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Brasil apresenta experiência exitosa no Seminário “Salud territorial desde los gobiernos locales” no Chile

O Seminário “Salud territorial desde los gobiernos locales” começou nesta quinta-feira, 8 de setembro, contextualizando o projeto com pensamentos críticos sobre a saúde, a história da saúde primária no Chile, o modelo de saúde territorial Comuna de Recoleta, o caminho da Medicina Ancestral realizada por mulheres do Vale de Aconcagua. A representante brasileira, Cristiane Martins Pantaleão, Secretária Municipal de Saúde de Ivaiporã/Paraná e Vice-Presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), apresentou, virtualmente, a experiência “Saúde territorial a partir da realidade do Brasil”, destacou o trabalho do CONASEMS nos municípios brasileiros, apresentou o Sistema Único de Saúde (SUS), como funciona a rede de atenção à saúde,  e em seguida, falou sobre a experiência exitosa do município de Ivaiporã/Paraná, como a criação da Estratégia Regional para fortalecimento da rede de atenção primária e secundária para municípios de pequeno porte, que resultou em um maior suporte para atender as necessidades destas populações.

 

Experiências de saúde territorial do Equador, Venezuela e Cuba, também foram apresentadas. O projeto é organizado pelo “Departamento de Salud de Recoleta” e pela “Universidad Abierta de Recoleta”, por meio do seu “Instituto de Discapacidad, Inclusión y Cuidados (IDIC)”. O seminário segue nesta sexta-feira (9/9) com programação durante todo o dia, acesse aqui.

 

Cristiane Martins Pantaleão, além de destacar o trabalho do CONASEMS nos municípios brasileiros, pontuou: “O CONASEMS tem buscado estratégias para levar as experiências para fomento em outras regiões do Brasil, fazemos projetos de fortalecimento da regionalização, escuta ativa da APS, sempre escutando as necessidades de saúde de todos os municípios brasileiros”. Na sua fala, apresentou os princípios e diretrizes do SUS e contextualizou como o SUS é organizado e como funciona a rede de atenção à saúde, a Atenção Primária (APS) como base de sustentação, sendo a porta de entrada do sistema para a atenção especializada de média e de alta complexidade, e como os processos de trabalho são organizados de acordo com os territórios e cada realidade local.

 

A Secretária Municipal de Saúde de Ivaiporã/Paraná e Vice-Presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) falou sobre a experiência exitosa do município de Ivaiporã, como a criação da Estratégia Regional para Fortalecimento da Rede de Atenção Primária e Secundária para municípios de pequeno porte, resultou em um maior suporte para estas populações. O município conta com 100% de cobertura de atenção básica, dois hospitais filantrópicos de referência, com Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), sendo que um deles tem UTI Neonatal, e sete hospitais de pequeno porte. Além de um consórcio intermunicipal de saúde para atenção especializada e ambulatório de feridas, também conta com o SAMU regional.

 

As equipes são multiprofissionais, e foi criado um ambulatório para atendimento de acordo com classificação de risco, com acolhimento, regulação, apoio, supervisão, plano de cuidado, educação permanente e contrarreferência. Os indicadores de saúde da região auxiliam no monitoramento dos municípios.

 

Roberto Bermúdez, médico e expositor da Venezuela, destacou alguns antecedentes do país, entre 2013 e 2018, para contextualizar a situação atual, como o bloqueio econômico de 46% da importação de medicamentos na Venezuela, prejudicando o acesso a antibióticos, insulinas, entre outros. “O segundo seria o terrorismo, sabotagem e ataques armados a hospitais e centros de saúde, com violência aos profissionais de saúde, baseado em preconceitos por parte dos fascistas. E, por último, a pauperização do salário, êxodo dos profissionais, erros na condução do processo, derrubada do Estado (que segue em resistência), foi fundamental o apoio da missão médica cubana (atenderam venezuelanos), não foi o Estado que salvou a situação, foi a resposta popular da sociedade: agregação política voluntária de conselhos”, pontuou Bermúdez.

