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Experiências em vigilância comunitária de Niterói/RJ são destaques do Laboratório de Inovação em Vigilância em Saúde e Ambiente

O Laboratório de Inovação em Vigilância em Saúde e Ambiente de Niterói/RJ realizou, nesta sexta-feira, 27 de outubro, a última live, com a participação de cinco experiências inovadoras e exitosas do município de Niterói/RJ, disponível no canal do YouTube do Portal da Inovação. O encontro propiciou o debate e o intercâmbio de conhecimentos sobre as ações de vigilância comunitária em saúde e ambiente das práticas selecionadas pela iniciativa. O LIS-VIG é uma parceria da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil com a Fundação Municipal de Saúde de Niterói/RJ.

“É muito bom esse nosso momento de poder ouvir vocês trazendo outras informações sobre as experiências, eu acho que quando a gente coloca no edital a questão da vigilância comunitária em saúde, a gente está passando um recado do quanto isso é importante. Todos os trabalhos têm esse ponto e ressalta o potencial do território”, comentou a debatedora Silvia Fruet, consultora nacional da OPAS/OMS no Brasil. “Nós temos muito orgulho das experiências vencedoras do LIS VIG, de como são conduzidas, como são debatidas, por isso as trouxemos para este encontro”, ressaltou Lucas Lopes, coordenador do LIS-VIG Niterói.

 

Conheça as experiências apresentadas na live:

 

  • Desafio do lixo: a experiência da praia de Boa Viagem.

Autores: Isabella Seixas, Walkiria Nictheroy Oliveira; Asy Pepe Sanches Neto; Leonardo da Costa Guimarães

Instituição: MACquinho e Associação de Moradores do Morro do Ingá.

 

Em janeiro de 2023, ocorreu o retorno da Colônia de Férias do Macquinho, aparelho cultural localizado no Morro do Palácio, Niterói/RJ. Mais de cem crianças e adolescentes participaram de duas semanas de atividades. Foi produzida por meio de uma parceria entre a Associação de Moradores do Morro do Ingá, o Macquinho e a Universidade Federal Fluminense (UFF) e contou com uma equipe composta tanto por pessoas associadas ao aparelho cultural, quanto por membros da comunidade acadêmica e voluntários da sociedade civil, sobretudo moradores do Morro do Palácio.

“Quando assumimos a gestão, fizemos a colônia de férias para 120 crianças em janeiro, tivemos um passeio para praia de boa viagem e vimos a necessidade da limpeza da praia, que faz muito parte da comunidade do Palácio, onde muitos pescadores e marisqueiros trabalham na praia, também ambulantes de coco, vários serviços são oferecidos ali. Fizemos toda uma orientação do porquê não jogar lixo e cuidar da praia. Para além da coleta, outro objetivo foi trazer a conscientização e aguçar a curiosidade deles de saber mais sobre a importância da conscientização ambiental”, comentou Isabella Seixas, uma das autoras do projeto.

Segundo o relato, embora o objetivo inicial da colônia fosse criar um espaço de sociabilidade e oferecer recreação às crianças da comunidade e do entorno, durante as primeiras reuniões da equipe, chegou-se à conclusão de que as atividades de recreação e as gincanas deveriam incorporar discussões e/ou práticas relevantes à educação ambiental, à saúde e à história. O projeto criou ferramentas para que os jovens da comunidade aprendam a lidar com os problemas que enfrentam em suas rotinas. Proporciona o debate sobre sustentabilidade, saúde coletiva e as práticas políticas e comunitárias, unindo a comunidade acadêmica com a comunidade pesqueira e marisqueira da região e a associação de moradores local. “Os jovens da comunidade são o foco, porém, essa aproximação também é benéfica à comunidade acadêmica, pois os conecta aos problemas reais que ocorrem praticamente ao lado dos muros da Universidade”, afirmam os autores.

 

  • O Rolê da Vacina: ampliação da cobertura vacinal entre adolescentes e jovens no bairro da Ilha da Conceição.

Autora: Michele Soltosky Peres; Gerson da Silva; Elisa Maria de Brito Gomes; Alessandra Carla dos Santos Cavalcante.

