APSREDES

Claunara Schilling Mendonça

Para falar sobre o papel da Atenção Primária à Saúde (APS), a médica e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Claunara Shilling Mendonça, explica sobre a importância do primeiro nível de atenção neste momento de emergência sanitária e fala como está funcionado uma unidade docente de saúde em Porto Alegre.

Portal da Inovação – Quais os principais desafios da epidemia de COVID-19 para os gestores municipais, especialmente, sobre a organização da APS?

[quote style=’1′ cite=”]“Não vamos vencer essa epidemia pensando e organizando apenas em aumento de leito de UTI e respiradores. A APS no Brasil tem papel fundamental tendo em vista estarmos dentro de um sistema universal, presente e com capilaridade em todos os municípios brasileiros,”[/quote]

defende a médica e pesquisadora da UFRGS, Claunara Shilling Mendonça. Para ela, o gestor municipal precisa organizar a porta de entrada da UBS. “A UBS precisa organizar os fluxos e separar os sintomáticos respiratórios leves que vão ser atendidos pelas equipes de saúde da família dos demais usuários da unidade, com protocolos, fluxos e EPIs disponíveis e profissionais treinados. Esses profissionais devem atuar em rodízio tanto para evitar e diminuir o período de exposição como também para reduzir a utilização de EPIs tão escassos no país”, explica a médica. Outra questão fundamental para a médica com larga experiência na gestão na APS é sobre a organização da rede de serviços. 

“Quando esses profissionais (da APS) tiverem casos intermediários ou de síndromes gripais graves, eles deverão encaminhar esses pacientes para os centros de referência de Covid-19. Portanto, os municípios que ainda não estão em transmissão comunitária tem um período de duas semanas para organizar a sua rede de urgência, eventualmente aqueles que não estão no SAMU, e organizar o fluxo para aqueles pacientes que deverão necessitar do nível secundário e as equipes deverão conhecer esse fluxo e serem treinadas sobre como encaminhar esse paciente para atenção hospitalar”, alerta.

Portal da Inovação - Como está se desenvolvendo a resposta da APS em Porto Alegre?

A resposta para a pandemia de Covid-19 da Unidade Docente Assistencial, da Unidade Básica Santa Cecília, vinculada ao hospital de Clínicas de Porto Alegre se deu em três estratégias paralelas. A primeira foi a organização do fluxo dos sintomáticos respiratórios que eram recebidos em uma ala especial, do lado de fora da unidade para triagem. Com a redução do fluxo de usuários na UBS como todo, após as medidas de isolamento social, a UBS se organizou para atender os pacientes que não são sintomáticos respiratórios mas que precisam ter a saúde assistida, e para estes casos foram utilizados o tele monitoramento e o tele atendimento por telefone. Por ultimo, a UBS se organizou para  encontrou no território a população mais vulnerável, mas sem contato com a UBS, como os moradores de rua e aqueles que foram incluídos no cadastro emergencial que receberiam a ajuda do governo federal.