 

“Fundamos uma Comuna, em 2018, com a mesa comunal de saúde, formado pelas forças de saúde, que são escolhidas democraticamente, são sete conselhos que integram a mesa. A mesa estabelece prioridades, o que é mais urgente, e as formas de gestão para ter princípios estabelecidos. Algumas ações foram desenvolvidas como: nutrição, medição antropométrica e casa de alimentação; vacinação (epidemiologia popular); farmácia comunal (autogestão e internacionalismo); consultórios e atenção médica (co-gestão); saúde sexual e reprodutiva. O Sistema Comunal de Salud (2018-2022) tem co-gestão em saúde baseado na autogestão, relação mais profunda entre a comunidade e o profissionais da saúde nas decisões sanitárias, maior preparação, aumentos substantivos em eficácia e eficiência dos planos do governo central, melhorando as condições objetivas da saúde da população. Efetivamente, o modelo sempre vai resultar em melhorias para a saúde da população”, explicou Roberto, finalizando com a seguinte reflexão: “Sempre lembrar que não vamos melhorar a saúde de ninguém, se não mudarmos o sistema político que nos dirige”.

 

A experiência do Equador, apresentada por Miguel Vinueza, médico de Atenção Primária em Saúde, destacou: “Um povo sem saúde seria um povo sem evolução, não teria progresso”. Sobre o Sistema de Saúde equatoriano, Vinueza explicou ser formado pelos setores público e privado, “O MSP, o Ministério da Inclusão Econômica e Social e os Serviços de Saúde das Municipalidades entregam serviços de atenção à saúde para a população não assegurada, que não possuem renda fixa e/ou estão sem emprego. As instituições de segurança social representadas pelo Instituto equatoriano de segurança social que inclui o Seguro Social Campesino, o Instituto de Segurança Social das Forças Armadas, o Instituto de Segurança Social da Policía, cobrem a população assalariada”.

 

Segundo o médico, o Sistema Nacional de Saúde se estruturou para fortalecer a APS. A saúde pública abarca os habitantes não assalariados, desempregados, informais, essa população tem o suporte do ministério da saúde, para que sejam atendidas sem nenhum custo, aproximadamente 51% da população. Por outro lado, os que têm maiores condições e podem ter um seguro, contam com estabelecimentos para atender seus afiliados, aproximadamente 20% com emprego formal. O objetivo é garantir o acesso universal à saúde da população a todos os serviços de saúde estruturados em uma rede pública sem custo.

 

“A gestão do governo atual lutou muito para recuperar a institucionalidade do Estado que se viu diminuída como produto das políticas neoliberais. Perdemos conquistas que resultaram em perda de médicos, ficamos com menos profissionais, instabilidade de trabalho, muitas complicações… Na pandemia, o Estado estava praticamente um caos, foi um descalabro total, não se deu a devida importância à saúde. A verdade é que o nosso país teve sérios problemas em respeito ao que foi o início da imunização contra Covid-19”, considerou Vinueza.

 

No Equador, serviços comuns de APS têm postos de saúde separados por tipos. O Tipo A é voltado para uma população de 2 mil até 10 mil habitantes, com atenção integral à medicina familiar, promoção e recuperação da saúde, prevenção de doenças, atividades de participação comunitária, cuidados paliativos e saúde dental. “Integram a equipe de saúde: médico, enfermeiro, odontologista, técnico de saúde, outro profissional de saúde e um administrativo. São postos modernos em que se pode ver o investimento de recursos. O tipo B cobre uma população de 10 mil a 25 mil habitantes, atende uma maior população e tem mais profissionais na equipe. Além das especialidades do posto tipo A, tem psicologia, nutrição e trabalho social. O Tipo C, atende de 25 mil a 50 mil habitantes, tem o atendimento mais ampliado, com reabilitação, ginecologia e pediatria, maternidade, laboratório clínico, exames de imagem básicos, atende parto e urgências”, explicou o médico.

O Sistema também conta com serviços de saúde secundária e terciária, com hospitais básicos clínicos com atenção clínica e cirúrgica, mais especialistas como fisioterapeutas, anestesiologistas, e que resolve casos de menor complexidade e direciona para contrarreferência. O Hospital Geral conta com especialidades básicas e sub-especialidades, unidades de diálises, unidade de trauma, atenção básica de queimadas, resolve as referências recebidas das unidades de menor complexidade e direciona à contrarreferência.

Confira a transmissão completa de hoje no Canal da Universidade Aberta do Chile, no YouTube:

 

Para mais informações, acesse: https://www.uar.cl/seminariosalud/

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