Instituição: UFF (Universidade Federal Fluminense) e FESAÚDE (Fundação Estatal de Saúde de Niterói) através do Módulo Médico de Família (MMF) Ilha da Conceição Dr. Ruy Carlos Decnop Celia Sanchez.

 

A experiência foi desenvolvida a partir da parceria entre a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Bem TV e o Módulo Médico de Família (MMF) Ilha da Conceição. O projeto educativo e artístico com adolescentes comunicadores e comunitários do bairro da Ilha da Conceição, Niterói-RJ, debateu a questão da hesitação vacinal, da necessidade de ampliar as coberturas vacinais para essa faixa etária por meio de rodas de conversas, oficinas e gincanas nas escolas do bairro sobre a temática, identificação de lideranças jovens na comunidade, além de atividade formativa sobre a vacinação e evento cultural com atualização da caderneta, construído junto com a juventude do território.

Após todas as etapas realizadas e com a colaboração das escolas, foi conduzida uma atividade formativa e cultural, o Rolê da Vacina, na quadra da comunidade e os jovens foram convidados a participar. “O bairro inteiro aderiu ao evento, foram quase 400 pessoas circulando a tarde inteira, tivemos a participação dos jovens das escolas, a gente foi atrelando a questão em saúde, da cobertura vacinal, mas também, sinalizando que é possível pensar em uma saúde ampliada, desenvolver atividades prazerosas, que façam sentido, e que tenham a identidade e o perfil dos jovens como protagonistas para mobilização e incidência política nos diferentes cenários”, destacou Michele Soltosky, uma das autoras do projeto.

A iniciativa tem como principais objetivos, envolver os jovens, aproximando-os da realidade sobre saúde pública, incentivar a vacinação entre eles, e passar informações seguras, garantindo o protagonismo para o autocuidado e o cuidado coletivo na comunidade. Segundo a autora, o retorno dos jovens foi excelente, o interesse no assunto aumentou e a participação também.

  • Arte Culinária na Atenção Psicossocial.

Autora: Rosângela Moreira; Marcos Portugal; Letícia Bottino; Clara Lobo; Marcos Murtha

Instituição: Hospital Psiquiátrico Jurujuba (HPJ).

 

O projeto Arte Culinária iniciou em 2022 como uma prática clínica terapêutica vivenciada no formato de oficinas realizadas na cozinha experimental do serviço de nutrição do Hospital Psiquiátrico de Jurujuba. Nasceu da necessidade dos pacientes em terem atividades terapêuticas para explorarem as suas habilidades culinárias e/ou maior espaço de convivência em um ambiente acolhedor externo às enfermarias, além da promoção de hábitos alimentares saudáveis com resgate da cultura alimentar local e afetiva.

“A gente sabe, desde sempre, da potência que é, principalmente na saúde mental, a culinária como instrumento clínico, e as oficinas também, são instrumentos muito importantes. Contamos com uma equipe multidisciplinar, que faz toda a diferença, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, terapeuta ocupacional e estudantes de nutrição na disciplina de saúde coletiva. A nossa escolha foi, inicialmente, porque os insumos que tínhamos lá, cascas, sementes, talos, todas as partes dos alimentos que são nutritivas, mas são descartadas no cotidiano, resolvemos fazer uso disso para desenvolver e capacitar os pacientes para uma culinária sustentável e saudável. A cozinha é um espaço acolhedor, de encontros, onde compartilhamos tempo e experiência. Para gente da saúde mental, fortalece muito a formação de vínculos de afeto”, considerou Rosângela Moreira, uma das autoras do projeto.

A autora ressaltou, ainda, o quanto a cozinha é um espaço muito inclusivo, que permite, inclusive, que aquele que não goste de culinária, também tenha seu espaço nos serviços de apoio e possa desenvolver uma capacitação para trabalhos de limpeza, de roupeiro, garçom, uma infinidade de possibilidades. Desta forma, o projeto como empreendimento econômico para geração de renda está em consonância com as diretrizes da Reforma Psiquiátrica e da Economia Solidária.

 

  • Aplicativo Alerta DCNIT.

Autor: Walace Medeiros;Renata da Silva Teixeira; Eric Almeida de Oliveira; Candido Talim Bugarin; Nathalia da Silva Henrique de Moura

Instituição: Secretaria Municipal de Defesa Civil e Geotecnia.

