

– Formação, educação popular e educação permanente;

– Articulação e fortalecimento de medidas intersetoriais; e,

– Emprego das estratégias da saúde digital.

“Temos um conjunto de ações estruturantes que orientam o planejamento. O desenvolvimento é constante e a mobilização contínua, o plano é construído coletivamente com a sociedade civil, a partir dos diversos atores dos territórios. A maior dificuldade é mobilizar a sociedade civil para incorporar o plano e atuar em torno dele. Os desafios impostos pela Covid-19 reforçam a importância de uma mobilização permanente e a participação social para unir forças e angariar parcerias com outros setores da sociedade. A experiência do Fórum e a construção coletiva do Plano de Ação, com os diversos olhares de pessoas que vivenciam e sofrem cotidianamente os impactos da Covid-19, assim como as dimensões sobre as diferentes realidades, o que possibilita desenvolver intervenções de acordo com as necessidades e especificidades de cada território”, considera Sheila Lima.

 

Sobre os cursos de formação realizados

 

1) Curso de Educadores Populares para a Promoção da Economia Social e Solidária em tempos de Covid-19: pautado nos princípios da economia solidária com o objetivo de ampliar as oportunidades para o desenvolvimento local, por meio de uma economia mais justa e humanizada, com políticas que assegurem o bem-estar da comunidade, em especial das populações vulnerabilizadas. Alternativas de sistemas financeiros que ampliem as oportunidades de investimento e geração de renda para as comunidades, e visa apoiar projetos de implantação da Agenda 2030, voltados à construção de territórios mais saudáveis e sustentáveis.

2) Fundo de Resiliência Solidária: criado para auxiliar pessoas de comunidades com maior vulnerabilidade social que foram severamente afetadas pelos impactos socioeconômicos da Covid-19. O FRS é uma estratégia pensada para apoiar empreendimentos sociais e cooperativos que gerem renda e trabalho para fortalecer comunidades vulneráveis do DF, por meio da arrecadação de fundos a serem reinvestidos nas comunidades com foco na economia solidária.

3) Curso Agentes Populares em Saúde: para formar Agentes Populares de Saúde para desenvolverem ações territoriais de enfrentamento à Covid-19 no DF, e assim contribuir em suas comunidades em uma atuação conjunta com os conselheiros de saúde, estudantes, residentes e trabalhadores da saúde que atuam na atenção básica ou na rede de assistência social do DF; entre outros cursos.

“Embora todos os esforços sejam direcionados na mobilização social e na articulação com os atores sociais das comunidades periféricas do DF para promover uma atuação mais articulada e integrada no enfrentamento da Covid-19, observa-se, ainda, como grande desafio um maior engajamento e envolvimento dos setores da sociedade e também das comunidades para que tenham maior entendimento sobre o contexto e maior corresponsabilidade. Os desafios evidenciados no atual contexto, com o aumento das desigualdades sociais, impõem situações complexas, entre elas, o isolamento social, e as dificuldades de acesso à internet e a dispositivos que permitam maior conexão. Mesmo com os desafios, o Radar de Territórios Covid-19 em parceria com o CSDF, estrategicamente vem desenvolvendo cursos com agentes multiplicadores que geram oportunidades para romper barreiras na mobilização”, pontua Sheila Lima.

Sobre a experiência ser inovadora, Sheila Lima destaca: “Considero a experiência inovadora primeiramente pelo caráter popular dela, como foi construída coletivamente, as demandas vieram mesmo dos territórios, não foi pensado pela gestão, foi feito no âmbito dos territórios. O primeiro plano popular construído juntamente com a sociedade civil e social locais. A inovação está aí, adequação sociotécnica, democratização e apropriação da técnica, tornou a política pública em uma tecnologia social, fazendo com que a política pública seja uma tecnologia social, construída a partir das demandas e necessidades locais, com atores locais”.

 

Experiência

Implementar as ações do Plano Popular de Enfrentamento à Covid-19, ampliar a comunicação e os espaços de debate para fortalecer a participação social e a mobilização de todos os setores da sociedade para atuação conjunta e integrada com as forças sociais locais dos territórios do DF.

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