O Brasil aderiu à iniciativa HEARTS em cerimônia realizada na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Brasília, que contou com a presença do ministro da saúde, Marcelo Queiroga. Trata-se de uma estratégia internacional para a melhoria da saúde cardiovascular na Atenção Primáriaà Saúde (APS).
O termo “HEARTS”, além de significar “coração” em inglês, é um acrônimo que reúne os seis pilares da iniciativa:
H – Hábitos saudáveis
E – Evidência (protocolos clínicos baseados em evidências)
A – Acesso a medicamentos, tecnologias e insumos
R – Risco (manejo de risco cardiovascular)
T – Trabalho em equipe (equipes multidisciplinares)
S – Sistema (indicadores padronizados para avaliação de resultados)
Composta por sete módulos e um guia de implementação, a estratégia apresenta arcabouço técnico que auxilia ministérios da saúde de diversos países a fortalecerem o manejo das doenças cardiovasculares (DCV), como hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) na Atenção Primária. Os módulos também estão alinhados ao pacote de intervenções essenciais para doenças não transmissíveis (PEN, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ou seja, a iniciativa HEARTS tem potencial para qualificar o atendimento à população com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na APS por meio da organização de diretrizes e do apoio à implementação de linhas de cuidado voltadas aos agravos e seus fatores de risco, como a promoção da alimentação saudável e da atividade física e a redução da prevalência do tabagismo e do consumo de álcool.
O contexto da pandemia reforçou a importância de o Brasil aderir à iniciativa, já que demonstrou a necessidade de fortalecer os sistemas de saúde de todo o mundo, com foco na Atenção Primária – que, no caso do Brasil, tem grande capilaridade, com mais 48 mil equipes em todo o território nacional, e promove o acesso dos pacientes ao Sistema Único de Saúde (SUS). Com relação às DCNT, o desafio é manter estável o acompanhamento da população com essas doenças, que correspondem a 72% da mortalidade no País, e da atenção a essas pessoas frente à covid-19, já que podem ter maior vulnerabilidade ao vírus.
Os módulos que compõem a iniciativa HEARTS destinam-se tanto a elaboradores de políticas públicas quanto a gestores de programas em diferentes níveis dos ministérios que sejam capazes de influenciar a prestação de serviços relacionados com o manejo das DCV na Atenção Primária. Ainda está prevista a realização de estudos pilotos, que servirão para a revisão da metodologia de adaptação aos protocolos locais bem como dos processos de avaliação das ações propostas.
A iniciativa se propõe a ser um modelo integrativo para o enfrentamento das doenças cardiovasculares e, até 2025, será a referência de manejo de risco das DCV (HAS, DM e dislipidemia) na APS nas Américas e no mundo. Entretanto, considerando a diversidade do País, a ideia é, também, reconhecer os avanços e singularidades de cada território – o Brasil, por exemplo, tem a Estratégia Saúde da Família como modelo reconhecido internacionalmente pela redução da mortalidade por AVC e por doenças cardiovasculares em municípios com cobertura de Saúde da Família superior a 70%.
Para que a implementação da estratégia no Brasil seja adequada, será realizado alinhamento com as políticas nacionais, com base em evidências e no foco à qualidade e aos resultados, a partir da colaboração entre o grupo técnico da Opas e a equipe do Departamento de Promoção à Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Depros/Saps) do Ministério da Saúde.
Para acessar a página da iniciativa, disponível em inglês e em espanhol, clique aqui.
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