 

 O aplicativo Alerta DCNIT é uma ferramenta idealizada e desenvolvida pela Secretaria Municipal de Defesa Civil e Geotecnia de Niterói/RJ, disponibilizado para a população do município, com o objetivo de mantê-la informada sobre as condições do tempo, possuindo como função principal o envio de alertas geolocalizados, como: chuvas intensas, ressacas, condições de umidade relativa do ar, ventos intensos, temperaturas extremas e risco de fogo em vegetação. Além disso, a população pode se manter informada sobre os estágios da cidade, assim como, a previsão do tempo, tendo acesso aos dados em tempo real de diversas variáveis meteorológicas do município.

“É um aplicativo que a gente utiliza na defesa civil para divulgar informações sobre eventos extremos na cidade para que as pessoas possam se antecipar e se prevenir. A gente utiliza diariamente para passar informação para a população sobre como as mudanças meteorológicas podem afetar e impactar a saúde e o bem-estar. A gente divulga bastante pelo app, por exemplo, aviso de umidade relativa do ar, que afeta muito a população, a gente manda com avisos, as orientações para as pessoas se hidratarem, evitarem se expor ao sol, usar umidificador em casa, para minimizar os danos que podem causar na saúde das pessoas”, explicou Nathalia Moura, uma das autoras do projeto.

A ferramenta oferece, também, informações como: a localização e status das sirenes (se alguma encontra-se acionada ou não) e a localização e status dos pontos de apoio (se encontram-se abertos ou não). O aplicativo conta também com uma interface de interação com os voluntários, onde os mesmos são comunicados sobre eventos. Segundo o relato, o objetivo do aplicativo é a comunicação com a população de forma rápida e eficiente, principalmente em situações de possíveis riscos.

 

  • Práticas coletivas na Gestão do cuidado à Saúde da População Quilombola no território adscrito do MMF Engenho do Mato.

Autora: Viviane Teixeira da Costa; Mirian Machado Martins Assunção; Patricia Barboza de Almeida Schwambach

Instituição: FeSaúde – MMF Engenho do Mato.

 

O principal objetivo do projeto é reestabelecer o vínculo com única comunidade Quilombola de Niterói, podendo ofertar acesso à saúde, acolher as necessidades sociais, construir vínculos, assegurar ações em vigilância em saúde, além da troca de saberes dos costumes e tradições da comunidade Quilombola com os profissionais do MMF Engenho do Mato. “Começamos a ver o que poderíamos oferecer para ampliar o acesso da comunidade dentro da estratégia”, conta Viviane Costa, uma das autoras do projeto.

Segundo Viviane Costa, o primeiro passo foi conhecer o território e conhecer mais sobre a comunidade Quilombola, que fica próxima a unidade de saúde. “Tínhamos uma dificuldade da comunidade entender o quê poderíamos ofertar para eles. Mas com a chegada da equipe, com a readequação do processo de trabalho, podemos potencializar a ação das enfermeiras dentro da linha de cuidado da estratégia e conseguimos ampliar a oferta do serviço”, explicou Viviane Costa, uma das autoras do projeto.

 A ação promoveu promoção da saúde, prevenção de doenças e oferta de ações em vigilância em saúde. A estratégia auxilia na valorização do fortalecimento da comunidade Quilombola, trabalhando as suas potencialidades.

 

De Niterói para 17a Expoepi

Para representar o LIS-VIG Niterói na 17a ExpoEpi, a maior mostra nacional de vigilância em saúde promovida pelo Ministério da Saúde, três experiências participarão do evento com apresentações no estande da OPAS/OMS Brasil e emmesas redondas. A Expoepi ocorre entre 7 a 10 de novembro, no Centro Internacional de Convenções de Brasília, com as inscrições abertas em http://expoepi.saude.gov.br/about

  1. Rede de Jovens Comunicadores – Comunicação, Educação, Vigilância Popular em Saúde.
  2. Aplicativo Alerta DCNIT.
  3. Práticas coletivas na Gestão do cuidado à Saúde da População Quilombola no território adscrito do MMF Engenho do Mato.

 

Para acompanhar as atividades do LIS-VIG, acesse www.apsredes.org/lis-vig.

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