APSREDES

A construção dos subconjuntos da CIPE para a Atenção Primária à Saúde (APS) a partir dos protocolos clínicos de enfermagem

Com a adoção de diretrizes clínicas e protocolos de atendimentos de enfermagem na Atenção Primária à Saúde (APS) da capital catarinense, que proporcionou o aumento de consultas na rede pública de saúde, a assistência prestada está sendo monitorada por meio do uso da Classificação Internacional para o Processo de Enfermagem (CIPE). Desde 2014, a terminologia CIPE permitiu identificar 640 diagnósticos e resultados de enfermagem e 429 intervenções que expressam as possíveis práticas guiadas pelos protocolos clínicos de enfermagem adotados pela secretaria municipal.

Desde quando esse processo foi iniciado, a Secretaria Municipal de Saúde já publicou seis volumes, sob a nova terminologia CIPE, referentes aos seguintes protocolos:  hipertensão, diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares; Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e outras doenças transmissíveis de interesse em saúde coletiva (dengue e tuberculose); saúde da Mulher na APS; atendimento à demanda espontânea do Adulto; atenção à demanda de cuidados à Criança; cuidado à pessoa com ferida.

A escolha da CIPE deve-se ao fato de ser uma tecnologia de informação que proporciona a coleta, o armazenamento e a análise de dados de enfermagem em uma variedade de cenários, linguagens e regiões geográficas, no âmbito nacional e mundial. A terminologia contribui para que a prática dos profissionais da enfermagem seja eficaz e responsável, sobretudo, ao dar visibilidade à enfermagem na geração de dados sobre saúde. No âmbito mundial, a terminologia consolida-se como um sistema unificado da linguagem de enfermagem, capaz de comunicar e comparar dados entre diversos contextos, países e idiomas.

A necessidade e a vontade de utilizar um vocabulário mundial padronizado para o registro da prática dos profissionais da enfermagem da SMS de Florianópolis levou em consideração também a necessidade de reconhecer a profissão como protagonista do cuidado e geradora de conhecimento prático e científico. A ferramenta escolhida para estruturar subconjuntos terminológicos de diagnósticos e intervenções de enfermagem é utilizada, especialmente, no uso dos Protocolos Clínicos de Enfermagem na rede pública municipal.

Fonte – Informações cedidas pelos autores.

A CIPE contém termos distribuídos em seus eixos para a composição de diagnósticos, intervenções e resultados de Enfermagem, conforme a área de atuação do profissional. Dessa forma, a sistematização da linguagem é capaz de proporcionar a comunicação entre os pares, comparar os dados de enfermagem entre os diferentes contextos, auxiliar na tomada de decisão do profissional, no raciocínio clínico do enfermeiro, no desenvolvimento de políticas públicas de saúde, na geração de novos conhecimentos, na promoção de um cuidado qualificado e na garantia de mais instrumentos para a segurança do indivíduo. Os subconjuntos terminológicos da CIPE formam um conjunto de enunciados de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem, direcionados a determinadas condições de saúde, especialidades de saúde ou contextos de cuidados de enfermagem, que vão ao encontro das necessidades da prática de cuidado na APS.

O estudo foi desenvolvido em etapas. Inicialmente, foi feito o mapeamento de termos e conceitos relevantes para a prática de Enfermagem relacionada aos Protocolos Clínicos de Enfermagem. Em seguida, foram elaboradas afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem com base no catálogo CIPE, com os conceitos pré-coordenados. Na falta de um conceito pré-coordenado na CIPE, que traduzisse a realidade local, a comissão construía diagnóstico e/ou intervenção novos respeitando a estrutura categorial da CIPE. Para validar esses diagnósticos e intervenções foram realizados dois testes “pilotos” com profissionais da assistência.

O primeiro, realizado em 2016, contou com a participação de 69 enfermeiros somente da APS, distribuídos em 22 unidades de saúde. Foram observados os três diagnósticos mais comuns: “Dor”; “Integridade da pele prejudicada” e “Tosse”. Do segundo piloto, ocorrido em 2020, participaram 23 enfermeiros da APS e da média complexidade, observando-se o uso dos seguintes diagnósticos de enfermagem: “Comportamento de busca à saúde”; “Dor”; “Ferida crônica”; “Abuso de tabaco” e “Diarreia, aguda”.

Por fim, o grupo piloto da CIPE, formado por enfermeiros assistenciais da SMS e chancelado pela opinião de uma enfermeira expert no tema, validou essas afirmativas de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem construídas pela Comissão Permanente de Sistematização da Assistência de Enfermagem (CSAE). 

https://www.youtube.com/watch?v=8jpz3WviJWU

https://www.youtube.com/watch?v=24nCU3dMlwo

Depois de seis anos de trabalho, fica evidente que essa prática pode ser replicada em diversos ambientes, associada ou não ao uso de protocolos clínicos institucionalizados. A terminologia CIPE na APS assegurou a longevidade e institucionalidade dessa forma de registro e raciocínio clínico. O desenvolvimento da validação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem pelos denominados pilotos foi um desafio ao exigir a participação voluntária dos profissionais.

A coleta e a compilação dos dados exigiram a colaboração de todos para a unificação do banco de dados, até então armazenado em diferentes plataformas. Neste momento, a SMS está diante de um novo desafio: levar o banco de dados para o Sistema de Registro Eletrônico (prontuário eletrônico), possibilitando o uso na prática clínica e estendendo as informações a todos os enfermeiros da rede municipal.

Ficha Técnica: A CONSTRUÇÃO DOS SUBCONJUNTOS DA CIPE® PARA A ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) A PARTIR DOS PROTOCOLOS CLÍNICOS DE ENFERMAGEM

Valorização da Enfermagem

Gestão do trabalho com foco na valorização do profissional de enfermagem

Ana Maria Bim Gomes
Ana Carolina Severino da Silva
Milena Pereira
Karina Mendes Garcia

Na Atenção Primária à Saúde (APS), por meio da ampliação do acesso e da prática clínica, as atribuições dos profissionais de Enfermagem estão voltadas à promoção de saúde, prevenção e tratamento de agravos e reabilitação da saúde dos indivíduos e comunidade realizados de maneira interdisciplinar e multiprofissional.
Primando pela melhoria do atendimento à população no campo da saúde pública, o Enfermeiro, enquanto agente de transformação social, busca a organização e operacionalização do seu processo de trabalho a partir da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), determinada pela resolução COFEN 358/2009. A SAE, a partir de métodos, diretrizes, normativas, instrumentos orientativos, torna possível a operacionalização do Processo de Enfermagem. Este é um instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional e a documentação necessária da prática, tornando evidente a contribuição da Enfermagem na atenção à saúde da população.

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